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domingo, 31 de agosto de 2014

'MUITA RARIDADE JUNTA', DIZ OBSTETRA SOBRE PARTO DE QUADRIGÊMEAS EM MS.

Mulher de 37 anos descobriu gravidez de 4 bebês durante parto normal.

Idade da mãe, tipo de fecundação e peso de bebês contrariam estatísticas.

Do G1 MS/CBM
Registro de nascimento dos quatro bebês (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)Registro de nascimento dos quatro bebês (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)
gestação de quadrigêmeas de Denir Campos, 37 anos, que acreditava estar grávida de apenas dois bebês, foi considerada por médicos situação rara por apresentar circunstâncias particulares. A idade da mãe, o tipo de fecundação, o peso das bebês, o parto normal e a quantidade de semanas foram alguns fatores apontados pela médica ginecologista e obstetra Deborah Elmor Faraco Coelho, consultada pelo G1.

Especialista em gestações de alto risco, Deborah explicou que a formação de gestação espontânea de quadrigêmeos não é comum e geralmente acontece em casos de tratamento para engravidar. “Muita raridade junta. Essa mulher, com essa idade, engravidar sem tratamento de fertilização, de quadrigêmeas univitelinas [a partir de um único óvulo] representa um caso raríssimo. Em uma a cada 700 mil mulheres você consegue achar quadrigêmeos, pelos menos é isso que temos na literatura [médica]”, explicou.

Médica ginecologista e obstetra Débora Faraco Coelho, diz que nascimento de quadrigêmos é muito raro (Foto: Reprodução/TV Morena)Médica Deborah Faraco diz que nascimento de
quadrigêmos é raro (Foto: Reprodução/TV Morena)
A mulher, que é indígena da etnia terena e mora em um assentamento rural em Anastácio, teve as quatro gêmeas idênticas na última quinta-feira (28), em uma maternidade de Campo Grande. Segundo Denir, o ultrassom feito durante o pré-natal mostrava apenas dois fetos.

“Só fui saber da novidade na hora do parto, quando os médicos falaram que tinha mais um para nascer. Achei que eles estavam brincando, mas depois veio outra menina ainda", lembra Denir. A dona de casa disse ter ficado em estado de choque com a notícia.

Conforme a médica, casos de gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos são mais comuns em mulheres com idade mais avançada que fazem tratamento de fertilização. “É mais comum com a fertilização, quando aumenta em 15% a chance de gêmeos, mas com tratamento. E mesmo com fertilização, quadrigêmeos é mais comum em pacientes acima dos 40 anos, quando implantamos quatro óvulos”, ressaltou.

A médica explica que a idade da indígena pode ter influenciado para a ocorrência de divisão de óvulos, mas o fato de serem univitelinos, originários do mesmo óvulo, torna o caso ainda mais particular.
                                                             
“Pela faixa etária, ela condiz com as estatísticas. Porque a mulher mais velha produz mais hormônio, o FSH, então, mesmo ela não tendo uma alteração familiar, um histórico familiar, ela às vezes consegue formar dois óvulos. Esses dois óvulos se dividem, sofrem uma nova divisão e fazem esse milagre”, afirmou.

Parto normal
Segundo a assistente social da maternidade Cândido Mariano, Taline Mara Bronze, as bebês nasceram de 31 semanas, de parto normal e dividiram a mesma placenta durante a gestação, fatos também considerados raros pela obstetra.
Marido e mulher ainda no hospital onde quadrigêmeas nasceram (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)Marido e mulher ainda no hospital onde quadrigêmeas nasceram (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

“Em geral, o máximo que você consegue levar gravidez de gêmeos é 36 semanas, mas quadrigêmeos a gente já pensa em 31 e 32 semanas ou a partir de 28 semanas. Para os bebês serem viáveis a gente calcula 800 a 900 gramas de cada um. Talvez por ser indígena, ela aguentou até o sétimo mês. Normalmente ela poderia ter complicações, infecções urinárias”, explicou Deborah. Ela também afirmou que parto normal não é indicado nestes casos.

Outro fator que chamou a atenção da médica foi o peso das meninas. Elizabete, Eliza, Elizangela e Elizete nasceram com pesos entre 890 gramas e 1,170 quilo, e vieram ao mundo em um intervalo de 10 minutos. Logo depois do parto, as bebês foram levadas para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, onde devem ficar para ganhar peso nas próximas semanas. Conforme o hospital, não há previsão de alta para elas.

Surpresa no parto
A especialista ainda explica que a suspeita de gêmeos pode ter sido provocada por falhas no processo de pré-natal. A indígena disse ao G1 que o ultrassom feito durante o acompanhamento gestacional mostrou apenas dois bebês.

“Essa surpresa [na quantidade de bebês] era comum quando não tinha ultrassom. Mas, dependendo dos métodos do pré-natal, dependendo do equipamento e do profissional que opera o exame, ainda hoje pode acontecer de não detectarem adequadamente antes os quadrigêmeos, daí o susto no parto”, alertou a médica.
UTI Neonatal da maternidade Cândido Mariano, onde os bebês estão internados para ganhar peso (Foto: Reprodução/TV Morena)UTI Neonatal onde os bebês estão internados para
ganhar peso (Foto: Reprodução/TV Morena)
Ajuda
Denir e o marido Odair Campos, 32 anos, têm outros 7 filhos. O casal foi transportado de ambulância de Anastácio para Campo Grandena noite de quinta-feira, quando ela começou a ter contrações. O marido teve medo de que o parto acontece na estrada.

Desde o nascimento das quadrigêmeas, a família recebe atendimento da Casa de Apoio à Mãe Gestante, administrada pela maternidade onde os bebês nasceram. Conforme a assistente social do local, Taline, o casal precisa de ajuda e doações para criar os filhos caçulas.

“É uma família bastante vulnerabilizada. Por isso, estamos pedindo para a população, para quem quiser e puder ajudar, que doe fraldas descartáveis tamanho RN (Recém-Nascido). Roupas e outras coisas não são prioridade agora porque eles nem usam, porque o tempo que ficarem na UTI só vão usar fraldas mesmo”, explicou.

As doações podem ser feitas diretamente na maternidade, localizada na avenida Marechal Deodoro, 2.644, no Centro
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