— São Jerônimo
Neste último dia
do mês da Bíblia, celebramos a memória do grande "tradutor e exegeta das
Sagradas Escrituras": São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele
nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo,
teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor
da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase: "Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo".
Com posse da herança dos pais, foi realizar sua
vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na "Cidade Eterna",
Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as
capelas e se esforçava para decifrar os escritos nos túmulos dos
mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua
conversão: neste sonho, ele se apresentava como cristão e era
repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois
ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos
pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado.
Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu
lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença
obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de
quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o
propósito de seguir na vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379,
retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às
necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor
compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso,
traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na
época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Assim, com alegria, dedicação sem igual e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja universal.
Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no
ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso,
continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de
setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o
padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o "Dia
da Bíblia" no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da
grande promessa bíblica: a Vida Eterna.
São Jerônimo, rogai por nós!
30.09.2012
26º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem não é contra nós é a nosso favor" __
NOTA ESPECIAL:
VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGLEHO COM SUGESTÕES
PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS "HOMILIAS E
SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS SUGESTÕES DE HOMILIAS E
COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA LITURGIA DESTE DOMINGO.
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Chegamos
ao último domingo do mês de setembro. Neste dia, recordamos, de maneira
toda especial, a Bíblia. Nenhum outro livro conseguiu ser traduzido
para tantas línguas e chegar a tantos povos como a Bíblia, na qual
encontramos a Palavra de Deus. Mesmo escrita há séculos, consegue ser
sempre atual e importante para qualquer momento de nossa vida. A
liturgia de hoje nos convida a celebrar o Mistério da nossa salvação,
acolhendo com alegria os sinais do Espírito Santo de Deus fora da nossa
comunidade religiosa. Iniciemos nossa celebração intercedendo a graça da
tolerância, para que possamos conviver pacificamente na sociedade,
reconhecendo a ação do Espírito divino em nosso meio.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: No
Dia Nacional da Bíblia, nossa celebração dominical recorda que a
Palavra de Deus está acima das nossas diferenças e se torna o critério
da nossa comunhão. Rezemos, pois, para que todos sigam a Palavra de
Deus, revelada nas Escrituras e vivida no testemunho cotidiano do amor e
da justiça. Recordemos que a Igreja celebrará a partir de amanhã, A
Semana Nacional da Família. Também unamos nossos corações a toda a
Igreja, que celebrará de 07 a 28 de outubro o Sínodo dos Bispos, em
busca de novos caminhos para transmitir o Evangelho de Cristo em nosso
tempo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER:
Hoje, em todo o Brasil, comemoramos o dia da Bíblia. Ela é o livro
sagrado por excelência, porque contém a Palavra de Deus. É nela que
estão as mais belas orações, inspiradas por Deus. É dela que tiramos as
lições para nossa vida e para transmiti-las aos nossos filhos. Ela é a
fonte de nossa fé. É nela que encontramos os fundamentos de nossa
Igreja. Recebemos os sacramentos porque a Bíblia nos fala deles. As
leituras de hoje nos ensinam que muitos são os carismas que Deus
distribuiu entre os homens e que devem ser postos a serviço, para tornar
Deus conhecido de todos. Rezemos nesta Eucaristia para que o Senhor
faça descer sobre nós a força do Espírito Santo, a fim de que possamos
servir a Deus, aos nosso irmãos e irmãs e à Santa Igreja, segundo a
vontade do Pai.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada:
Senhor, tudo o que fizestes conosco com razão o fizestes, pois pecamos
contra vós e não obedecemos aos vossos mandamentos. Mas honrai o vosso
nome, tratando-nos segundo vossa misericórdia (Dn 3,31.29s.43.42).
Oração do dia
Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão
e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que,
caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que
reservais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Comentário das Leituras de hoje:
Neste dia da Bíblia, vamos ouvir atentamente o que ela tem a nos dizer.
A Palavra de Deus é uma luz que ilumina nossas atitudes em busca de uma
convivência pacífica através da tolerância, garantindo nossa identidade
de cristãos e de católicos. Acolhamos, com alegria, a carta que o Pai
celeste deixou para cada um de nós.
Primeira Leitura (Números 11,25-29)
Leitura do livro dos Números.
