Delegado afirma que foi pressionado a abrir processo contra policiais militares que declararam voto em "candidato de oposição". Governador diz que exoneração foi solicitada pelo secretário da Segurança.
Recém-exonerado do comando da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública do Estado, o delegado Santiago Amaral Fernandes afirmou ao O POVO que foi demitido por se recusar a instaurar processos contra policiais militares que declararam voto em “candidato de oposição” ao governo.
“Agora, com as eleições, vinha sendo pressionado a instaurar processos contra policiais por declararem voto a candidato de oposição. Não admiti isso, o que entendo ser uma verdadeira caça às bruxas.
Então, tendo recusado perseguir esses profissionais, acabei recebendo a notícia ontem (quinta) de que estou exonerado do cargo”, escreveu Santiago ao O POVO, sem identificar o candidato em questão. A exoneração foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial do Estado.
Santiago assumiu em 2011 a função de controlador-geral adjunto da CGD. Com a saída do então controlador-geral, Servilho Paiva, para assumir a Secretária da Segurança, em setembro de 2013, Santiago ascendeu à chefia da CGD, órgão que apura a responsabilidade disciplinar dos servidores da polícia judiciária, de policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários.
“Infelizmente, esse episódio mostra que a CGD não é um projeto pronto e acabado. Ainda tem um longo caminho a percorrer pra se tornar uma secretaria de estado com atuação institucional, isenta de interferências”, acrescentou o delegado.
“Deixo o cargo com a consciência de quem cumpriu a missão com zelo, coragem e responsabilidade, sem favorecer indevidamente, e nem perseguir ninguém. Empenhei-me ao máximo em ser o mais imparcial e justo possível nas decisões”.
Sequelas na PM
Santiago disse que, como cidadão e profissional da polícia (é delegado da Polícia Federal há quase 20 anos), vê “com bastante preocupação” o rumo que está tomando a segurança pública do Ceará no aspecto institucional.
“E não só no período eleitoral, mas principalmente as sequelas que ficarão dessa fratura exposta num importante segmento da segurança pública, que precisa de comando com liderança e legitimidade, com competência técnica e autoridade moral”, afirmou Santiago, referindo-se à PM.
Questionado, Cid Gomes afirmou ontem à noite que a saída de Santiago foi solicitada por Servilho Paiva antes da eleição, por desobediência a uma ordem do secretário.
“Ao que me consta, ele (Servilho) teria pedido ao controlador, já sabendo de boatos, de movimentações, que ele permanecesse em Fortaleza, e ao que me consta ele teria viajado no período”, disse Cid. A CGD tem status de secretaria, não sendo subordinada à pasta da Segurança.
O POVO tentou ouvir Servilho, mas ele não atendeu às ligações.
(colaborou Renato Sousa)
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