ADEUS BOLAÑOS
Folhapress | CBM
Celebração é marcada por músicas, fantasias e bordões dos personagens de sucesso do mexicano
A despedida de Roberto Bolaños foi marcada pela precensa massiva de fãs que trajavamantenas do Chapolin, gorros do Chaves e bonecos dos personagens criados pelo ator, roteirista e produtor mexicano de TV neste domingo (30), no estádio Azteca, na Cidade do México. Bolaños morreu na última sexta (28), em Cancún, aos 85 anos, após anos sofrendo com problemas respiratórios.
O público recebeu o corpo de Bolaños de pé e gritando "Se vê /Se sente /Chaves está presente". Segundo a Televisa, que organizou a homenagem, 40 mil pessoas compareceram ao evento, número contestado por jornais locais, que apontam, no máximo, 20 mil pessoas na arena.
Em um primeiro momento, o público tomou as arquibancadas inferiores do estádio, que tem capacidade para 100 mil pessoas. Na arena, eram vistas bandeiras do Brasil, da Costa Rica e de outros países da América Latina, onde as produções de Bolaños foram fenômenos televisivos. Em um determinado momento, o sinal da rede brasileira SBT foi transmitido nos telões, com a apresentadora Eliana exibindo cenas do cortejo do corpo até o Azteca.
Horas antes da abertura dos portões do estádio, fãs cantavam músicas, como "Que Bonita a sua Roupa", e repetiam bordões criados pelo ator. Muitos deles, segurando rosas, gritavam: "E agora, quem poderá nos defender?", para receber do público a resposta uníssona: "Eu, o Chapolin Colorado!".
O tatuador Ernesto Torres, 40, um dos primeiros da fila para entrar no estádio, chegou ao local às 6h da manhã. Embora seus dois filhos sejam fanáticos pelo Chapolin, Torres diz se identificar mais com Chaves, porque, como o personagem, ele foi abandonado pelo pai. "Bolaños era a companhia quando minha mãe saía para trabalhar", conta.
Pelos mesmos motivos, Veronica Camacho, 33, chorava muito ao falar de Bolaños. Segurando o neto de 2 anos e acompanhada do filho, de 12, ela define o ator como um "conforto para a dor". "Sou uma refugiada. Tinha família, mas faltava um pai, um carinho, um presente", declara.
Fantasias
Diferentes gerações de fãs compareceram à homenagem. O pequeno Javier, 3, neto de Eduardo Resa, 46, circulava fantasiado de Chaves, com um triciclo igual ao do personagem e uma mamadeira com chá. A única peça que destoava no visual era uma mochila com desenhos da animação "Carros". Ao ser abordado pela reportagem, a mãe do garoto lhe pediu para imitar as formas caricatas de chorar dos personagens Quico, Chiquinha, Nhonho e, claro, Chaves, o que ele fez de maneira quase automática.
Já Lydio Espriella, chamava a atenção ao distribuir cambalhotas vestido como Chapolin Colorado e falando o bordão: "Sigam-me os bons!". Espriella se tornou corredor há pouco mais de 5 anos e diz competir sempre com a fantasia do personagem.
Muitas pessoas deixaram buquês de flores no centro do símbolo do time de futebol mexicano América, pintado no chão, logo na entrada do estádio, time para o qual Bolaños torcia. Após um pequeno atraso, a missa foi rezada em homenagem ao ator no estádio. O tom solene e sisudo da cerimônia, com cantorias líricas, acabou afastando o público durante o evento, que durou pouco mais de 1 hora, e pouco combinava com alegria e simplicidade, marcas que Bolaños deixou por meio de seus personagens.
O final, porém, foi emocionante. Crianças vestidas com a roupa do Chapolin cantaram uma música preparada para a ocasião e soltaram pombas brancas. Por fim, um grupo mariachi tocou uma canção mexicana ao lado do caixão, que foi levado para fora do gramado e percorreu toda a extensão do campo, carregado nos ombros por 6 homens vestidos de preto, seguidos pela legião de pequenos Chapolins que não paravam de gritar "Chesperito! Chesperito! Chesperito!". Florinda Meza, esposa do ator, soltou a última pomba e ainda relembrou os tempos como Dona Florinda, ao afastar o câmera que registrava a cena nos mesmos moldes como tratava Seu Madruga.
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