11 25 O Senhor desceu na nuvem e
falou a Moisés; tomou uma parte do espírito que o animava e a pôs sobre
os setenta anciãos. Apenas repousara o espírito sobre eles, começaram a
profetizar; mas não continuaram.
26 Dois homens tinham ficado no acampamento: um
chamava-se Eldad e o outro, Medad, e o espírito repousou também sobre
eles, pois tinham sido alistados, mas não tinham ido à tenda; e
profetizaram no acampamento.
27 Um jovem correu a dar notícias a Moisés: "Eldad e Medad, disse ele, profetizam no acampamento."
28 Então Josué, filho de Nun, servo de Moisés desde a
sua juventude, tomou a palavra: "Moisés, disse ele, meu senhor,
impede-os."
29 Moisés, porém, respondeu: "Por que és tão zeloso
por mim? Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o
Senhor lhe desse o seu espírito!"
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo responsorial 18/19
A lei do Senhor Deus é perfeita, alegria do coração!
A lei do Senhor Deus é perfeita,
conforto par a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes.
É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente.
É vosso servo, instruído por elas,
se empenha em guardá-las.
Mas quem pode perceber suas faltas?
Perdoai as que não vejo!
E preservai o vosso servo do orgulho:
não domine sobre mim!
E assim puro eu serei preservado
dos delitos mais perversos.
Segunda Leitura (Tiago 5,1-6)
Leitura da carta de são Tiago.
5 1 Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão.
2 Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça.
3 Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua
ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo.
Entesourastes nos últimos dias!
4 Eis que o salário, que defraudastes aos
trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de
ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5 Tendes vivido em delícias e em dissoluções sobre a
terra, e saciastes os vossos corações para o dia da matança!
6 Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa palavra é verdade, orienta e dá vigor; na verdade santifica vosso povo, ó Senhor! (Jo 17,17).
EVANGELHO (Marcos 9,38-43.45.47-48)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 9 38 João disse-lhe: "Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos".
39 Jesus, porém, disse-lhe: "Não lho proibais,
porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida
possa falar mal de mim.
40 Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.
41 E quem vos der de beber um copo de água porque
sois de Cristo, digo-vos em verdade: não perderá a sua recompensa.
42 Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes
pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe
fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar!
43 Se a tua mão for para ti ocasião de queda,
corta-a; melhor te é entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos,
ires para a geena, para o fogo inextinguível
45 Se o teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o
fora; melhor te é entrares coxo na vida eterna do que, tendo dois pés,
seres lançado à geena do fogo inextinguível
47 Se o teu olho for para ti ocasião de queda,
arranca-o; melhor te é entrares com um olho de menos no Reino de Deus do
que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo,
48 'onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga'".
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
HOMILIA - CREIO - PRECES
(Ver abaixo ao final desta liturgia 3 sugestões de Homilia para este domingo)
Sobre as oferendas
Ó Deus de misericórdia, que esta oferenda vos seja
agradável e possa abrir para nós a fonte de toda bênção. Por Cristo,
nosso Senhor.
Antífona da comunhão: Nisto
conhecemos o amor de Deus: Jesus deu sua vida por nós; por isso nós
também devemos dar a nossa vida pelos irmãos (1Jo 3,16).
Depois da comunhão
Ó Deus, que a comunhão nesta eucaristia renove a
nossa vida para que, participando da paixão de Cristo neste mistério e
anunciando a sua morte, sejamos herdeiros da sua glória. Por Cristo,
nosso Senhor.
