Rebelião já dura mais de 33 horas na Penitenciária Industrial de Guarapuava.
Ao todo, 10 agentes são mantidos reféns pelos presos; três foram libertados.
A Polícia Militar (PM) acredita que a rebelião que já dura mais de 33 horas, na Penitenciária Estadual de Guarapuava (PIG), na região central do Paraná, deve acabar na manhã de quarta-feira (15). "Toda a nossa negociação [nesta terça-feira (14)], esse nosso trabalho, teve esse resultado que é para finalizar de maneira positiva. Já houve esse contato por parte dos rebelados que pela manhã é para entregar esses reféns", afirmou o tenente Fábio Zarpellon, porta-voz da PM, durante uma entrevista coletiva na frente da unidade. O motim começou no fim da manhã de segunda-feira (13).
Às 22h desta terça, 10 agentes penitenciários eram mantidos reféns pelos presos. Outros três que estavam sendo ameaçados pelos detentos foram soltos. O primeiro foi libertado ainda na segunda-feira. Os outros dois, ao longo desta terça-feira. Eles tinham ferimentos leves. Os homens foram socorridos e levados ao hospital. O porta-voz da polícia informou que todos já receberam alta.
Além dos agentes, outros 14 presos, que também foram rendidos pelos detentos rebelados, conseguiram fugir, sendo que alguns pularam ou foram arremessados do telhado da unidade, ainda de acordo com o tenente. Desses, três foram levados a hospitais. Até a noite desta terça-feira, eles continuavam internados, porém, sem risco de morrer. Os demais foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e levados para a Delegacia deGuarapuava, onde devem ficar até o fim do motim. A PM acredita que ainda há mais presos mantidos como reféns. Todavia, ninguém sabe precisar quantos estão nessa condição.
Zarpellon ainda informou que as negociações com os presos vão continuar durante a noite desta terça e a madrugada de quarta. Contudo, o ritmo das conversas deve ser menos intenso.
Agente queimado
O agente liberado ainda na segunda-feira, havia sido queimado com cola, conforme a PM. O segundo só conseguiu a liberdade, por volta das 12h desta terça, porque os negociadores entregaram comida aos presos em troca da liberdade dele.
O agente liberado ainda na segunda-feira, havia sido queimado com cola, conforme a PM. O segundo só conseguiu a liberdade, por volta das 12h desta terça, porque os negociadores entregaram comida aos presos em troca da liberdade dele.
Conforme Zarpellon, o agente liberado no fim da tarde desta terça foi vítima de agressões no telhado da penitenciária. "Felizmente foi uma parte meio de simulação por parte dos rebelados, como se estivessem matando alguém. E isso foi uma preocupação muito grande por parte da PM", afirmou o tenente.
O agente liberado apresentava escoriações e foi encaminhado para um hospital, segundo a PM.
As agressões fizeram com que se aumentasse a tensão das negociações, de acordo com Zarpellon. "Nós tivemos agora no final da tarde um ponto de pressão, uma situação bem complicada, bem desgastante, em que o nível de estresse chegou a um nível não aceitável", disse. Após a liberação do agente, porém, as negociações foram retomadas de forma mais tranquila, ainda conforme a PM.
Reivindicações
Segundo Zarpellon, os presos pedem melhorias nas condições da PIG, a troca da direção da penitenciária, e progressão de regime de alguns presos para o semi-aberto. "Das reivindicações que eles fizeram no início da manhã, estão sendo verificadas aquelas possíveis de ser atendidas junto com todas autoridades que estão envolvidas. À medida do possível que isso venha a acontecer, os presos serão comunicados", afirmou o tenente.
Segundo Zarpellon, os presos pedem melhorias nas condições da PIG, a troca da direção da penitenciária, e progressão de regime de alguns presos para o semi-aberto. "Das reivindicações que eles fizeram no início da manhã, estão sendo verificadas aquelas possíveis de ser atendidas junto com todas autoridades que estão envolvidas. À medida do possível que isso venha a acontecer, os presos serão comunicados", afirmou o tenente.
A rebelião na PIG
O motim começou próximo às 11h30, quando havia um transporte de presos para um canteiro de trabalho. Treze agentes penitenciários foram rendidos no momento, além de dezenas de presos. Poucas horas depois, um dos reféns foi liberado e hospitalizado após presos terem jogado cola no corpo do agente. No fim da tarde de segunda, cinco detentos também ficaram feridos e foram encaminhados para hospitais da cidade. De acordo com o Samu, quatro deles tiveram ferimentos leves, enquanto um teve traumatismo craniano moderado.
O motim começou próximo às 11h30, quando havia um transporte de presos para um canteiro de trabalho. Treze agentes penitenciários foram rendidos no momento, além de dezenas de presos. Poucas horas depois, um dos reféns foi liberado e hospitalizado após presos terem jogado cola no corpo do agente. No fim da tarde de segunda, cinco detentos também ficaram feridos e foram encaminhados para hospitais da cidade. De acordo com o Samu, quatro deles tiveram ferimentos leves, enquanto um teve traumatismo craniano moderado.
A penitenciária abriga 240 detentos e trabalha com um modelo em que os presos podem estudar e trabalhar no local. Esta é a primeira rebelião na PIG, que foi inaugurada há 15 anos. Conforme a vice-presidente do Sindarspen, a unidade já foi exemplo de penitenciária para o país. "Na PIG, só entravam presos que gostariam de se ressocializar. Existia uma seleção para isso. Hoje, não existem mais critérios. Entram presos perigosos, que participaram de outras rebeliões, e que conseguem disseminar a revolta entre os outros detentos quando algo não os deixam satisfeitos lá dentro", alega.
De acordo com a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) do Paraná, dez presos que participaram da rebelião em Cascavel, em agosto, que resultou na morte de cinco detentos, foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Guarapuava. A Seju não soube informar se, entre os rebelados de Guarapuava, estão os transferidos de Cascavel.
Outras rebeliões
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.
Ainda houve a rebelião na Penitenciária deCruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju), o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.
Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.
A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.
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