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sábado, 10 de outubro de 2015

PRODUTORES E GESTORES BUSCAM CONSENSO EM RELAÇÃO À ÁGUA.

Feac, Seapa, Cogerh e entidades representativas dos trabalhadores rurais tentam entendimento

  por Ellen Freitas - Colaboradora
A parte do Rio Jaguaribe que é perenizada depende do Castanhão, que hoje está com apenas 14,49% da sua capacidade ( Foto: Ellen Freitas )
Russas. A crise hídrica que assola o Ceará em decorrência da seca, que chega a seu quarto ano, evidencia um momento crítico em que os agricultores e criadores veem o Estado "fechar" as torneiras para a produção em detrimento do consumo humano. Com objetivo de ampliar o diálogo, a Federação da Agricultura do Ceará (Faec), a Secretaria de Agricultura Pesca e Aquicultura (Seapa) e a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) buscam um entendimento no Interior.
Muitos produtores estão sendo pegos de surpresa com a determinação do governo, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), em limitar o uso de água para aqueles que possuem outorga. Estes, também, entram na restrição de uso, com o objetivo de manter água suficiente para abastecer a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde vivem atualmente mais de 3,5 milhões de pessoas.

As ações tomadas nas últimas semanas, como o lacre ou a retirada de bombas no leito do rio, para aqueles que não possuem outorga, desagradaram os pequenos produtores que se sentem prejudicados.
Insatisfação
"Você vive nessa terra, cresce utilizando a água do rio para sobreviver, e de repente você não pode mais usar porque não tem outorga. Para os grandes pode, para os pequenos, não? Queremos ter também direitos de utilizar a água", reclamou o agricultor e integrante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Russas, Expedido Pereira.
A insatisfação, segundo ele expressou, é geral entre produtores e agricultores que vivem da atividade. Eles alegam que são parte importante do desenvolvimento dos pequenos municípios. "Os grandes (empresários) se instalam aqui e quando não dá mais certo pra eles ficarem, vão embora. E nós? Vamos pra onde?", questionou.
Pacto das Águas
O desentendimento da categoria com os órgãos do Estado responsáveis pelo gerenciamento da água, como a Cogerh e a SRH, devido a essa forma de distribuição do que ainda há nos reservatórios, fez com que, na última reunião do Comitê de Bacias do Baixo e Médio Jaguaribe e do Banabuiú, ocorrida no início do último mês de julho, fosse criado o Pacto das Águas, com o objetivo de intermediar discussões do setor produtivo com o governo do Estado.
"Hoje a situação hídrica do Ceará é crítica. Nós entendemos a necessidade de racionalizar o uso da água, bem como a função social da atividade agrícola no Interior do Estado. Por isso estamos realizando esta primeira reunião hoje (9), para criarmos o Comitê Municipal, que será responsável por analisar a situação hídrica e a realidade das propriedades rurais", afirmou o presidente da Faec, Flávio Saboya. Para ele o que se busca, neste momento, é o entendimento entre governo e produtores, diante da situação de escassez de água.
Atualmente a região do Baixo Jaguaribe é uma das que ainda possui aporte hídrico para manter a produção agrícola e o consumo humano, com algumas restrições para esta primeira.
O Rio Jaguaribe, no trecho chamado Vale Perenizado, possui uma extensão de 160 quilômetros que vai do açude Castanhão a até a Barragem de Itaiçaba, e é responsável por abastecer os municípios ao longo do seu percurso, bem como manter a produções de frutas, agricultura irrigada, aquicultura e segue como destino ao Canal do Trabalhador, que, por sua vez, complementa o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Toda água é oriunda do Açude Castanhão, que hoje está com 14,49% da sua capacidade.
Otimizar
Para o secretário Adjunto da Seapa, Euvaldo Bringel, é preciso se trabalhar na otimização do consumo de água para que a produção continue na região e infelizmente a situação exige que algumas medidas sejam tomadas.
"A grande questão é que há pouca disponibilidade de água e todos devem ter consciência dessa realidade e fazer os ajustes necessários para garantir que ainda tenhamos água até a próxima quadra invernosa", ressaltou Bringel.
Outras duas reuniões para a criação dos Comitês Gestores serão realizadas também nos municípios de Limoeiro do Norte, no próximo dia 16, já que o município é forte produtor de frutas; e em Jaguaruana, no dia 23, onde a produção de arroz e a carcinicultura têm sido alvo de uma maior fiscalização, devido ao elevado consumo de água e a ausência de documentação dos órgãos competentes para o exercício da atividade.
FONTE:DIÁRIO REGIONAL

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