BRASIL DITADURA
EFE | BRASÍLIA
O governo lançou nesta sexta-feira um portal na internet sobre a ditadura militar (1964-1985) e dos grupos que opuseram resistência, como forma de resgatar a memória de um período sobre o qual ainda existem alguns vazios.
O site "Memórias da Ditadura", destinado a divulgar a história do Brasil nos 21 anos que os militares governaram o país e a oferecer material de suporte a professores, é uma iniciativa da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência e da ONG Instituto Vladimir Herzog.
"Memórias da Ditadura" irá divulgar a história do Brasil nos em que os militares comandaram o país e a oferecer material de suporte EFE/Arquivo
A página conta com documentários e vários conteúdos multimídia e interativos com o objetivo de atrair os estudantes e o público mais jovem, que tem menos referências sobre um período marcado pela tortura, censura, repressão, fechamento do Congresso e por outras restrições à democracia.
"A preservação da memória do país é fundamental devido a que a democracia começa a ser construída a partir da educação", afirmou o ministro da Educação, José Henrique Paim, na cerimônia de apresentação do portal.
O lançamento acontece no mesmo ano em que se lembrou o cinquentenário do golpe militar de abril de 1964 e a cinco dias da divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar as violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura.
Segundo a Presidência, o portal, que também conta com a colaboração do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), é o maior arquivo virtual existente no país sobre a última ditadura.
"Este portal é um instrumento vivo e concreto para que a memória não se apague", afirmou a secretária de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, perseguida política durante a ditadura e que foi torturada junto com a hoje presidente Dilma Rousseff.
Em referência aos desaparecidos políticos da ditadura, ela advertiu que "quando a memória se apaga, se apaga a história de uma geração de um país, e muitos não estão aqui para contar essa história".
Para Eleonora, os materiais oferecidos permitirão que as pessoas tenham uma ideia do ocorrido na época e aprendam a evitar que esse tipo de episódio se repita.
"É oportuno o lançamento porque vivemos um momento em que a ideia de que o Brasil estava melhor no tempo da ditadura é argumentada cada vez com mais frequência", disse a ministra de Promoção de Igualdade Racial, Luiza Helena de Barros, em referência a recentes manifestações nas ruas de grupos que defendem um novo golpe militar.
A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, afirmou que o portal é outra das iniciativas do Governo para demonstrar seu compromisso com a verdade, a justiça e a defesa dos direitos humanos.
"A ditadura durou 21 anos, mas suas manifestações ainda estão presentes em vários espaços da sociedade, como no sistema penitenciário, na repressão aos grupos organizados e no conservadorismo da sociedade", afirmou a ministra.
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