As áreas relacionadas às Regionais V e VI da Capital apresentaram grande crescimento da Taxa de Mortalidade
A gravidez de Maria Flávia Almeida, 31, foi sofrida. A gestante não foi à nenhuma consulta pré-natal, descuidou da saúde e, por pouco, a filha não faleceu. "A menina nasceu prematura. Ficou internada uma semana. Foi um milagre", contou a mãe. A criança, hoje, passa bem, e já completou seu primeiro mês de vida. Se o caso de Flávia teve um desfecho positivo, o de muitas outras não. Em Fortaleza, a mortalidade infantil ainda assusta. Entre os anos de 2006 e 2011, mais de 3.370 bebês - com faixa etária até um ano - morreram.
O maior desafio, na cidade de Fortaleza, ainda está na qualidade do pré-natal realizado pela mãe e no atendimento ao parto FOTO: RODRIGO CARVALHO
Na Secretaria Executiva Regional (SER) VI, por exemplo, nesse período, o crescimento da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) quase dobrou, ficou em 92%, passando de 5,5, em 2006, para 10,6, em 2011. A SER V apresentou crescente semelhante: apresentou TMI de 6,8 em 2006, saltando para 11,9 em cinco anos, uma crescente de 70%.
As demais regionais, no entanto, exibiram quedas nos óbitos infantis, de 6% na SER I, de 25% na II, de 17% na III e 48% na IV.
Apesar dos 1.117 óbitos apenas nessas duas regionais mais criticas, há momentos em que essas taxas até chegam a cair. É o caso da TMI da SER V que caiu de 15,5 em 2009 para 11,2 um ano depois. O mesmo indicador na SER VI também teve redução, 15,3 (2009) e 11,2 em 2010.
Do total de mortes entre 2006 e 2001 na Capital, a maioria dos casos se concentra, principalmente, na faixa etária de zero dia de nascido até o 6º dia, são os Neonatal Precoce (NP): 1.884 óbitos. Desse restante, 409 registros são de Neonatais Tardios (NT), entre sete e 27 dias de vida e 1083 de Pós Neonatais (PN), do 28º dia até um ano completo.
A especialista em programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Fortaleza, Tati Andrade, confirma a vulnerabilidade maior dos NP. E o maior problema ainda continua a ser, segundo ela, no acesso ao pré-natal de qualidade, na falta de atenção ao parto e ao bebê recém-chegado ao mundo.
"A grande questão ainda é o acesso à saúde. As mães têm dificuldades de serem atendidas, de terem acesso aos Programas de Saúde da Família (PSF) e outros direitos básicos como saneamento básico, água limpa e até remédios", afirmou Tati Andrade.
Drogas
A especialista do Unicef em Fortaleza também destacou o problema da drogadição. Fenômeno que não pode ser deixado de mão, o uso de álcool e drogas pelas gestantes é cada vez mais recorrente e tem levado a um aumento dos óbitos de crianças.
"Muitos são os problemas enfrentados pelas mães e pelos bebês. Faltam direitos básicos e a morte de recém-nascidos só vai ser resolvido quando a atenção básica a saúde for garantida".
Para ela, a questão da mortalidade infantil revela um problema de subdesenvolvimento e de negação de garantias básicas. "Se ao nascer, o bebê sofre desse jeito, imagina como será restante da vida dele?", questionou.
Prevenção
Ana Maria Cabral, técnica de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do Município (SMS), ressalta que essa variação entra as SERs é normal e depende da realidade de cada local, das fragilidades. "Todos esses dados precisariam de uma analise mais aprofundada".
Ela deu ênfase ainda aos pontos positivos, disse que Fortaleza tem sido destaques no combate à mortalidade. "O avanço das tecnologias na área da saúde, o acesso ao saneamento e à moradia melhoraram o cenário. Temos que avançar sim, mas muito já está sendo feito", finalizou.
Gestante deve ir a seis consultas
Recente estudo feito pelo Ministério da Saúde, entre 1996 e 2007, sobre as causas das mortes de crianças menores de um ano mostraram que as doenças perinatais (aquelas que acontecem antes ou logo após o parto) foram as que mais mataram. Correspondem a cerca de 60% das mortes infantis e 80% das mortes neonatais (até 27 dias), além de ser a 1ª causa de morte em menores de cinco anos.
As principais anomalias congênitas (que a criança já nasce com elas) apareceram em segundo lugar e, desde 2007, as doenças do aparelho respiratório passaram a ser a terceira causa de morte infantil, no lugar das doenças infecciosas e parasitárias.
O estudo do Ministério da Saúde constatou que 62% das mortes dos bebês nascidos vivos, com peso acima de 1500 gramas, poderiam ter sido evitadas se eles tivessem recebido a atenção e o tratamento adequados ou se suas mães tivessem tido a devida assistência durante a gestação e o parto. Isso demonstra o quanto é importante melhorar o atendimento hospitalar durante o pré-natal, o parto e após o nascimento para reduzir as taxas.
Cuidados
Conforme orientações do Ministério da Saúde, os serviços de saúde devem, já na primeira consulta, entregar à mulher o seu cartão de gestante, onde serão registradas informações como peso, pressão arterial, crescimento do bebê, tipo sanguíneo e resultados de outros exames importantes. Um bom pré-natal deve incluir, no mínimo, seis consultas, e seu acompanhamento pode ser realizado por um médico, enfermeira ou outro profissional devidamente treinado.
Gestante deve ir a seis consultas
Recente estudo feito pelo Ministério da Saúde, entre 1996 e 2007, sobre as causas das mortes de crianças menores de um ano mostraram que as doenças perinatais (aquelas que acontecem antes ou logo após o parto) foram as que mais mataram. Correspondem a cerca de 60% das mortes infantis e 80% das mortes neonatais (até 27 dias), além de ser a 1ª causa de morte em menores de cinco anos.
As principais anomalias congênitas (que a criança já nasce com elas) apareceram em segundo lugar e, desde 2007, as doenças do aparelho respiratório passaram a ser a terceira causa de morte infantil, no lugar das doenças infecciosas e parasitárias.
O estudo do Ministério da Saúde constatou que 62% das mortes dos bebês nascidos vivos, com peso acima de 1500 gramas, poderiam ter sido evitadas se eles tivessem recebido a atenção e o tratamento adequados ou se suas mães tivessem tido a devida assistência durante a gestação e o parto. Isso demonstra o quanto é importante melhorar o atendimento hospitalar durante o pré-natal, o parto e após o nascimento para reduzir as taxas.
Cuidados
Conforme orientações do Ministério da Saúde, os serviços de saúde devem, já na primeira consulta, entregar à mulher o seu cartão de gestante, onde serão registradas informações como peso, pressão arterial, crescimento do bebê, tipo sanguíneo e resultados de outros exames importantes. Um bom pré-natal deve incluir, no mínimo, seis consultas, e seu acompanhamento pode ser realizado por um médico, enfermeira ou outro profissional devidamente treinado.fonte:DN/camocim belo mar blo
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