Quando não são apreendidas por infrações administrativas, estão envolvidas em alguma espécie de crime e ficam nas delegacias. Muitas são furtadas e roubadas. Boa parte delas jamais voltará aos seus legítimos proprietários. Estão com chassis raspados. Sem a identificação, é impossível localizar o proprietário.
A 12ª Regional de Quixadá é um exemplo deste problema. São mais de 70 motocicletas, de várias marcas e modelos. Algumas, há mais de 10 anos à disposição da Justiça, estão se transformando em sucatas.
Policiais da Delegacia Regional de Quixadá sugerem como opção para o desencalhe dos motociclos o acautelamento a vítimas de furtos e assaltos. Na opinião do inspetor Renato Cosmo Barbosa, bacharel em Direito, os veículos apreendidos, em situações irregulares, poderiam ser destinados a quem teve seu bem surrupiado criminosamente. Além de minimizar o prejuízo para o cidadão, a decisão também desobstruiria os pátios das delegacias. Além do mais, paradas há muito tempo as motos vão se danificando. Em circulação, serão zeladas nas mãos de quem aceitar a proposta.
Sobre o acautelamento, o policial explica não ser uma entrega definitiva do veículo a alguma vítima. Trata-se de uma posse provisória. Pode ser desfeita com o aparecimento do legítimo proprietário. O bem pode ser reavido por quem de direito tão logo seja reclamado. Dessa forma ganha a Polícia, a Justiça e principalmente o cidadão. Entretanto, o inspetor sugere o estabelecimento de alguns critérios. O período de permanência do veículo nas delegacias é um deles. A sugestão é atingir o limite de três meses, prazo suficiente para realização de perícia e investigações. Depois disso, poderá ser transferida provisoriamente.
Na opinião do delegado Marcos Sandro de Lira, titular da Delegacia Regional de Quixadá, as leis brasileiras preveem a presunção de inocência até tramitado e julgado o processo contra os réus. Somente após a sentença da Justiça, o bem apreendido terá seu destino final. A atual lei dos entorpecentes já prevê situação assim. Quando há comprovação da aquisição de carros e motos com lucro do narcotráfico, a Justiça sequestra esses bens dos acusados, e, quando condenados, determina a realização de leilão. "Para atender a proposta do policial, será necessário alterar o Código Penal", acrescenta o delegado.
O agricultor Francisco Xavier Sales teve sua motocicleta tomada por assaltantes há mais de cinco anos. Perdeu a esperança de recupera-la. Pelo que ouviu, as peças foram transplantadas para outras motocicletas. Voltou a utilizar o jegue como transporte. Havia utilizado todas as economias para comprar a moto na concessionária. Não tem mais dinheiro para comprar outra. Ele mora na zona rural de Banabuiú. Considerou a proposta do policial civil interessante.
O promotor de Justiça Gilvan Melo, do Núcleo de Atuação Especial de Coordenação Fiscalização e Atendimento de Politicas do Trânsito (Naetran), discorda do acautelamento de motocicletas. Cabe ao Juiz de Direito dar destino ao veículo apreendido. Para não encalharem nas delegacias, os magistrados podem determinar a entrega tão logo a Polícia realize os trabalhos investigativos e técnicos.
Nos casos das motos sem identificação, somente com a criação de uma lei específica poderão ter o destino sugerido pelo policial. O representante do Ministério Público também considerou interessante a proposta do policial.
No Detran, as motocicletas apreendias por irregularidades administrativas, geralmente por estarem sendo conduzidas por pessoas não habilitadas e atraso no pagamento das taxas e no licenciamento, permanecem até 90 dias nos depósitos dos 11 departamentos regionais de trânsito do Interior, aguardando a regularização.
Depois desse período, o órgão inicia processo de leilão. Os proprietários são notificados da decisão por meio de correspondência. Atualmente, existem aproximadamente 1.100 motocicletas apreendidas no Interior. Conforme o órgão, cerca de 30 % acabam sendo leiloadas.fonte tv sinal/camocim belo mar blog
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