Aliados já trabalham com a possibilidade de que a doença de Chávez o impeça de ser candidato
De volta a Venezuela após três
semanas em Cuba para tratamento de uma recorrência do câncer, o
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse neste sábado que a
continuidade de seu governo é a "garantia" de paz e estabilidade no país
e que a volta da oposição ao poder desencadearia um onda de violência.
Apesar da reaparição do câncer, Chávez mantem
sua candidatura à reeleição no pleito de outubro. Seu opositor, é o
candidato de centro-direita Henrique Capriles Radonski, atual governador
do Estado de Miranda.
"Se algo a direita garante é a
violência, o caos, porque nos odeiam, odeiam o povo", disse Chávez,
diante de uma multidão de simpatizantes reunidos em frente à chamada
"Varanda do Povo", balcão usado para discursos na sede do governo.
"Nós somos a garantia de paz e estabilidade para
nosso povo (...)criamos as bases sólidas da República e temos uma
Venezuela estabilizada no político, social e militar", afirmou, para
acrescentar que antes de seu governo o país estava enterrado em um
permanente "terremoto político".
Chávez retornou de Havana na noite da
sexta-feira depois de passar três semanas na ilha para a retirada de uma
nova lesão cancerígena que teria reaparecido na região pélvica, mesmo
local onde um tumor fora retirado no ano passado.
Aparentemente abatido, Chávez tentou mostrar
disposição. Antes de começar a discursar, cantou duas canções
tradicionais venezuelanas acompanhado de um músico.
Sob sol forte, Chávez não deu muitos detalhes
sobre o desenvolvimento da doença ou sobre o tratamento que deverá
seguir a partir de agora. Neste sábado, ele se limitou a reiterar que
será submetido a tratamento com radioterapia e prometeu "viver".
"Agora tenho que começar o tratamento da
radioterapia para afastar qualquer ameaça (...) esse câncer não poderá
com Chávez", disse.
O presidente admitiu que a luta contra o câncer
"não tem sido fácil", mas que tem "muita fé em Deus (...) e o
compromisso de viver", afirmou.
Reeleição
A doença do presidente abala o cenário político
venezuelano a pouco mais de seis meses para as eleições, consideradas
cruciais pelo próprio Chávez.
"Não se trata de uma batalha qualquer, está em jogo o futuro da revolução", disse.
Há pelo menos três cenários possíveis na atual
conjuntura. O primeiro é que Chávez assuma a campanha, ainda que em
ritmo mais leve.
Outra possibilidade é que não tenha saúde suficiente para conduzir o processo, assumindo uma espécie de campanha virtual.
A terceiro possibilidade é aquela na qual tenha
de retirar sua candidatura e nomear um substituto para liderar o projeto
chavista.
Esse último cenário - rejeitado tanto pela
cúpula do governo como por simpatizantes da revolução bolivariana, que
acreditam na recuperação do presidente - revela o grau de dependência do
projeto bolivariano à figura de Chávez. A base de sustentação do
governo diz não acreditar no "chavismo sem Chávez"
Nos últimos discursos, Chávez tem sinalizado que
está disposto a se "sacrificar" para garantir a vitória eleitoral - o
que pode representar um risco para a efetividade do tratamento contra o
câncer.
Blogueiros opositores e parte da imprensa
internacional circulam novos rumores de que o estado de saúde do
mandatário é mais grave do que o governo tem sinalizado.
Campanha
De olho na movimentação da candidatura de
Radonski em todo o país, Chávez pediu a seus colaboradores que trabalhem
"sem descanso" até outubro, para garantir a vitória eleitoral.
Chávez, que de acordo com pesquisas de opinião
aparece com pelo menos 20 pontos de vantagem sobre o candidato opositor,
admitiu que se trata de uma disputa difícil.
"Não vamos cair no triunfalismo. Essa batalha é
dura e será dura, mas a ganharemos e para ganhá-la teremos que trabalhar
muito duro todos esses dias que vêem", disse Chávez.
Em uma mensagem dirigida aos chavistas
descontentes e àqueles aliados que passaram a disputar internamente o
poder, Chávez voltou a pedir "unidade" e eficiência na gestão do
governo.
Aqui estou de novo, no retorno permanente, carregado de força e vontade de viver", afirmou.fonte,bbc brasil/camocim belo mar blog