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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ROMARIAS MOBILIZAM MILHARES DE DEVOTOS EM CRATO E CANINDÉ-CE.

CALDEIRÃO E SÃO FRANCISCO

Movimento de José Lourenço foi recordado no Cariri, enquanto no Sertão Central a festa foi dos motociclistas

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Visita ao Caldeirão atrai romeiros e pesquisadores, que relembram os ideais de trabalho, fé e abundância prezados na comunidade rural
FOTO: ROBERTO CRISPIM
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Maioria dos participantes da Moto Romaria comparece ao evento para pagar promessa pela recuperação em acidentes de trânsito
FOTO: ANTÔNIO CARLOS ALVES
Crato/Canindé. O dia ontem foi de manifestação da fé romeira nestes dois municípios cearenses. Na cidade caririense, cerca de 3 mil fiéis participaram da 15ª edição da Romaria da Santa Cruz do Deserto, no Caldeirão do Beato Zé Lourenço. Enquanto isso, na "Capital do Sertão Central", a 28ª Moto Romaria de Canindé mobilizou 52 mil motociclistas, que partiram da Capital àquela cidade, num ato de confraternização e de fé.
Em Crato, por volta das 5h30, teve início enorme cortejo formado por veículos de passeio, ônibus, vans e motocicletas, dirigiu-se ao local onde, em meados da década de 1930, um povoado foi erguido por camponeses e devotos de Padre Cícero. Em regime de mutirão, a comunidade produzia suas lavouras, rezava e dividia o resultado da colheita, de forma a atender às necessidades das famílias que ali residiam.
O trabalho coletivo e a igualdade social desenvolvidos no Caldeirão foram relembrado pelos participantes da romaria, cujo tema deste ano debateu a necessidade da preservação da vida e da cultura nas comunidades. Segundo historiadores, pelo menos mil pessoas viveram no local, situado entre os distritos de Santa Fé e Dom Quintino.
Visitantes de diversos municípios da região, bem como de outras partes do Estado, tiveram a oportunidade de conhecer melhor o movimento iniciado pelo beato José Lourenço, além de exercitar a devoção e conferir apresentações de grupos artísticos tradicionais da localidade.
A romaria também fez parte do encerramento da semana do EcoCaldeirão, realizada desde o último dia 15, com palestras nas comunidades, além de amplo debate nas escolas e meios de comunicação.
Para o padre Vilecy Basílio Vidal, coordenador do evento, a romaria desenvolvida no Caldeirão auxilia a compreensão da história de luta dos camponeses no Cariri, transformados em sujeitos impulsionadores de inovação e mudanças nomeio em que viveram, tendo como fundamento a cultura de resistência. "Reviver o Caldeirão é cercar-se de substâncias valorativas, enriquecidas pelas experiências sociais. É identificar suas particularidades, relacionando os principais elementos, registrando-os e preservando-os. Todo o Caldeirão é um celeiro de memória viva que necessita ser defendida pela comunidade", observou o padre.
Em Canindé
Os motociclistas que partiram de Fortaleza em expedição à cidade do Sertão Central, com o objetivo de fazer preces e agradecer graças alcançadas a São Francisco das Chagas, tiveram tranquilidade durante a viagem. Entretanto, a cidade enfrentou dificuldade para atender à demanda por água, alimento e hospedagem. Os espaços de venda ficaram pequenos para tanta gente. Todas as ruas, praças, avenidas, lanchonetes, restaurantes, churrascarias e hotéis da sede ficaram tomados pelos visitantes.
A moto Romaria está se tornando referência nos festejos alusivos a São Francisco de Canindé. Já existe, inclusive, um movimento para que o evento deste ano seja colocado sob apreciação do Livro dos Recordes, edição publicada anualmente, contendo uma coleção de fatos superlativos reconhecidos internacionalmente.

"Não temos conhecimento de nenhuma romaria sobre duas rodas com tanta gente, por isso estamos apoiando a iniciativa de se colocar a moto romaria no Livro", argumenta o prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo.
Segurança na estrada é reforçada para motociclistas
Canindé. Para garantir a integridade dos participantes da 28ª Moto Romaria de Canindé e evitar transtornos durante o percurso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) mobilizou 25 patrulheiros durante o trajeto de ida, da Capital à cidade do Sertão Central, e 75 homens ao longo do percurso no retorno para casa dos motociclistas.
As prefeituras de Caucaia, Maranguape, Caridade e Canindé cederam ambulâncias dos municípios para ficarem de plantão nos principais pontos do cortejo. Além disso, cinco caminhões de apoio estiveram à disposição dos participantes para atender eventuais necessidades, como pane nos veículos.
O trajeto seguiu pela rodovia BR-020, que foi fechada durante a passagem dos romeiros na parte da manhã. A estrada teve sentido único (Fortaleza-Canindé) ao longo de todo o percurso, enquanto o comboio se deslocava.
A expedição teve início às 8h, saindo de concentração em frente ao Colégio da Polícia Militar, na Avenida Mister Hull. Por volta das 10h30 o grupo chegou à terra de São Francisco.
A Moto Romaria foi idealizada pelo engenheiro mecânico Edson Maia, que sofreu um acidente de trânsito em 1984 e, durante a recuperação, fez promessa a São Francisco, de ir anualmente a Canindé de moto para agradecer pela cura. Iniciada de maneira tímida, a romaria hoje atrai dezenas de milhares de motociclistas de várias cidades. Assim como Edson, A maioria dos romeiros comparece ao evento para pagar promessa pela recuperação de acidentes de trânsito.
Dos mais de 50 mil participantes estimados pela organização do evento, apenas cinco deram entrada na emergência do Hospital Regional São Francisco. "Essa foi uma das mais tranquilas romarias já realizadas pelo nosso grupo, estamos muito contentes com isso", disse Edson Maia, coordenador da romaria.
"O povo de Canindé tem gratidão muito forte com nossos motoqueiros. A cada ano estamos conseguindo conscientizar nossa gente da importância de uma romaria sem bebida, porque valoriza a vida e fortalece a nossa fé", comemora Edson.
De acordo com o frei João Amilton dos Santos, pároco e reitor do Santuário de Canindé, as romarias são fruto da religiosidade popular e uma das expressões mais fortes da devoção do povo brasileiro. "A história dessas peregrinações ao santuário é antiga, e demonstra que individualmente ou em grupos, o povo cristão sempre depositou suas preces aos pés do santo dos pobres'', observa o sacerdote.
Roberto Crispim/Antônio Carlos Alves
Colaboradores
Fonte:Diário regional/CBM
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