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segunda-feira, 6 de julho de 2015

CORREGEDORIA INSTAURA PROCEDIMENTO PARA APURAR AGRESSÃO CONTRA JORNALISTA NA BAHIA.


Marivaldo Filho levou oito pontos na cabeça e denuncia violência policial.
Queixa foi formalizada na tarde desta segunda-feira (6) na PM, em Salvador.

Do G1 BA

Um procedimento administrativo para investigar a denúncia de agressão feita pelo jornalista Marivaldo Filho, em abordagem no sábado (4), em Salvador, foi instaurado pela Corregedoria geral da Polícia Militar da Bahia nesta segunda-feira (6). Até por volta das 17h, ele continua a prestar depoimento na sede da Corregedoria, no bairro da Pituba, capital baiana.
A PM informou que vai adotar todas as medidas para buscar a verdade dos fatos e que não concorda com as posturas agressivas por parte dos policiais. "Caso haja a confirmação da denúncia, a PM aplicará as sanções previstas em lei", informou a corporação, em nota.

Jornalista faz postagem denunciando agressão cometida por policiais em Salvador (Foto: Reprodução/Facebook)Jornalista faz postagem denunciando agressão
cometida por policiais em Salvador
(Foto: Reprodução/Facebook)
Editor de política do site Bocão News, jornal local, o jornalista relatou que foi agredido após ter se negado a apagar imagens feitas com celular de uma abordagem flagrada contra um amigo. Ele saía de uma festa no bairro do Bonfim, na Cidade Baixa, quando tentou registrar a situação, informou. Em seguida, contou que foi agredido na cabeça com algo que acredita ter sido uma pedra e foi acusado de desacato. O corte foi suturado com oito pontos na UPA do bairro de Roma.
"Estou aqui ainda fazendo a denúncia. Eu estou colocando as denúncias para a investigação. Os policiais prometeram investigar a fundo para que tudo seja esclarecido. Talvez testemunhas venham aqui hoje os policiais também podem ser ouvidos hoje", disse Marivaldo Filho sobre a formalização da denúncia junto à PM.
"Tive que vencer o medo. Me disseram que poderia ser perigoso, mas decidi enfrentar até as últimas consequências. Faço isso porque essa não é somente a minha causa. Essa é uma causa de todos os negros da periferia que apanham da polícia e alguns até somem. É também a causa da liberdade de imprensa. Eu não tenho o direito de ficar calado", disse ao G1 na manhã desta segunda-feira (6).
O governador da Bahia, Rui Costa, em seu perfil no Facebook, se posicionou sobre o caso. "Determinei ao secretário de Segurança, Maurício Barbosa, e ao comandante da PM, coronel Anselmo Brandão, apuração rigorosa dos acontecimentos noticiados. Reitero que os policiais militares da Bahia têm o dever de garantir a segurança da população e a paz nas ruas, conforme os preceitos legais", escreveu o governador.
Após sair da UPA, Marivaldo explicou que foi levado para a Central de Flagrantes, que fica na região da Avenida ACM. "Fiquei ao lado de pessoas que tinham cometido diversos crimes: tráfico, homicídio. Era uma recepção em que os presos ficavam sentados aguardando registros. Eram seis. Só eu e meu amigo estávamos de algemas", lembrou o jornalista. "Não sabia para onde estavam me levando. Dentro da viatura, me perguntaram se não iria apagar a imagem. Quando disse que não, um [deles] começou a me agredir com socos e partiu a minha cabeça com objeto que acredito ter sido uma pedra. Senti medo", disse.
No percurso, ele estava acompanhado do amigo, que estaria sendo agredido pelos PMs. O jornalista disse que a viatura estava com cerca de quatro policiais, mas a agressão partiu de apenas um deles. "Um deles tinha um olhar diferente, como se não concordasse. Tinha um do bem, um que destoava da forma que outros faziam. Isso eu percebi. Ele não estava na mesma sintonia. Não foi de encontro, mas não concordava", informou.
Em nota de repúdio, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) afirmou que os policiais que têm envolvimento na agressão "mostraram a ferocidade própria de jagunços". "Estes homens, que adotaram posturas próprias de malfeitores, receberam da autoridade estadual a função de proteger a sociedade baiana, o que torna mais grave a violência empregada contra um cidadão e jornalista, que, por dever de ofício, registrava uma agressão anterior contra um jovem envolvido em um desentendimento", informou.
De acordo com a entidade de classe, há outros registros de casos de intimidação por parte de policiais fardados, como ameaças veladas, telefonemas, emails e uso de redes sociais, contra jornalistas. "Reuniões, apelos, notas e ofícios encaminhados pelo Sinjorba à Secretaria de Segurança Pública da Bahia e ao Comando da Polícia Militar da Bahia não resultaram em medidas práticas e visíveis contra a ação dessa minoria que envilece a PM da Bahia".
O Sinjorba comunicou a situação a entidades como a Associação Bahiana de Imprensa, Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia, Federação Nacional dos Jornalistas, Federação Interamericana de Imprensa, Organização Internacional do Trabalho, Anistia Internacional, ONU e órgãos de imprensa.

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