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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

'SOMHO DE FAZER LETRAS', DIZ FAXINEIRA E POETISA QUE VAI PRESTAR ENEM NESTE FIM DE SEMANA.

 

Aos 63 anos, Maria das Dores quer estudar letras.
Esta é a primeira vez que ela faz a prova.


“Eu amo escrever. Escrever é a minha vida”, diz a faxineira e poetisa Maria das Dores de Souza Costa, de 63 anos, que vai fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste sábado (3) e domingo (4) em Alfenas (MG). Mãe de sete filhos, ela tem oito netos e é também chamada de ‘Vovó do Enem’, pois tem um sonho: fazer faculdade de letras. “Quero me sentar em uma sala de aula e aprender mais sobre a nossa língua portuguesa”, diz a candidata.
Maria das Dores é faxineira, poetisa e sonha em estudar letras (Foto: Rodrigo de Souza Costa/ Arquivo Pessoal)Maria das Dores sonha em estudar letras (Foto: Rodrigo de Souza Costa/ Arquivo Pessoal)
Desde que se formou no 3º ano do ensino médio, que cursou com muita dificuldade, economizando o dinheiro que ganhava como tecelã, ela sonha com a formação superior.
Enquanto não consegue ingressar na universidade, a faxineira dedica o tempo livre ao que mais gosta de fazer: escrever.
Rodeada por livros e cadernos, ela gosta de escrever sobre meio ambiente, sustentabilidade e histórias infantis. Inspiração não falta para ela. “Faço pelo menos um texto por dia, seja poesia ou crônica. Eu gosto é de relatar o cotidiano. Há alguns dias, eu escrevi cinco textos. Agora, o que me falta é aprender a transcrevê-los com mais rapidez para o computador”.
“Faço pelo menos um texto por dia, seja poesia ou crônica. Eu gosto é de relatar o cotidiano"
Maria das Dores
faxineira e poetisa
Em Minas Gerais, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), 653.074 pessoas fizeram a inscrição para a prova. Mesmo sem ter feito curso preparatório, Maria das Dores estuda por uma apostila emprestada e não esconde o otimismo. “Eu vou me sair bem na prova porque gosto de escrever e sempre fui boa aluna. Parei de estudar há 40 anos, mas me mantenho atualizada. Meu único medo é poetizar dentro da redação, que pede um texto dissertativo”, comenta.

Maria das Dores revela que não tem seguido rotinas de estudo e comportamentos, como uma parte dos candidatos da prova do Enem. “Eu nem sabia que poderia concorrer. Meu genro é que me incentivou e me ajudou com a inscrição. Agora vou fazer a prova durante o sábado e domingo e torcer para ter uma boa nota e entrar na universidade”, conta.

A poetisa, que queria ter feito magistério, cursou o ensino técnico de contabilidade. Hoje ela divide o tempo entre escrever, trabalhar e cuidar dos netos, a quem adora contar histórias. “Eu mesma crio as histórias para eles e eles adoram, sempre pedem para eu repetir as histórias. Eu tento colocar sempre uma lição de vida, falando sobre a importância da honestidade e do amor ao próximo”.
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Essa habilidade rendeu a ela, no passado, uma participação em um livro coletivo. Com o texto ‘Lamento’, que fala de um amor não correspondido, Maria das Dores integrou a obra ‘Antologia poética das cidades brasileiras’ em 1985.

Agora, ela espera deixar as poesias e histórias infantis um pouco de lado, caso obtenha pontos suficientes no Enem para garantir uma vaga na Universidade Federal de Alfenas (Unifal). “Eu quero estudar. Não vejo a hora. Apesar da minha idade, sonho com isso e como faço do otimismo um estilo de vida, acredito que vou conseguir”, finaliza.fonte:g1 sul de minas/camocim belo mar blog

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