TATIANA CUNHA
DE SÃO PAULO
Se ainda restava alguma esperança para Rubens Barrichello, 39, estar no
grid da F-1 neste ano ela chegou ao fim ontem, com o anúncio da nanica
Hispania de que o indiano Narain Karthikeyan ocupará o último cockpit
que estava sem dono na categoria.
Mas para o piloto brasileiro, que correu os dois últimos anos pela
Williams e há duas semanas perdeu a vaga para Bruno Senna, sua história
na F-1 ainda não terminou.
Veja fotos da carreira de Barrichello
Ferrari vira piada na web e culpa regulamento pelo "nariz de Alain Prost"
Enquanto Barrichello testa na Indy, brasileiros tentam se manter na pista
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Jorge Araújo/Folhapress |
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Barrichello,no CT do Corinthians, em São Paulo |
"Meu futuro está em aberto. Sei que um dia minha história vai acabar,
mas este dia ainda não chegou", afirmou Barrichello à Folha ontem, um
dia após chegar dos EUA, onde participou de três dias de testes com um
carro da Indy.
"Sou sempre otimista e agora estou numa boa", completou o piloto, que
ainda disse ter ficado muito triste ao saber que a Williams não o
manteria por mais um ano.
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Folha - Que tal testar na Indy?
Rubens Barrichello - O teste começou meio sem intenção de fazer
muita coisa. Claro que a equipe pensou no retorno de mídia que podia ter
e eu também queria conhecer o ambiente da Indy e estar com meu amigo
Tony [Kanaan, campeão em 2004]. Mas foi muito mais envolvente do que eu
estava esperando, acabei virando mais rápido do que imaginava e ainda
fiquei meio dia a mais testando. As coisas foram acontecendo.
Para quem está acostumado à F-1, a Indy parece ser mais 'rústica'. Qual a maior diferença?
Acho que o que mais estranhei foi andar pela primeira vez em 19 anos sem
cobertor de pneu. Você vai para a pista com o pneu frio e se vira para
esquentar. A tocada do carro não é muito diferente, o motor é parecido,
mas é turbo e neste ano os freios são de carbono, muito semelhantes aos
da F-1. Claro que o carro é mais pesado, mas é divertido.
E como te receberam por lá?
Me trataram como novidade e encontrei todos os pilotos. Eu sempre fui
uma exceção na F-1 porque sempre falei com todos, mas fiquei com a
impressão de que as pessoas na Indy têm um convívio melhor do que na
F-1.
Benito Santos - 30.jan.2011/Divulgação Mpteam |
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Barrichello testa carro da Indy na Flórida (EUA) |
Recebeu convite para correr?
A equipe realmente gostou de mim e perguntou se eu tinha interesse em
ficar. Agora vamos tentar viabilizar isso e eu preciso tomar uma
decisão.
Você sempre disse que a Silvana, sua mulher, havia lhe proibido de ir para a Indy. Se depender só de você...
Olha, em casa nós somos maioria [risos]. O Dudu e o Fefê [Eduardo e
Fernando, seus filhos] também votam. Recebo mensagens de muita gente que
diz que eu já mostrei tudo que podia, que é hora de parar, que já
ganhei muito dinheiro. Honestamente, se eu corresse por dinheiro, já
teria deixado a F-1 há muito tempo. O meu barato é velocidade, é a
disputa. Minha questão não é financeira ou tem a ver com perigo, porque
perigo a gente corre quando sai de casa. Mas ainda não está nada
definido. Se tudo calhar direitinho, seria um prazer guiar no mesmo time
do Tony, mesmo porque acho que ainda tenho muito a aprender. Na Indy
tem a questão das bandeiras amarelas, a classificação...
Como você soube da decisão da Williams?
Fui avisado no dia em que eles anunciaram o Bruno, mas um pouco mais cedo.
Falou com o Bruno depois?
Sim, ele me ligou um pouco sem jeito. Mas eu expliquei para ele que
minha briga não era com ele e sim com a equipe e que era uma pena dois
amigos lutarem pela mesma vaga, mas quem saía ganhando com isso era o
Brasil.
Chegou a cogitar procurar a Hispania depois disso, já que ainda havia uma vaga?
Eu queria estar na F-1 de uma forma competitiva e não em qualquer
situação. Não acho que eu tenha que fechar a porta. Ela está aberta, e
vimos que o [Kimi] Raikkonen voltou, o [Michael] Schumacher voltou. Sou
otimista e sei que velocidade não me falta.
Benito Santos - 01.fev.2011/Divulgação Mpteam |
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Tony Kanaan e Barrichello após treino da Indy |
O que sentiu quando soube que estava fora da F-1?
O sentimento sem dúvida foi de tristeza. Foi um momento que eu não
esperava. Os engenheiros sempre me falavam coisas positivas, então foi
bem triste, foi chato. Não gostei de como a coisa foi tratada, de uma
maneira muito fria. Mas, duas horas depois, eu estava na mesa com as
crianças e eles me falavam: 'A Williams já vinha ruim, talvez não fosse
bom mesmo continuar'. Então foi bom eles me mostrarem que existe um
outro caminho.
Você guarda alguma mágoa, algum ressentimento destes 19 anos que esteve na F-1?
Não. Vivi 19 anos de muito orgulho. Tive momentos ótimos e momentos
bons. E os ruins me fizeram aprender. Se pudesse mudar alguma coisa, não
mudaria nada.
Te chateia saber que o Schumacher estará correndo e ainda pode bater seu recorde de mais corridas disputadas?
Não. Ele é um competidor como qualquer outro. Honestamente, nem sei de
quantas corridas ele precisa para bater meu recorde, mas também não é o
melhor que já consegui na vida. Estive na F-1 lutando para ser campeão, e
o tempo que estive lá foi pela coisa gostosa que sempre foi estar lá.
Hoje na F-1 já não basta só dedicação.
Quando foi mais feliz na F-1?
Tive 19 anos muito felizes. Mas, depois de quatro meses desempregado,
sentar numa Brawn em 2009 foi uma época que me deu muita alegria.
fonte, |
Editoria de Arte/ Folhapres:postado por camocim belo mar blog |