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sábado, 15 de novembro de 2014

TRIO ACUSADO DE CANIBALISMO PEGA ATÉ 20 ANOS DE CADEIA POR CRIME EM OLINDA-PE.

Acusados de assassinar jovem, esquartejar e comer o corpo são condenados. Eles também serão julgados por outros crimes

Jorge, Isabel e Bruna: eles mataram, esquartejaram e comeram o cadáver de Jéssica Pereira, 17 anos (Paulo Paiva/DP/D.A Press)
Jorge, Isabel e Bruna: eles mataram, esquartejaram e comeram o cadáver de Jéssica Pereira, 17 anos
Após mais de 20 horas de julgamento, os “canibais de Garanhuns” foram condenados por assassinato, esquartejamento, ocultação de cadáver e prática de canibalismo contra Jéssica Camila Pereira, 17 anos. O crime aconteceu em 2008, em Olinda. Bruna Silva e Isabel Pires foram condenadas a 19 anos de reclusão, e a um ano de detenção. Jorge Beltrão terá de cumprir 21 anos e seis meses de reclusão, mais um ano e seis meses de detenção. Os advogados dos três anunciaram que recorrerão. Bruna e Isabel já estão presas na Colônia Penal Feminina de Buíque, e Jorge saiu do tribunal direto para o Complexo Prisional do Curado. Eles ainda serão julgados pelas mortes de Giselly da Silva, 31, e Alexandra Falcão da Silva, 20. As duas foram assassinadas em Garanhus, no Agreste de Pernambuco, em 2012.
Jorge, apontado como líder do grupo, confessou o assassinato de Jéssica. A jovem morava nas ruas de Olinda e tinha uma filha de 2 anos quando foi convidada a viver com o trio. Os três negaram a versão dada em 2012 — quando foram presos — de que fabricaram salgados com a carne de Jéssica. Eles admitiram, no entanto, ter comido partes da vítima. A filha dela também teria comido a carne da própria mãe. “A carne era temperada normalmente pelas acusadas e servida com o resto da comida. A ideia era comer a carne purificada da vítima para que a purificação atingisse a todos”, contou o delegado responsável pela investigação, Paulo Berenguer. “Eles ofereciam empregos de doméstica pagando um valor maior que o do mercado e atraíam as mulheres”, explicou.

Ao depor no Fórum de Olinda, na quinta-feira, Jorge fechou os olhos ao detalhar como foi o esquartejamento, e se disse arrependido. “Foi um momento de extrema fraqueza e me sinto na posição das pessoas que perderam entes queridos. Minha verdadeira prisão é minha consciência”, filosofou. O homem garantiu que matou “só” três mulheres, e explicou que a seita que criou, da qual as cúmplices seriam adeptas, não estava em atividade. “Fazíamos doações de alimentos e denominamos de Cartel. Foi quando resolvi fazer esse trabalho com Bel e Bruna.”

“Entendo que ajudei na ocultação do cadáver, mas não estava na hora do esquartejamento”, explicou Isabel. Ela confirmou que a filha da vítima comeu a carne da própria mãe. “Ela (Bruna, cúmplice) disse que comeu a carne de Jéssica grelhada com arroz. A criança também comeu”, detalhou. “Eu comi porque o Jorge disse que na Bíblia estava escrito que se matasse tinha que comer. Mas eu revirei a Bíblia toda e não achei isso”, explicou Bruna. Ela também negou participação no esquartejamento, e disse que Jéssica foi escolhida por ser uma “presa fácil”. Isabel disse ainda que não denunciou o companheiro, Jorge, por ser “dependente emocional” dele. “Fiquei calada com medo de que ele me deixasse.”
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