O centenário grupo do Crato reúne no disco "Sou Tronco, Sou Raiz" o repertório cantado de suas apresentações
O
pífano é a principal voz na música centenária que os mestres da Banda
Cabaçal dos Irmãos Aniceto propaga. A definição por banda de pífano
deixa claro que é essa essência. Não exclui, embora menos conhecido, um
repertório tão rico e tradicional quanto, em que, dialogando com os
pífanos, as danças e a marcação de pratos e zabumba, estão os cantos dos
mestres.
É
sobre as composições cantadas que o grupo se debruça no seu mais
recente disco, "Sou Tronco, Sou Raiz", o terceiro de sua discografia. O
disco reúne gravações ao vivo e em estúdio, feitas entre 2004 e 2009, e
ainda um registro com a antiga formação, de 1999, com participação do já
falecido mestre João Aniceto.
Outra pérola é a parceria entre o
grupo cearense e o flautista Carlos Malta, com versão ao vivo, gravada
em Brasília. Ao todo, são 16 faixas, lançado pelo selo Casa da Memória
Equatorial, do músico Calé Alencar, que acompanha os Aniceto desde o
primeiro lançamento.
"Os outros dois discos têm um repertório
mais instrumental. Resolvemos aproveitar o material que se tinha,
mostrando esse perfil cantado. Demos importância a esse fato deles
contarem histórias nas apresentações", explica Calé, sobre o recorte
feito.
O disco reúne sete músicas efetivamente letradas, com
versos reproduzidos no encarte. Além, delas, que ocupam as sete
primeiras faixas, foram incluídas algumas instrumentais, alguns deles
com contação de estórias em meio aos temas e danças das apresentações.
Gravações
Em
uma aula de composição, ouvir os sons da natureza, é uma lição
essencial a ser passada. Cabe ao bom compositor retirar dela - do
universo ao seu redor - o insumo de sua arte. No contexto da banda dos
Aniceto, essas palavras ganham uma visualidade surpreendente, tamanha a
proximidade de seus, se não criadores, portadores.