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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DECISÃO DA ANATEL TERÁ EFEITO LIMITADO NO CEARÁ.

Encontrar "orelhões" funcionando é difícil no Interior, portanto, a gratuidade do serviço poderá ser ineficaz


Em Iguatu, há pouco uso dos "orelhões", situação igual a outras cidades FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Iguatu Os telefones públicos, popularmente conhecidos por "orelhões", foram reduzidos nas cidades do Interior. Pelo menos, essa é a sensação que os moradores têm. Permaneceram em algumas praças e ruas movimentadas, próximos a instituições públicas. Em um ritmo mais acentuado, caiu o uso desses aparelhos por parte da população, que prefere o telefone celular, que se generalizou nos últimos anos.

Em decorrência da irregularidade de ofertas dos telefones públicos, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nesta semana, puniu a empresa de telefonia Oi. A medida punitiva prevê ligações gratuitas locais de orelhões para telefones fixos até o fim deste ano. Em todo o Brasil, serão atingidos pela medida 2.020 Municípios. No Ceará, são 178 cidades.

Na região Centro-Sul do Ceará, Iguatu, Icó, Quixelô, Acopiara, Cedro, entre outros Municípios, foram incluídos nessa relação. Mas, como os moradores podem ser beneficiados se há dificuldades em encontrar os telefones públicos? Por outro lado, houve redução de telefones fixos residenciais. Dessa forma, a medida punitiva da Anatel terá efeito limitado.

O jornaleiro Aldemir Balbino, conhecido por "Lourinho da Banca", disse que praticamente ninguém usa os dois orelhões instalados na Praça da Matriz, um das principais áreas públicas de lazer da cidade de Iguatu. "É muito raro uma pessoa usar", contou. "Até os cartões telefônicos a gente não consegue localizar para comprar para revenda".

A reportagem indagou dez pessoas que trabalham no Centro de Iguatu em proximidades de telefones públicos, e todos afirmaram que raramente observam um usuário. "Passa mais de dia sem uma pessoa usar esse aparelho", disse o servidor público estadual Francisco Ferreira Lima. "As pessoas danificam e o aparelho sempre está quebrado", denuncia.

O lavador de carros Alberto dos Santos apresenta observação semelhante. "Dificilmente eu vejo uma pessoa usar esse telefone. Serve para chamar um pessoal de uma casa aqui próxima que sempre recebe ligação de parentes", disse.

A aposentada Francisca Cazé de Souza costuma fazer ligações de orelhões. "Acho melhor que celular, mas quase sempre esse aparelho está quebrado", lamentou. O aparelho ao qual ela se refere fica em frente à Delegacia da Mulher. Mesmo assim, é danificado com regularidade.

Os bibliotecários Genivaldo Barbosa e Soraia Magalhães, que trabalham na Biblioteca Pública Matos Peixoto, em Iguatu, são outros que confirmam que nunca viram ninguém usar o orelhão instalado na calçada da unidade. "Eu trabalho aqui há cinco anos, mas poucas vezes vi alguém telefonando desse aparelho", contou.

Em desuso
Na cidade de Quixelô, a comerciária Cláudia Ribeiro também esclarece que o uso de telefones públicos não é mais acentuado. "Hoje, todo morador tem um celular. Antes, as pessoas reclamavam muito quando o aparelho estava quebrado, mas agora poucos se queixam porque quase ninguém usa mais".

O comerciante José Ribeiro, de Icó, acha que a decisão da Anatel vai trazer poucos benefícios. "Os telefones fixos ainda existem nas lojas porque os de casa foram trocados por celulares", observou. "Por dia, umas duas pessoas e não mais do que isso usam o orelhão".

De acordo com resolução da Anatel, desde o ano passado, devem existir quatro telefones públicos para cada grupo de mil habitantes, por Município. O telefone deverá funcionar mesmo sem o uso de cartão. Caso os usuários coloquem o cartão telefônico em um aparelho incluído na medida, não deverá gastar os créditos. Por determinação da Anatel, a empresa Oi terá que manter em seu site uma lista atualizada das cidades onde orelhões ofertarão ligações gratuitas para a população local.

A Assessoria de Imprensa da Oi afirma que não houve redução do número de telefones públicos, mas aumento. De acordo com a empresa, nos últimos 13 anos, a quantidade de orelhões em serviço no Ceará quase que dobrou: passou de aproximadamente 28 mil aparelhos, em 1999, para cerca de 40 mil neste ano. A Oi informou que, nos oito primeiros meses de 2012, foram danificados, por atos de vandalismo, em média, 9% dos 40 mil orelhões instalados no Ceará. Em igual período, a companhia realizou a substituição de cerca de 250 aparelhos (campânulas) por mês.

Ainda de acordo com a Oi, a empresa recebe solicitações de reparo de consumidores e entidades públicas por meio do canal de atendimento pelo número 103 31. As informações recebidas sobre orelhões danificados contribuem para que a empresa repare os danos provocados pelo vandalismo.

Nas cidades de Jucás e Cariús, o pouco uso de telefones públicos permanece semelhante a outros centros urbanos. "Antes, as pessoas usavam muito, para ligar para parentes que moram em outros Estados", observou o comerciante Almir Lopes. "Nos fins de semana, a utilização era mais frequente para ligar ou receber chamada, mas agora com a generalização dos celulares, os orelhões têm pouca utilidade". Lopes disse que, ontem pela manhã, tentou fazer uma ligação local, gratuita, mas teve êxito. Ele reclamou também do elevado índice de aparelhos quebrados, sem possibilidade de uso.

O Diário do Nordeste, anteontem e ontem, trouxe reportagens sobre a medida adotada pela Anatel contra a empresa Oi e a repercussão que obriga a empresa a liberar os telefones públicos para ligações gratuitas locais para fixo.

Em 1999, apenas 1.397 localidades do Ceará possuíam telefones públicos. Mas, somente em 2003, as empresas de telefonia foram obrigadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a atender todos os pequenos distritos com 200 ou 300 habitantes.
Mais informações:
Empresa de Telefonia Oi
Telefone: (85) 3131 9066
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
Site: www.anatel.gov.br
fonte:DN Online/camocim belo mar blog

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