Durante sua gestão como governador do Ceará, Cid Gomes pediu para professores trabalharem “por amor” durante greve, reprimida de forma violenta pela Polícia Militar
O burburinho sobre o nome de Cid Gomes (Pros) para assumir o Ministério da Educação durante o segundo mandato de Dilma Rousseff foi confirmado, por meio de nota oficial da presidente, na última terça-feira (23). O fato também foi reiterado durante discurso do cearense nos seus últimos atos como governador do Estado, em sessão na Assembleia Legislativa, simultaneamente.
As razões para a nomeação são fortes. Governador de 2007 a 2014, Cid sempre se mostrou um aliado político leal a Dilma. O desempenho positivo do Ceará no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) durante a sua gestão no Estado também pesou na escolha. Em 2005, a nota dos estudantes cearenses no Ideb era de 2,8. Em 2013, essa taxa alcançou os 5 pontos. Mas nem tudo foram flores na relação do governador com a educação.
Um dos episódios mais emblemáticos de sua gestão aconteceu em frente ao mesmo palco do anúncio de Cid como futuro ministro, a tribuna da Assembleia Legislativa, em Fortaleza. Uma manifestação de professores, durante greve em 2011, foi violentamente reprimida pela Polícia Militar e ganhou projeção em todo o País.
A crise entre o chefe do executivo do Ceará e os funcionários estaduais da Educação piorou com a declaração feita por Cid Gomes, ainda na Assembleia Legislativa. “Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado. Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”, retrucou o político na época, apesar de negar a autoria da frase posteriormente.
“Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”.
A atuação de Ferreira Gomes, incluindo seu irmão Ciro Gomes, diante das universidades estaduais conta pontos negativos, conforme a secretaria do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), Gardênia Baima. “A Uece [Universidade Estadual do Ceará] reiteradas vezes paralisou as atividades em greves. Talvez tenha faltado mais negociação, o redimensionamento do financiamento para que a educação não esteja sempre nas cotas das despesas, mas de investimentos”.
O novo cargo, inclusive, já pode começar envolto de uma relação conflituosa com o corpo docente federal, posiciona-se a secretaria da Sindiute. “O primeiro desafio vai ser o de tentar o piso nacional dos professores, que tem como data base janeiro”.
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