A Polícia Civil do Ceará, em especial na cidade de Sobral, agoniza. 90 (noventa) cidades sem delegacias, unidades policiais com equipamentos precários, investigações que não andam, e demora no atendimento são situações comuns no dia a dia dos cearenses que precisam dos serviços da Polícia Civil. O efetivo de menos de 2.600 (dois mil e seiscentos) servidores não suporta a demanda criminosa, que, com o aumento da população e a complexidade das relações sociais, atinge índices alarmantes. Em Sobral, a proporção é de aproximadamente 1(um) policial civil para cada 4.000 (quatro mil) habitantes, enquanto a média nacional é de 1(um) policial civil para cada 1.674(mil seiscentos e setenta e quatro) habitantes, que já está muito aquém de um atendimento de excelência à população.
Até o presente mês, o Ceará já ultrapassou a marca de 3.000 (três mil) homicídios. Para se ter uma noção, a Colômbia, país conhecido pela problemática dos cartéis de cocaína e a violência de grupos terroristas, que conta com aproximadamente 50 (cinqüenta) milhões de habitantes, contabilizou 13.258 homicídios em todo o ano de 2014, segundo dados oficiais do governo, sendo uma média de 1.105 (mil cento e cinco) mortes por mês. Ou seja, o Ceará, com uma população quase 6 (seis) vezes menor ultrapassa em muito o país colombiano.
Esses dados negativos são o grande reflexo da falta de investimento em uma atividade investigativa de qualidade, em qualificação técnica e investimento no ser humano policial. Apesar de a Polícia Militar ser uma importante ferramenta no combate ao crime, não se pode negar a função estratégica e eficaz de uma Polícia Civil forte, que é a responsável pela coleta de provas destinadas ao Poder Judiciário. Uma prova disso é a apreensão, somente no ano de 2015, de mais de 3 (três) toneladas de drogas pela Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas da Polícia Civil do Ceará, conforme noticia o jornal Diário do Nordeste.
A distorção salarial dentro de uma mesma categoria, a falta de perspectiva no plano de carreira do profissional da base(Inspetores e Escrivães), a usurpação de sua função constitucional por outras instituições, a pouca importância dada pelos governantes causam desconforto na Instituição, prejudicam o ânimo do servidor a longo prazo. De um modo geral, salutar é o investimento no policial civil: há péssimas condições de trabalho e diferenças nos planos de carreira, enquanto que, em uma média nacional, um investigador/inspetor/agente ganha um salário inicial de R$ 2.900, o de um delegado é de R$ 14 mil, o que agrava o descontentamento dentro de um mesmo órgão.
Na cidade de Sobral, a Delegacia Regional funciona em um prédio inadequado, sem condições mínimas de exercer a função policial. Ainda, apesar de não ser a função da Polícia Civil, o local abriga presos em situação precária, sem a mínima higiene. O prédio que será a sede da nova delegacia (ainda sem data definida para a entrega) nasce com arquitetura improvisada, que dificilmente trará benefícios à classe. A falta de veículos oficiais, a dificuldade no abastecimento, a falta de material básico de trabalho, a desestimulante desvalorização do profissional, tudo isso, infelizmente, contribui para a imensa sensação de insegurança da população.
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