Vanessa Andrade condenou a violência presente nos protestos.
Para ela, morte mostrou que existe 'grupo assassino' nas manifestações.
A filha de Santiago Andrade, cinegrafista da TV Bandeirantes que morreu na segunda-feira (10) após ter sido atingido na última quinta (6) por um rojão durante um protesto no Rio de Janeiro, conversou nesta sexta-feira (14) com o repórter Pedro Bassan, em entrevista ao Jornal Nacional. Vanessa Andrade condenou a violência nas manifestações e disse que a morte do pai não vai ser em vão.
Vanessa herdou do pai a paixão pelo jornalismo. A intenção de nunca ficar na frente das câmeras talvez tenha sido influência dele também. Mas hoje ela decidiu aparecer, determinada a trabalhar desde já para que o nome de Santiago Andrade não seja esquecido.
Ela conta que sempre achou ele muito feliz no trabalho e que estava em um momento profissional importante pela idade e pela carreira consolidada. “Ele sempre quis mostrar muito para o mundo: ‘olha o que está acontecendo aqui’. Ele se sentia parte daquilo também. Tanto da alegria quanto do sofrimento da outra pessoa.”
Segundo Vanessa, ele se sentia como um mensageiro da informação, dando a chance para as pessoas verem as coisas. “Infelizmente, mataram o mensageiro, porque é o trabalho dele levar pra quem estivesse em casa informação.”
“A arma do meu pai era a câmera, os caras usam bomba. Olha a diferença nisso, tem um peso muito grande. Meu pai não estava ali para ferir ninguém. O cara estava lá com uma bomba para atirar”, disse Vanessa.
“Eu agora tenho uma mãe para cuidar, eu tenho uma vida pra continuar, eu tenho todo um futuro que, em algum momento, adiei qualquer coisa achando que meu pai iria estar aqui, e não vai estar mais”, afirmou.
Para ela, a situação serviu para que as pessoas soubessem que existe um grupo envolvido nas manifestações que não pode ser apoiado “porque é um grupo assassino". “Meu pai foi mais uma vítima da violência desse grupo que já vem quebrando banco, que já vem quebrando a rua, que já vem destruindo tudo”, disse. “Quem está lá diz ‘poxa, é legal, pelo menos eles estão fazendo barulho’. Não, não é, porque quem paga sou eu, quem paga é quem está lá.”
Caminho da paz
“A gente tem que procurar buscar o caminho da paz, o caminho da conversa, não é quebrando rua, ônibus, carro, viatura da polícia, não é desse jeito que vai conseguir. Se for dessa forma, eu, cidadã, não quero um grupo desse protestando pelo meu direito”, disse.
“A gente tem que procurar buscar o caminho da paz, o caminho da conversa, não é quebrando rua, ônibus, carro, viatura da polícia, não é desse jeito que vai conseguir. Se for dessa forma, eu, cidadã, não quero um grupo desse protestando pelo meu direito”, disse.
Vanessa também criticou a presença de manifestantes mascarados nos protestos. “Como é que eu vou acreditar em alguém que não mostra o rosto?”, questionou. “Para ser dessa forma, que se pense outra forma de reagir. Porque desse jeito, com violência, com tumulto, com quebra-quebra não é o jeito certo. Foi meu pai hoje, mas pode ser qualquer outra pessoa.”
Questionada sobre se ela acha que a morte do pai foi em vão, ela disse que não. “Não foi em vão e eu não vou deixar passar. Eu prometi ao meu pai, na morte dele, no momento em que eu estava com ele na cama: ‘pai, não vai ficar assim, o seu nome não vai ser esquecido, eu não vou deixar’.”
A partir de agora, Vanessa pretende defender o fim da violência. “Não acho que é a violência que vai resolver a situação do nosso país e meu pai foi assassinado de uma forma muito violenta e brutal para todo mundo ver. Então eu não quero que isso seja esquecido.
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