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quinta-feira, 21 de maio de 2015

TRABALHADORES RURAIS DO CEARÁ CLAMAM POR AJUDA DO GOVERNO FEDERAL E ESTADUAL.

PERDA DA SAFRA
fonte:dr/cbm

Para chamar a atenção dos governantes, os trabalhadores rurais interditaram o tráfego de veículos na CE-456

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Manifestantes querem ampliação do Seguro Safra e perfuração de poços
FOTO: JONATHAS OLIVEIRA
Choró. Cerca de 400 trabalhadores rurais realizaram manifestações, por dois dias consecutivos, nesta cidade do Centro do Ceará. Eles reivindicam, dentre outras coisas, a ampliação do Garantia Safra, programa emergencial do governo para quem perde a safra (milho e feijão) durante calamidades naturais, como a seca. Além das cinco parcelas pagas pelo governo federal, em parceria com o governo do Estado e os municípios, querem a complementação do benefício relativo ao ano passado, com mais sete cotas de R$ 170,00.
Para chamar a atenção dos governantes, os trabalhadores interditaram o tráfego de veículos pela CE-456, na área urbana de Choró. Com o bloqueio, é impossível seguir viagem entre Canindé e Quixadá. Na terça-feira, 19, os manifestantes deram uma trégua à noite, liberando o tráfego, principalmente dos caminhoneiros. Mas na manhã desta quarta-feira, 20, formaram as barricadas novamente, defronte à Câmara Municipal, voltando a impedir o trânsito dos veículos nos dois sentidos da rodovia.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Agricultura Familiar de Choró (Sintrace), Valcir Alves dos Santos, representante do gabinete do titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Dedé Teixeira, esteve no local da manifestação e assegurou o fornecimento de pelo menos 400 cestas básicas. Por meio do assessor, o secretário também solicitou o prazo de 20 dias para encontrar uma solução para o problema, informou o sindicalista.
Além da ampliação do Garantia Safra, a classe trabalhista rural reivindica, dentre outras necessidades emergenciais a perfuração de poços profundos nas comunidades e a ampliação do número de carros-pipa para os locais onde não for possível captar água subterrânea. Com o atendimento dessas reivindicações e o complemento financeiro poderão suportar a pior estiagem dos últimos 50 anos na região. "A fome já está começando a pegar. Todos os açudes secaram e os agricultores não podem contar mais nem com o cará e nem com a traíra para fazerem o pirão", ressaltou.
Em relação à produção agrícola, de acordo com o líder classista, mais de 80% dos cerca de 2.000 filiados ao Sintrace cultivaram seus roçados. Entretanto pelos levantamentos feitos, confirmados pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a perda de milho deste ano chegou aos 80% e a de feijão a 70%.
A maioria ficou ainda mais desesperada ao tomar conhecimento do diagnóstico sobre o El Niño, fenômeno natural atmosférico apontado com responsável pelo afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), precipitando o fim do período chuvoso. Com a notícia negativa, a esperança que existia acabou de vez.
Segundo o secretário de Polícias Agrícolas e Agrárias da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Ceará (Fetraece), Arly Cordeiro Lima, em razão da situação crítica e da morosidade dos órgãos públicos no amparo à classe, mais manifestações estão sendo planejadas por todo o Estado. Em Itapiúna, os associados da Fetraece também já estão se organizando.
Na avaliação de representante da Fetraece, após o último bom inverno no Ceará, em 2009, não foram desenvolvidas estratégias de amparo ao trabalhador rural, mesmo com a estiagem se prolongando nos últimos quatro anos. A única obra hídrica no Estado considerada importante pelo governo foi a construção do Acquário. "Como há demora na solução de problemas dessa natureza em praticamente todo o Estado, não descartamos a possibilidade de uma imensa manifestação, em Fortaleza".
Investimentos
Os trabalhadores rurais, representados pelo presidente da Fetraece Luiz Carlos Lima, reunidos na manhã desta quarta-feira (20), na SDA, receberam o anúncio, do chefe de gabinete, Élcio Batista; vice-governadora, Izolda Cela; o secretário executivo, Felipe Pinheiro; e o presidente da Empresa de Assistêcia Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antônio Amorim, sobre investimentos do governo do Estado para a área de regularização fundiária e agricultura familiar no valor total de R$ 5,3 milhões e R$ 43 milhões para o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a serem celebrados por convênio entre a Fetraece, a SDA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e o Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace).
Alex Pimentel
Colaborador

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