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Anamnese
Após a aclamação do povo, segue-se a anamnese, termo
proveniente da língua grega, que significa "memorial", "comemoração":
Celebrando, pois, a memória da morte e ressurreição do vosso Filho
[...]. Aqui, porém, não se trata apenas de uma lembrança subjetiva, que
vem à mente e, em seguida, desaparece, como a simples recordação da
pessoa que, por acaso, encontramos ontem, mas de uma atualização daquilo
mesmo que se recorda. Assim atualizamos ou tornamos atual na anamnese
da Oração Eucarística o mistério pascal de Jesus Cristo, em cada um dos
seus ricos e variados aspectos. É o próprio Espírito do Senhor quem
desperta e torna atual a memória da Igreja, fazendo presente nela, hoje
como ontem, o mistério de Cristo e suscitando entre nós a ação de graças
e o louvor pela maravilhosa salvação continuamente oferecida e
atualizada, por Deus, em Cristo Jesus.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Br – Jó 1,6-22; Sl 16 (17); Lc 9,46-50
3ª Br – Ex 23,20-23; Sl 90 (91); Mt 18, 1-5.10
4ª Vm – Jó 9,1-12.14-16; Sl 87 (88); Lc 9,57-62
5ª Br – Jó 19,21-27; Sl 26 (27); Lc 10,1-12
6ª Vd – Jó 38,1.12-21; 40,3-5; Sl 138 (139); Lc 10,13-16
Sb Vd – Jó 42,1-3.56.12-17; Sl 118 (119); Lc 10,17-24
27º DTC. Gn 2,18-24; Sl 127 (128),1-2.3.4-5.6 (R/. cf. 5); Hb 2,9-11; Mc 10,2-16 (Nova lei do matrimônio)
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. NÃO O PROIBAIS!
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa
Senhora Consolata – Votorantim – SP
Sempre tive um espírito ecumênico,
desde a minha infância nos anos 60, quando os ânimos eram muito
acirrados entre nós católicos e os cristãos de outras Igrejas. Meu
saudoso Pai, de quem eu herdei o legado da fé e das virtudes do
evangelho, era de linha tradicional e na casa de esquina em que
morávamos na Vila Albertina, quando os irmãos evangélicos nas tardes de
domingo vinham fazer suas reuniões com pregações e hinos, ele nos
levava para os fundos do quintal para que não corrêssemos o risco de
nos desviar da fé católica.
Certa ocasião, fui em um culto
festivo da Igreja Presbiteriana e descobri que lá também falavam de
Jesus e do seu santo evangelho, e a partir daí, na minha cabeça comecei
a questionar: por que nós os chamávamos de “irmãos separados”? De 1995
a 2003, coordenei a Dimensão Ecumênica Diocesana a pedido do Bispo D.
José e incentivado pelo Padre João Alfredo. Participei do grupo do
falecido D. Amauri – que coordenou esta dimensão no Regional Sul 1 da
CNBB. Com ele muito aprendi e em nossos encontros anuais em Itaici, que
reunia trezentas pessoas de treze Denominações religiosas diferentes,
vivíamos um verdadeiro céu de comunhão e alegria, amadurecendo assim o
meu ideal ecumênico.
Os cristãos mais tradicionalistas,
tanto católicos como evangélicos muitas vezes não vêem com bons olhos o
ecumenismo. Os mais fanáticos e radicais inventam mil e um argumentos
para não se “misturarem” com quem não aceita e não professa as verdades
da sua igreja, preferindo ver na pessoa do outro um inimigo da fé.
Quanta falta de caridade e quanta ignorância!
Fechados em suas velharias
religiosas não conseguem perceber que a graça e a Salvação que Jesus
nos trouxe, está acima de qualquer doutrina ou instituição humana.
Anunciam um Jesus, que com sua morte e ressurreição fez do Judeu e do
pagão um só homem, entretanto vivem divididos por causa da intolerância
e da crença em um céu particular e exclusivo, que receberão das mãos
do próprio Deus como “prêmio” pela sua virtude e fidelidade. Esbarrei e
convivi com pessoas assim na minha igreja e nas demais que andei
visitando, aliás, há duas coisas que fazem esses cristãos torcerem o
nariz: falar sobre ecumenismo e política! Esse fanatismo religioso já
vem do grupo dos discípulos, que no evangelho desse domingo demonstram
indignação ao verem um homem que pregava e realizava curas em nome de
Jesus e o proíbem severamente de continuar e depois, orgulhosos pelo
“feito”, vão informar a Jesus que lhes censura “Quem não está contra
nós, está a nosso favor!”.
Do mesmo modo, na primeira leitura,
Josué demonstra-se indignado ao tomar conhecimento de que dois homens,
Eldad e Medad, cujos nomes constavam na lista, mas que não foram para a
reunião da tenda, estavam no acampamento profetizando porque tinham
recebido o espírito que Deus havia derramado sobre os anciãos. Fez a
denúncia a Moisés, que em resposta manifesta o seu desejo de que todo o
povo de Israel profetizasse movido pelo Espírito de Deus, que nunca
foi e jamais será monopólio de ninguém.
