"MINHA CASA, MINHA VIDA"
fonte:dn/cbm
Sobral. Mais de cem funcionários terceirizados da empresa Bom Jesus, que presta serviço para a Direcional, empresa responsável pela construção das três mil casas do programa "Minha Casa, Minha Vida", em Sobral, se reuniram, na manhã de ontem, defronte à entrada da obra, para cobrar, principalmente, o pagamento dos salários atrasados. Eles se queixaram, ainda, da alimentação estragada e terem sido despejados do alojamento pago pela empresa.
De acordo com a auxiliar de serviços gerais Suely Alvez Muniz, o seu salário está atrasado há dois meses e 18 dias. Ela recebe, ou deveria estar recebendo, R$1.100,00. Mãe solteira de um adolescente de 13 anos, Suely garante que, na verdade, nunca recebeu esse valor integral.
"Eles colocavam várias faltas que nunca ocorreram. Pela manhã, viemos trabalhar. Tudo correu normalmente. Em casa, no horário de almoço, recebemos o comunicado de que não precisaríamos voltar para o turno da tarde, pois todos estavam dispensados. Antes, oito mulheres tinham recebido aviso prévio, embora não tenha sido pago. Mas nós, nem isso", disse. Suely é uma das 17 mulheres que foram demitidas sem aviso prévio.
Além das auxiliares, serventes, pintores e outros funcionários também passaram pela mesma situação. Uma das trabalhadores estava de licença-maternidade, situação em que não poderia ser demitida. Suely, designada como porta-voz das mulheres, afirmou que a reivindicação é apenas que se pague o que é devido, pois há 20 dias eles tentam negociar com a empresa. "Sempre tem uma história de que vão depositar com dois dias úteis, mas isso nunca acontece. Nós queremos uma solução o mais rápido possível".
O servente Bernardo Amaral, natural do Maranhão, também está com o salário atrasado. Além do mais, ainda está sendo despejado de um alojamento que deveria ser pago pela empresa e sem poder se alimentar direito, pois as quentinhas oferecidas, por vezes, estão azedas.
"Na nossa casa de três quartos, recebemos os colegas que já foram despejados, ficando cinco, seis em cada quartinho. O Ministério do Trabalho já fez uma vistoria e multou a empresa pelas condições precárias que nos deixaram, sem geladeira e sem ventilação".
O Ministério Público do Trabalho esteve no local, na manhã de ontem, para ouvir os trabalhadores, por meio do procurador Gilberto Frota.
Tirando duvidas e mediando o diálogo com a empresa Direcional, contratante da Bom Jesus, ficou acertado que até amanhã, os trabalhadores com menos de um ano seguiriam até o escritório da Direcional na obra para depósito e regularização dos papéis. Já aqueles com mais de um ano irão ao Ministério Público do Trabalho (MPT). O mesmo acontece em relação a casos específicos, incluindo a funcionária em licença maternidade, cuja a demissão foi revogada no momento da mediação.
"Em vez de mandar o dinheiro para as empresas que terceirizam pagar os funcionários, a Direcional ofereceu a opção de realizar diretamente o pagamento, agilizando assim o procedimento", esclareceu Gilberto.
Sobre as demais acusações, o procurador disse que já foram realizadas inspeções do MPT e a empresa Bom Jesus já havia sido notificada anteriormente. "Mas essa fiscalização será realizada novamente", detalhou.
As empresas foram procuradas pela reportagem para prestar esclarecimento, mas nenhuma respondeu ao contato. No local da obra, a funcionária da Direcional afirmou que não poderia dar entrevistas.
Mais informações:
Empresa Direcional
Rua Marcos Macedo, 1333 - Apto 1814 - Aldeota - Fortaleza (CE) Telefone: (85) 3055-1345
Empresa Direcional
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Jéssyca Rodrigues
Colaboradora
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