A medicação não deve ser usada para fins anticoncepcionais alerta o chefe do Departamento Materno Infantil da Faculdade de Medicina da UFC
Diane 35 alarma a Anvisa após casos na França. Foto: Divulgação
A pilula Diane 35 está com comercialização suspensa no mercado francês após a morte de quatro mulheres no país ter sido associada ao uso do medicamento. Em todo o mundo, foram relatados pelo menos 125 casos de trombose venosa e quatro de mortes de mulheres usuárias da pílula nos últimos 25 anos. As mulheres que apresentaram graves problemas de saúde associados à pílula Diane 35 tem idades de 18 a 42 anos e sofreram acidentes vasculares variados, como embolia pulmonar ou derrame.
O medicamento também é comercializado no Brasil e está sendo avaliado pelas autoridades de saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que está acompanhando o caso para avaliar que medidas devem ser tomadas.
Segundo informações da Anvisa, até o momento, não foram notificados relatos de profissionais de saúde sobre problemas envolvendo o uso do Diane 35. No Brasil, a bula do medicamento já traz alertas referentes ao risco de trombose arterial ou venoso devido ao uso do produto.
Sobre o uso da pílula
Sobre o uso desse medicamento, ouvimos Manoel Oliveira Filho, chefe do Departamento Materno Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Ele explicou que essas pílulas Diane 35 são à base de Acetado de Ciproterona, uma substância usada no controle de hormônios masculinos que possam existir, em mulheres, a cima do nível normal.
Essa desregulação hormonal pode apresentar sintomas como obesidade, pelos no rosto e acne em grande quantidade. O médico alerta que essa medicação não deve ser usada para fins anticoncepcionais. “Se alguém está prescrevendo (Diane 35) como anticoncepcional, precisa se ler um pouco mais”, conclui.
A comerciante Jéssica Sombra, 22 anos, disse que começou a usar o Diane 35 como anticoncepcional por indicação de uma prima, ela comunicou à ginecologista que a acompanha, e a médica nao teria feito restrições ao uso. Jéssica diz não ter sentido nenhum sintoma de problema vascular, mas que trocou de anticoncepcional há pouco tempo por ter sentido enjoos constantes após a ingestão do medicamento.
Outros usos
Juliana Santos, 27 anos, usa esse remédio há 12 anos. Ela conta que procurou o médico após constantes atrasos na mestruação e que, depois de exames, foi diagnosticada com micropolicistos no ovário, o medicamento é indicado também no tratamento de casos como esse. Juliana diz que perto da menstruação sente formigamentos nas pernas e dores de cabeça, mas não tem certeza da relação desses sitomas com o uso do remédio.
Alerta sobre automedicação
A presidente da Associação Médica Cearense, Sidneuma Ventura, comenta o caso e lembra, ainda, que um dos principais problemas está na automedicação. “As pessoas devem tomar cuidado com qualquer remédio”, diz, e orienta para que as pessoas só façam uso de medicamentos sob prescrição médica.
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