Time da Vila Elzir Cabral tenta retomar seus tempos de glória após mais de oito décadas de existência. Para isso, o Tubarão da Barra do Ceará deverá passar por reformulações na direção do clube
FOTO: WALESKA SANTIAGO (13/04/2012)
Bicampeonato de 1994/95 ainda permanece vivo na memória dos corais
FOTO: KIKO SILVA
Rebaixado pela primeira vez em sua existência para a Série B do Campeonato Cearense, o Ferroviário encontra basicamente em sua história os maiores motivos para comemorar os seus 81 anos de fundação, completados hoje.
O Tubarão iniciou até bem o ano, realizando a maior ação de marketing dos clubes locais, que foi a contratação do atacante Iarley, ídolo de várias torcidas e bicampeão mundial de clubes.
Estreou ainda com uma goleada de 7 a 2 no Crato e julgou-se que tudo iria dar certo. Entretanto, a sequência dos jogos, em forma de maratona, solapou os sonhos corais de chegarem ao título. Por fim, o time ficou em sétimo lugar, sendo rebaixado em campo. Agora, tenta na Justiça Desportiva, encontrar brechas em falhas de outros rivais para que possa voltar à Série A do Estadual em 2015.
Deserdado
Mesmo com 81 anos, o Ferroviário vive como que deserdado. Isso porque não existe mais o seu grande patrocinador, a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (Rffsa).
A Instituição era uma sociedade de economia mista, integrante da Administração indireta do Governo Federal, vinculada ao Ministério dos Transportes. Como o Ferrão se originou dos times dos funcionários da Estrada de Ferro, desde sua raiz a empresa fora o seu cordão umbilical. Seus presidentes normalmente eram engenheiros graduados da Rffsa, que já nutriam pelo clube um amor natural.
Mediante à conclusão de estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foram transferidos para o setor privado os serviços ferroviários de carga. Essa desestatização ocorreu no período de 1996/1998.
O Ferrão ainda foi bicampeão nos anos 1994 e 1995, nos estertores do patrocínio, que sumiria de vez no biênio seguinte.
"Eu diria que o Ferroviário perdeu pai e mãe quando ficou sem esse patrocínio da Estrada de Ferro", lembra o ex-presidente coral, Rui do Ceará, campeão cearense de 1968 e considerado um dos maiores presidentes que o clube já teve.
Rui lembra que o Ferrão foi o último campeão cearense invicto desde 1968. "Nós, engenheiros da época, notávamos que, nos anos em que o Ferroviário era campeão, o índice de produtividade do transporte de carga aumentava", completa Rui do Ceará, eternamente lembrado pela família coral, mais ou menos como Valdemar Caracas, fundador do clube, já falecido.
Livro revelador
O ex-presidente coral, Evandro Ferreira, lembra o livro "Quando o Futebol Andava de Trem", que cita que os clubes de origem ferroviária foram perdendo a força e até se acabando, quando a Rffsa foi diminuindo o patrocínio. Conforme o livro, existiam centenas de clubes de origem ferroviária, mas que foram se extinguindo. Equipes que até não têm o nome de Ferroviário, têm sua origem na rede ferroviária.