Isadora Faber contou sua experiência na escola em Santa Catarina.
'Quero ser jornalista e ajudar as pessoas dando informação', afirmou.
Paulo para falar sobre a página 'Diário de classe' que
criou no Facebook (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Além de aplausos e congratulações, Isadora recebeu telefones de contato e pedidos de foto, que acata com um sorriso de boca fechada e frases monossilábicas. Sua mãe, Mel Faber, afirmou ao G1 que a participação em eventos é uma tentativa de fazer com que a garota estabeleça contatos e reúna aprendizado para "pensar em projetos, em alguma forma de fazer algo concreto com tudo isso". Ela também diz que está negociando a publicação de um livro sobre a experiência.
"Quero ser jornalista. Acho que posso ajudar as pessoas dando informação", disse.
Problemas na escola
Dentro de sua escola, a Maria Tomázio Coelho, em Florianópolis (SC), porém, Isadora virou alvo de olhares enviesados de professores, ameaças de alunos e falta de apoio dos próprios amigos. Ela reconhece que a solidão faz parte da sua rotina. "Só na hora que os meus amigos saem de perto", justificou a garota de 13 anos, explicando que isso acontece quase que diariamente, quando ela é cercada por outros alunos que a criticam, ofendem e ameaçam. Segundo ela, isso é frequente. "Não vou mais sozinha para a escola. As meninas dizem que vão me bater, mas meu pai está sempre me esperando na saída, então nunca aconteceu", contou.
A animosidade é tamanha que o caso foi parar várias vezes na polícia. Até a tarde desta segunda-feira (12), sua página colecionava mais de 413 mil seguidores no Facebook e um punhado de boletins de ocorrência na delegacia.
O jeito de pensar de Isadora é simples e objetivo: se a porta de uma escola pública está sem maçaneta, é dever da gestão da escola comprar maçanetas. Essa visão é enfrentada pelos agentes escolares incomodados com a exposição da escola na internet.
Briga entre pais
Um dos episódios mais delicados envolve o pintor contratado pela escola, que também é pai de uma aluna. Isadora denunciou, em sua página, que o homem recebeu o pagamento, mas não prestou o serviço. A filha dele, então, passou a fazer ameaças frequentes, e os pais das duas trocaram agressões verbais.
"Ele faz um boletim contra o meu pai, meu pai vai e faz um boletim contra ele", afirmou Isadora, reconhecendo que, atualmente, não há nenhum esforço de mediação pacífica do problema. Ao 'Fantástico', o pintor disse que está com problemas de saúde e que a empresa do filho dele irá executar o serviço.
plateia (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Isadora diz que reserva o período das 19h às 21h para atualizar sua página e gerenciar um grupo fechado do Facebook em que ela conversa com autores de outros diários. O grupo, com "muitas pessoas, mas menos de 100", não é fechado a alunos, e conta inclusive com a participação de uma médica.
Isadora explica que, logo após o início de sua fama, melhorias pontuais foram feitas e lhe renderam apoio de muitos colegas e professores. Mas, com o passar dos meses, quem achava que já era o suficiente e era contra o afastamento de professores, como aconteceu, começou a mudar de ideia e defender o fim da página.
A adolescente deu palestra vestindo calça jeans, tênis vermelho e com as unhas pintadas com esmalte claro. A menina virou sinônimo de luta pela educação pública de qualidade e inspiração de páginas semelhantes em outras escolas e até hospitais. Ela diz que, se não fosse o apoio que recebe nas redes sociais, sua empreitada para tentar melhorar a escola em que estuda provavelmente não estaria de pé até hoje.
"Às vezes, quando estou meio triste com algumas coisas, eu entro na página para ler o que as pessoas dizem", explica Isadora. Ela garante que as críticas da internet não a atingem, porque "a maioria é sem argumentos e para cada crítica tem dez comentários de apoio".fonte:G1 SP/camocim belo mar blog
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