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terça-feira, 11 de março de 2014

AVIÃO DESAPARECIDO EXPÕE FALHA NO CONTROLE DE PASSAPORTES ROUBADOS.



Check-in na Malaysia Airlines (AFP)
Voo desaparecido da Malaysia Airlines tinha dois passageiros com passaportes roubados
A vulnerabilidade do controle de passaportes em aeroportos internacionais virou tema de debate após a descoberta de que dois passageiros do voo MH370 - que desapareceu misteriosamente após decolar da Malásia, no último final de semana – estavam usando documentos roubados.
Ainda que até o momento não haja nenhuma evidência de que os dois passageiros tenham conexão com o desaparecimento do avião, a Interpol (polícia internacional) adverte que o caso evidencia uma séria falha de segurança.

Os passageiros foram identificados como Pouria Nour Mohammad Mehrdad, 18, e Delavar Seyed Mohammadreza, 29, ambos iranianos.As autoridades malaias confirmaram que os dois passageiros compraram suas passagens ao mesmo tempo, usando passaportes roubados de um austríaco e um italiano na Tailândia.
Mehrdad havia reservado passagens de Pequim a Amsterdã e de lá para Frankfurt, na Alemanha, onde acredita-se que ele pretendia pedir asilo.
Como ambos estavam em um voo de conexão (de Kuala Lumpur a Pequim), eles não precisavam de um visto chinês - uma mudança recente de protocolo nos aeroportos chineses dá aos passageiros em trânsito 72 horas para fazer seu voo de conexão.

Checagem insuficiente

A Interpol diz que os dois passaportes constavam de seu banco de dados de Documentos de Viagem Roubados e Perdidos (SLTD, na sigla em inglês) e que o aeroporto malaio e a companhia aérea Malaysia Airlines não fizeram as checagens adequadas.
"É claramente preocupante que qualquer passageiro tenha conseguido embarcar em um voo internacional usando um passaporte roubado e listado no banco de dados da Interpol", disse o secretário-geral da agência, Ronald Noble.
"Se a Malaysia Airlines e todas as companhias aéreas do mundo conseguissem checar os dados dos passaportes de seus passageiros com esse banco de dados, não estaríamos especulando se passaportes roubados podem ter sido usados por terroristas a bordo do MH370."
Apesar de a busca pela identidade dos dois iranianos parecer ter sido uma distração na investigação sobre o sumiço do MH370, a reviravolta num incidente que já é considerado misterioso deixou clara a falta de coordenação entre empresas aéreas, aeroportos e Interpol.

Frustração

Fotos de iranianos que acredita-se que estivessem em voo que sumiu
Até o momento, tudo indica que roubo de passaportes distraiu investigação sobre avião
A Interpol criou sua base de dados de documentos de viagem roubados ou perdidos após os ataques de 11 de Setembro nos Estados Unidos. Hoje, a base contém 40 milhões de registros.
Mas a organização está cada vez mais frustrada com o fato de "apenas alguns poucos países" usarem o sistema e disse no ano passado que passageiros conseguiram embarcar muitas vezes sem ter seus passaportes checados.
A base de dados está disponível para os 190 Estados-membros da Interpol, mas só três deles – Estados Unidos, Reino Unido e Emirados Árabes – a usam sistematicamente.
É responsabilidade de cada país integrar essa base de dados aos seus procedimentos de segurança. E, apesar de a informação poder ser usada gratuitamente, Noble diz que sua instalação custa algumas dezenas de milhares de dólares.
Com tantos passaportes perdidos em circulação, não é a primeira vez que alguns deles surgem em meio a uma tragédia aérea.
Em 2010, quando um avião da Air India Express ultrapassou os limites da pista da cidade de Mangalore, na Índia, e bateu, matando todos os seus 158 passageiros, os investigadores descobriram que dez deles estavam viajando com documentos roubados ou falsos.
Mesmo que esses documentos sejam usados com mais frequência por quem busca asilo em outro país, imigrantes ilegais e pessoas envolvidas em crimes, eles também já foram usados por extremistas no passado.
Ramzi Yousef, o mentor da explosão de uma bomba no World Trade Center em 1993, viajou para os Estados Unidos com um passaporte roubado, enquanto Milorad Ulemek, que assassinou o presidente e o primeiro-ministro da Sérvia em 2003, usou um passaporte perdido para cruzar 27 fronteiras antes de ser capturado.

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