Brigadista combate foco de incêndio, em área de caatinga no Ceará
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Aiuaba. Após o término da quadra invernosa no Ceará (fevereiro a maio) as chuvas ficam cada vez mais escassas e neste período, que se prolonga até dezembro, a vegetação perde umidade, fica seca e o verde dá lugar ao cinza e ao amarelo. Resultado: a caatinga encontra-se mais propícia a sofrer com queimadas e focos de incêndios.
A situação de vulnerabilidade para queimadas ocorre em diferentes biomas da zona rural do Estado, mas preocupa ainda mais as reservas ambientais. A cada ano, medidas preventivas procuram conter os incêndios que atingem flora e fauna.
Este município, localizado na região dos Inhamuns, abriga a maior área de preservação do bioma caatinga do Nordeste Brasileiro: a Estação Ecológica de Aiuaba. A unidade é administrada pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade. Com o objetivo de prevenir e combater focos de incêndios uma brigada composta por sete homens começou a orientar produtores rurais e do entorno da área preservada.
A ação preventiva e de combate aos focos de incêndios e queimadas conta com o apoio de fiscais do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade. A área compreende mais de 11 mil hectares. O coordenador da Estação Ecológica de Aiuaba, Honório Miguel Arrais, disse que a operação começou após a realização de um curso com os sete brigadistas. "O grupo foi aprovado e contratado por um período de seis meses", explicou. "O nosso esforço é para evitar a incidência de grandes focos de incêndios".
Inicialmente, os brigadistas vão trabalhar com os trabalhadores rurais que no entorno da Estação Ecológica, dando-lhes orientações para que façam brocas e o preparo de solo para o plantio da safra de sequeiro em 2015, segundo as recomendações técnicas das instituições que trabalham com o setor. "O trabalho visa à conscientização educacional e ambiental", frisa Honório Miguel Arrais.
Registros
De acordo com a coordenação da Estação Ecológica de Aiuaba neste ano ainda não houve nenhum registro de incêndio dentro da unidade ambiental. No ano passado, ocorreram apenas dois focos localizados que foram debelados. "Temos maior preocupação no decorrer do segundo semestre porque durante a quadra invernosa passada choveu mais, houve formação de pastagem nativa, aumentando dessa forma o risco de focos de incêndio", explicou Arrais. "O capim se encontra seco".
Os trabalhadores rurais e os caçadores de abelhas, que costumam tocar fogo em colmeias para retirada de mel, e em suas atividades diárias trazem sérios riscos para o setor agropecuário. Em muitas ocasiões, os proprietários de terras sequer têm conhecimento de como o trabalho é feito e os incêndios trazem risco para os donos de terra. Além das ações dos brigadistas, a unidade dispõe de um carro pipa que vai ampliar e facilitar as ações de combate aos focos de incêndio. O veículo tem 800 metros de mangueira.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por meio do Núcleo de Monitoramento de Queimadas e Incêndios por satélite houve uma redução significativa de focos de queimadas no segundo semestre de 2013 em relação ao ano anterior. No ano passado, foram registrados 2716 focos e em 2012, 3667. Naquele ano, o sertão ardeu em chamas. Em relação ao início da década passada, as queimadas vêm diminuindo. "Graças à conscientização dos agricultores", observa o chefe do escritório do Ibama, em Iguatu, Fábio Bandeira.