Parceria de mestres. Espedito Seleiro, por meio de sua arte que rompeu fronteiras, agora produziu peças de mobiliários com os designers brasileiros reconhecidos internacionalmente, que se tornaram referência no Brasil e exterior. A essência é a junção de elementos aparentemente simples do cotidiano do povo cearense
Nova Olinda. O universo de cores do sertão nordestino monta na sela e adentra o pluralismo conceitual do design de móveis, com a fusão do mundo criativo dos irmãos Campana e o cangaço fashion do Mestre Espedito Seleiro. Humberto e Fernando não tiveram cerimônias desde que conheceram o trabalho do mais renomado artesão do couro do Brasil.
Espedito Seleiro, de Nova Olinda, ou o mestre Espedito, acaba de produzir várias peças de mobiliários com os designers brasileiros reconhecidos internacionalmente, que se tornaram referência no Brasil e exterior, por meio da junção de elementos aparentemente simples, do cotidiano, transformados em mobiliários de arte.
Os irmãos estão entre os poucos brasileiros a ter trabalhos expostos no Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque. E é dos Estados Unidos que o artesão aguarda a próxima notícia para onde irão os seus trabalhos, produzidos em conjunto com a dupla de designers.
Palhas trançadas
Do sertão para Viena não há distância quando se trata de unir cores à simplicidade das palhinhas trançadas. A escolha dos móveis foi dos irmãos, mas Espedito Seleiro simplesmente fez o que para ele não tem limite, que é poder proporcionar a mistura de elementos do couro com os tons vibrantes e pastéis, para resultar em modelos exclusivos inspirados na força cangaceira de um artesão que, desde criança, traz como herança de família a produção de artigos em couro, das sandálias inspiradas em Lampião, às selas, que são as suas peças iniciais.
Os irmãos Campanha estiveram na região em janeiro deste ano para acompanhar de perto o processo criativo para a elaboração do trabalho do mestre Seleiro e conhecer a arte do artesão de forma mais ampla. Antes, eles mandaram as cadeiras revestidas com as palhinhas, depois as poltronas, algumas delas em ferro. "Algo diferente mas ao mesmo tempo não tenho dificuldades para desenvolver. Mudamos alguns moldes, para adequar às novas formas, mas o desenvolvimento das peças é o que normalmente já temos trabalhado", afirma Espedito.
Ele teve a ideia, há algumas décadas de lembrar, o cangaço como algo mais leve, alegre. E aí, decidiu, então, inserir cores nas sandálias. A força da necessidade e durabilidade das selas, o que fazia com que o apurado para viver não fosse o suficiente, impulsionaram novas possibilidades de trabalhar com o couro.
Paulo Zulu
A explosão de criatividade acontece todos os dias, a cada peça desenvolvida pelo artesão, que já chegaram às passarelas da São Paulo Fashion Week, inspirando coleções de marcas importantes como a Cavalera. Paulo Zulu, que ano passado esteve no Cariri, foi um dos modelos que chamou a atenção do Brasil ao desfilar com vestimenta sertaneja, reestilizada e inspirada nas arte do mestre cearense.