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domingo, 26 de fevereiro de 2012

PAIS E ALUNO DO COLÉGIO ONDE ESTUDANTE SE MATOU TENTA ESQUECER TRAGÉDIA DO ANO PASSADO.


Sala onde criança de 10 anos atirou contra professora permanece fechada
Fernando Gazzaneo,
escola-sao-caetano-HGDaia Oliver/R7
Estudantes em frente à Escola Estadual Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC, no retonor às aulas na semana passada
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Todo começo de ano é assim. Um cartaz na entrada da escola Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC, dá as boas-vindas aos alunos. No turno da manhã, os pequenos têm o sono estampado na cara e a saudade das férias dura até o intervalo, quando a turma se reencontra. Os pais gabam-se do estudo público de qualidade oferecido e relembram que uma vaga na escola é concorridíssima. Talvez, por isso, a história do aluno de 10 anos que atirou contra a professora e depois se matou, em setembro de 2011, pareça ter sido esquecida para quem não voltar um olhar mais atento à situação.

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É só entrar em uma conversa um pouco mais demorada com alguns pais para descobrir que, na primeira semana de aula no colégio, eles e seus filhos pareciam vivenciar um esforço coletivo de esquecimento da tragédia.

Nadir Fernandes é mãe de dois alunos e ainda cuida de um sobrinho. Ela conta que os jovens decidiram permanecer no colégio por escolha própria. Mas, como era de esperar, o crime os deixou assustados e cheios de perguntas.

- Sinceramente? Hoje, a impressão é de que nada aconteceu. De uma maneira geral, eles reagiram bem. A gente conversou bastante. Eles vinham me perguntar o que teria motivado o crime e eu me esforçava para responder e não deixá-los aflitos.

Sala fechada
A sala de aula onde o menino atirou contra a professora continua fechada, informou uma funcionária da escola que pediu para não ser identificada. Os alunos que estudavam lá foram transferidos para o lado oposto do complexo. A escada onde a criança se escondeu e atirou contra a própria cabeça, também foi evitada por um tempo.

Nadir conta ter perguntado como a filha se sentia ao passar novamente por esses locais. A resposta da garota, segundo ela, foi “a mais natural possível”.

- Eu perguntava a toda hora como estava o clima no Alcina. E ela me dizia que passava todos os dias pelo local onde o garoto se matou e não se abalava mais com a memória. Eu gosto muito do Alcina e meus filhos também. Mas acho que a direção do colégio deveria instalar um detector de metais na porta de entrada para evitar que esse tipo de coisa aconteça de novo.

O estudante Davi Fernando Cosme Cardoso estava no sétimo ano quando ocorreu a tragédia. A mãe dele, Maria Aparecida Cosme Cardoso, conta que mesmo assustado e desconfiado ele decidiu terminar o ano no Alcina. O caso foi entendido pela família como a “gota d’água” para que o jovem “desandasse” nos estudos e repetisse o ano.

- O meu filho estudou no colégio por quatro anos. Mas ele já estava meio desanimado de continuar lá porque sofria bulling dos alunos. A morte do garoto foi só mais um motivo para mudá-lo de escola. Eu também acredito que a tragédia seja um dos motivos para a piora no desempenho dele.

Já Vitor Tortelli estuda no Alcina Dantas Feijão desde a primeira série e decidiu permanecer na escola por ter uma boa relação com professores, que o acompanham desde o início. Ele conta, no entanto, que as cenas da tragédia na escola costumam vir à tona quando circula próximo do local onde o garoto se matou.

- As coisas ficaram normais depois de tudo. Eu toco trompete com o irmão do garoto e ele pareceu superar bem essa história. Mas, às vezes, eu passo pelo local onde tudo aconteceu e isso me deixa um pouco chateado.

Para a mãe de Vitor, a melhor coisa que a escola fez foi estabelecer um recesso de uma semana após a tragédia. Os sete dias “neutralizaram o clima pesado”.

- Adolescente tem memória fraca, ela brinca, e o apoio do colégio pedagógico contribuiu para que os alunos conseguissem voltar a frequentar as aulas sem problemas.

Para a aluna Mariana Silveira, a tristeza provocada pela morte do garoto de 10 anos atingiu em cheio os adolescentes do ensino médio. Entre os amigos do segundo ano, ela conta, ficou o sentimento de um “velório coletivo”.

Professora
A professora Roliseide Queiroz de Oliveira, baleada pelo aluno de dez anos, foi afastada do colégio e não deve mais voltar ao Alcina. A reportagem não conseguiu entrar em contato com ela até a publicação desta reportagem. A mãe da docente, Joselita Queiroz, contou que a filha está bem, mas precisa fazer fisioterapia todos os dias para se recuperar da fratura no joelho. O R7 também não conseguiu contato com os pais do garoto que se matou.

Para a Secretaria de Educação de São Caetano do Sul, o caso está encerrado e todos os funcionários do colégio estão proibidos de falar sobre o crime nas dependências do Alcina. Segundo a pasta, pais proibiram que a direção conversasse com jornalistas.fonte R7/camocim belo mar blog

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