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sábado, 1 de dezembro de 2012

CRÍTICA DE CINEMA:GONZAGA-DE PAI PRA FILHO,BRENO SILVEIRA.


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(Fonte: Reprodução/Divulgação)



















Um emocionante filme genuinamente brasileiro


fonte | A A A
Após o sucesso de 2 Filhos de Francisco, o diretor Breno Silveira decidiu não mais fazer biografias. Essa decisão, tomada em meio a chusma de propostas biográficas que surgiram depois do filme, foi alterada quando o diretor teve contato com as 15 horas de gravação em K-7 onde Gonzaguinha entrevista seu pai, Luis Gonzaga.
É justamente sob essa perspectiva, do conflito entre pai e filho, que o filme é construído. Nessa entrevista, reproduzida no filme, o filho já maduro parece entusiasmado com a possibilidade de conhecer o pai, que sempre foi distante, apesar de ter provido financeiramente o garoto ao longo da vida. “Quando sua mãe morreu, minha vida virou do avesso”. Com essas palavras, Gonzagão busca justificar a sua distância, e o fato de haver deixado o filho para ser criado por um casal amigo, enquanto fazia suas turnês pelo Brasil.
O filme possui um ar de superprodução, e realmente funciona ao aliar a fotografia estilo retrô, uma direção de arte cuidadosa, com as músicas fabulosas destes dois gênios genuinamente brasileiros. A alternância entre diálogos emocionantes e a exibição de paisagens, que fazem com que o filme respire, é determinante para tornar fluida a narrativa, catalisada ainda por cenas de arquivo, de diferentes texturas, que contribuem para tirar o aspecto asséptico encontrado nas produções desse tipo, que visam chegar ao grande público.
Um outro fator notável do filme é a sua capacidade de produzir climas: existem grupos de cenas, potencializadas pela música, que transportam cuidadosamente os sentidos do espectador ao longo destas duas trajetórias, do pai e do filho. A verossimilhança da interpretação — com destaque para o não-ator Chambinho do Acordeon, escolhido entre cerca de 5 mil pessoas para interpretar Luis Gonzaga, além de Júlio Andrade, que cria uma espécie de reencarnação de Gonzaguinha —, é essencial para o sucesso do filme. Apesar de uma série de cenas que primam pela emoção, em nenhum momento temos a sensação de que o filme fica piegas, ou extrapola o limite da naturalidade.
A possibilidade de conhecer melhor as músicas de Luis Gonzaga e Gonzaguinha, um artista também excepcional, além de suas vidas absolutamente interessantes, é um presente do filme. Ele nos mostra o universo do sertão nordestino, a cidade de Exu, em Pernambuco, além do Morro do São Carlos, e o Rio de Janeiro antigo, tudo muito bem reconstituído, e feito com absoluto cuidado.
A visão de um universo mais popular, algo que poderia mostrar uma série de preconceitos, é feita de uma forma honesta, que só enaltece o universo do Rei do Baião. A gênese dos personagens, que muitas vezes cai na ingenuidade emocional-popularesca em filmes que buscam o apelo popular, também é feita aqui de forma cuidadosa, no sentido de compor bons diálogos e uma sólida narrativa.
Há o destaque para a parte do filme, que reproduz a história de Gonzagão, quando ele ensina um frentista e um anão, pessoas que nunca tiveram contato com instrumentos, a tocar em um dia para realizarem um show acompanhando o cantor. Seria um mito? Aqui, a fronteira entre o imaginário e o real se perde nessa história mítica de um nordestino que lutou para conquistar o Brasil com o seu talento, e de um filho que luta a todo instante para ganhar a amizade de seu pai. Fora o raro prazer de assistir a um grande filme sem precisar ler as legendas!fonte:Opinão e noticias/camocim belo mar blog

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