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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

FAZENDA EM BRASÍLIA-DF:PREVILEGIA O BEM-ESTAR NA CRIAÇÃO DE PORCOS.


Bem-estar dos animais é cada vez mais exigido pelo mercado. 
Porcas prenhes ficam soltas e têm mais conforto para esperar os leitões.

Do Globo Rural/camocim belo mar blog

Como criar os animais que nos alimentam ou prestam serviço, sem usar violência ou práticas cruéis? Essa é uma exigência cada vez mais frequente no mercado e uma fazenda de criação de porcos em Brasília passou a adotar um sistema que dá conforto e liberdade às porcas prenhas.
A vida inteira dentro de gaiolas, sem espaço para se virar, sem ter o que fuçar, só dá para deitar e levantar. Ali mesmo elas são inseminadas e passam os 120 dias da gestação comendo, bebendo água e defecando.
De tão grandes, algumas ficam com a pata para fora e acabam desenvolvendo escaras. Confinar porcas durante a gestação foi a maneira encontrada por produtores do mundo todo para aumentar a produtividade das matrizes.
Os porcos, por natureza, são animais sociais, gostam de viver em grupo de seis a 10 indivíduos. Formam hierarquia definida, com a eleição de quem manda e quem obedece. Se o grupo não estiver bem estabelecido, costuma ter briga, por isso, separar com grades, aparentemente resolve o problema.
Se comparada com a criação onde os animais ficam soltos, a gaiola facilita o manejo. É mais simples, por exemplo, fazer o controle de cio e determinar a quantidade de alimento de cada uma.
Por muito tempo, acreditou-se que movimentar-se provocava aborto, mas pesquisas mostram que matrizes em condições de confinamento podem ter estresse crônico e isso leva a problemas de comportamento, fisiológicos e sanitários. Os animais até produzem dentro do esperado, mas podem não estar tão bem assim.

A veterinária Júlia Neves, mestre em comportamento e bem-estar animal do Instituto Federal de Brasília, avalia três aspectos sobre as condições dos animais. “Uma delas é o comportamento natural dele, o outro é a fisiologia desse animal, como quantos leitões por gestação. A outra seria a psicologia do animal. É importante observar a qualidade de vida que esse animal está tendo no sistema de produção escolhido. Animais frustrados, por exemplo, vão demonstrar alguns comportamentos anormais ou repetitivos, já que ele não tem nada para fazer nesse sistema em gaiola, ele só deita e levanta, bebe água e come”, completa.
A Fazenda Miunça, na zona rural de Brasília, tem uma produção conceituada, já tradicional no mercado, com 26 anos. Dois terços do plantel de 3,8 mil matrizes são criados em gaiolas, da forma convencional, mas uma reclamação das mulheres da família do dono da fazenda Rubens Valentini fez com que ele testasse, há dois anos, um novo método com parte das matrizes.
“Começou com um certo desconforto familiar da minha mulher e filhas com relação às porcas presas o tempo todo. Mais recentemente houve a disponibilidade de equipamentos a preços competitivos e eu achei que seria a hora. Nós também atenderíamos uma tendência de mercado, que já existe em outros países e que fatalmente vai chegar no Brasil”, declara Valentini.
O sistema funciona assim: a baia coletiva é subdividida em várias baias menores, chamadas de baias de fuga. No centro fica a máquina de alimentação automatizada. É instalado um comedouro automatizado para cada 80 fêmeas. O segredo da criação coletiva é não deixar que os animais tenham que disputar comida.
As matrizes chegam com 120 dias e precisam passar por um treinamento. Cada matriz recebe um chip na orelha, que armazena as informações individuais. As matrizes passam o tempo todo no galpão coletivo e formam seus grupos naturalmente até a hora do parto, quando vão para gaiolas de parição, iguais às do sistema convencional, afim de evitar o esmagamento dos leitõezinhos. Nos cantos das baias de fuga elas dormem e saem na hora de ir ao banheiro, por isso, o lugar de dormir e descansar está sempre limpo.
Quando querem comer é só ir para a máquina. Cada porca pode passar o tempo que quiser lá dentro, mas assim que a porção total de ração destinada a ela for consumida, o prato é recolhido. Uma porca sai e outra entra. Os veterinários e nutricionistas fazem os cálculos e o programa define quanto cada uma pode comer.
Montar uma granja nova, com gestação coletiva, representa um aumento entre 9% e 12% no custo de construção das instalações, mas o investimento vale à pena.
A nova experiência está agradando a fazenda. A média de nascimentos em um ano ficou igual, tanto no sistema convencional quanto no coletivo, foram 15 leitões por fêmea, mas os leitõezinhos da gestação coletiva nasceram maiores, em média, com um 1,5 kg. No sistema tradicional, a média foi de 1,380 kg.
Confira o vídeo com a reportagem completa e confira outras vantagens do sistema e o que está fazendo a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, para passar a técnica para o maior número possível de produtores
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