Vistorias devem ser feitas a cada seis meses e os caminhões passam por fiscalização para saber se no pipa não existem ferrugem ou vazamentos e se a manutenção do veículo está em dia
Uma vistoria feita pela Defesa Civil de Campina Grande, no Agreste do estado, a 125 quilômetros de João Pessoa, detectou que três dos quatro caminhões pipas que fazem a distribuição de água em comunidades rurais do município não conseguiram o selo para continuar abastecendo porque os tanques continham ferrugem e estavam com vazamentos.
Em outro município do estado, Caraúbas, na região do Cariri, a 258 quilômetros de João Pessoa, o prefeito denunciou que foram notificados dois casos de hepatite nas áreas em que o abastecimento está sendo feito por caminhões pipas.
O problema foi levado ao Ministério Público e é investigado pelo promotor da Comarca do município de São João do Cariri, José Bezerra Diniz. As suspeitas são de que a água distribuída seria retirada do rio Paraíba e poderia estar contaminada.
Os casos registrados alertam para que vistorias regulares sejam feitas a fim de evitar que água contaminada chegue até as populações que já sofrem com o desabastecimento provocado pela escassez de chuvas. Na Paraíba, são 170 municípios que continuam em estado de calamidade pública e parte da população ainda depende do abastecimento feito através dos carros pipas.
Apesar da Paraíba sofrer uma redução de cerca de 600 veículos de convênio com o Estado que foi suspenso pelo Governo Federal no início do ano, as cidades contam ainda com o abastecimento feito através do Exército e das prefeituras municipais.
As vistorias tanto para analisar a qualidade do serviço prestado pelos proprietários de caminhões pipa, quanto em relação à qualidade da água levada aos moradores devem ser feitas pelas Defesas Civis dos municípios. No caso do Exército, essa inspeção é feita pela Corporação.
O coordenador da Defesa Civil de Campina Grande, Ruiter Sansão, explicou que as vistorias devem ser feitas a cada seis meses e os caminhões passam por fiscalização para saber se no pipa não existem ferrugem ou vazamentos, se a manutenção está em dia, observando-se até as condições dos pneus. "O caminhão tem que ter inclusive em local visível letreiro identificando como água potável, para que não seja confundido ou utilizado para outra finalidade", informou.
Outra preocupação de quem faz a fiscalização diz respeito à qualidade da água a se consumida. "No nosso caso, em Campina Grande, a água é fornecida pela Cagepa, portanto já é água potável e de qualidade para o consumo". Ruiter Sansão disse, ainda, que as cisternas que receberão a água também são analisadas para saber se elas estão limpas para não contaminar a água.
O coordenador da Defesa Civil de Campina informou que no município, existem 98 cisternas cadastradas pelo Exército e são acompanhadas pelo órgão. Elas são abastecidas a cada 15 dias.
"As prioridades são as áreas rurais em que há escolas e postos de saúde e ainda comunidades como assentamentos. No total são cerca de 2 mil pessoas beneficiadas com a distribuição de água", revelou.
Ruiter Sansão acrescentou que em algumas localidades, a população idosa é muito grande e como eles não têm condições físicas de estarem manipulando baldes pesados, foram instaladas bombas, mas esse equipamento não é recomendado, pois facilita a contaminação e o desperdício.
Investigação
No município de Caraúbas, o promotor que investiga denúncias de distribuição de água contaminada através de caminhões pipas, José Bezerra Diniz, informou que irá ouvir ainda esta semana o prefeito da cidade e pedir a relação dos caminhões pipas conveniados, com as placas e os nomes dos proprietários.
Ele informou, ainda, que através de convênio com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), irá solicitar uma perícia para saber se a água contaminada veio do local de coleta ou se ela foi contaminada no caminhão pipa, no momento do transporte.
O promotor disse, ainda, que irá solicitar da Secretaria Municipal de Saúde, os dados estatísticos sobre os casos de hepatite no município. José Bezerra disse, ainda, que foi informado que parte da água distribuída na cidade de Caraúbas estaria vindo do manancial do município do Congo que tem capacidade para 69 milhões de metros cúbicos e está com apenas 9 milhões, ou seja, 14% da capacidade de acúmulo de água. Outra parte estaria sendo coletada do rio Paraíba. "Como essa água coletada do rio não é tratada, há risco dela ser a fonte da contaminação", analisou.
José Bezerra tem um prazo de 60 dias para concluir as investigações e disse que pedirá providências ao Governo do Estado quanto à questão do fornecimento de água tratada à população do município.
Recursos somam 58 milhões
De acordo com dados do Portal da Transparência foram repassados para as defesas civis dos municípios R$ 58 milhões desde o início do período da seca, para entre outras ações, a distribuição de água potável através de carros pipas para as populações dos municípios que sofrem com a falta de água.
Na Paraíba, o município que mais recebeu recursos federais foi o de Pombal, no Sertão, a 371 quilômetros de João Pessoa, com R$ 1 milhão e 170 mil. Em seguida está o município de Umbuzeiro, no Agreste e distante 147 quilômetros da Capital, que recebeu R$ 686 mil. Os próximos municípios que aparecem como maiores recebedores de recursos são Solânea, na região do Curimataú, a 130 quilômetros de João Pessoa, com R$ 553 mil e Paulista, no Alto Sertão, a 410 quilômetros da Capital, com R$ 534 mil.https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2556864432713944326#editor/target=post;postID=2116060448996539244
Nenhum comentário:
Postar um comentário