Qualquer gesto de aceitação da Boa
Nova, ainda que seja apenas um copo de água fria, não ficará sem
recompensa – afirma Jesus, mas dos seus seguidores ele exige uma
atitude radical a favor do bem, da vida e da comunhão entre as pessoas.
As sementes do Reino de Deus foram espalhadas por Cristo em todas as
nações da terra e, portanto, em todas as culturas e línguas temos a
prática do bem. Vivemos em um mundo onde as pessoas se fecham e
constroem barreiras ou abismos em seu redor, para que ninguém se
aproxime.
É nesse sentido que podemos
escandalizar e levar ao pecado um desses pequenos, se ao invés de
construir pontes, nós cavamos abismos e levantamos muros da
indiferença, da rejeição e do desprezo, até mesmo em nossas
comunidades. Mãos, pés e olhos são essenciais na comunicação com os
irmãos, os pés podem aproximar-se ou tomar distância, as mãos podem se
estender em um gesto de abertura e acolhimento ou fazer um gesto
agressivo, os olhos podem olhar para o outro com um espírito de comunhão
ou então de desprezo e frieza. No pecado da divisão entre os cristãos,
todos têm parcela de culpa.
A tentação de olhar para a
história e buscar um culpado é sempre muito forte, mas o passado não nos
importa, e sim o que podemos fazer hoje para eliminar muros e levantar
pequenas pontes que unem, pois de cavadores de abismos e construtores
de muros, o mundo já anda infectado. Buscamos o mesmo Deus, que se
manifestou em Jesus e queremos o mesmo céu, que começa a ser construído
aqui, não com divisões, mas na comunhão! (26ª. Domingo do TC Marcos 9,
38-43.45.47-48)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail cruzsm@uol.com.br
2. Acolher em nome de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Pela variedade de temas neste
texto, pode-se supor que se trata de uma compilação do evangelista
Marcos, talvez a partir de exortações catequéticas veiculadas pelas
tradições das comunidades primitivas.
Conforme o evangelista, tendo
estado nos povoados de Cesareia de Filipe, ao norte da Galileia, Jesus
com seus discípulos, retornando ao sul com destino a Jerusalém, passam
por Cafarnaum. Falando em nome dos demais, João, um dos doze apóstolos,
diz a Jesus que, vendo alguém que expulsava demônios em nome dele, o
haviam impedido porque tal pessoa não pertencia ao grupo. Na primeira
leitura de hoje, temos uma narrativa semelhante que termina com a
proclamação de Moisés: "Quem dera que todo o povo do Senhor fosse
profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!".
A expulsão de demônios significava a
libertação de pessoas oprimidas e atormentadas pelo sistema
sociorreligioso em que viviam. Os próprios discípulos haviam falhado
nesta ação libertadora (Mc 9,18) e, agora, impediam outros de agirem
assim. Com isto, negam o projeto de Jesus. Pela narrativa percebe-se que
havia pessoas que tinham fé em Jesus, possivelmente gentios da
Galileia, e agiam em seu nome, embora não pertencessem aos doze que
circundavam Jesus.
Os Doze, aqui representados por
João, ainda estão apegados à esperança messiânica davídica
segregacionista, característica da tradição do Primeiro Testamento, e
rejeitam aqueles que estão fora do grupo. Jesus os repreende, pois a
missão não está no proibir, mas, sim, no valorizar todos os gestos e
todas as práticas libertadoras e promotoras da vida, mesmo que sejam
praticadas por pessoas que estejam fora dos grupos missionários
confessionais. Há quem julgue que o missionário é aquele que tem a
salvação e vai levá-la aos pecadores; é perito na doutrina e vai ensinar
os que a ignoram; recebe um poder com o qual vai dar eficiência à
missão. Pelo contrário, cabe à missão, a exemplo de Jesus, reconhecer,
valorizar e solidarizar-se com as manifestações de vida, de busca da
liberdade e da justiça, onde quer que floresçam. Em qualquer povo, em
qualquer cultura, em qualquer tempo.
A seguir, no texto de Marcos, com
caráter catequético, temos uma fala de Jesus estimulando a acolhida a
todos aqueles que vêm em seu nome. As sentenças sobre a queda dos
pequenos são orientações para prevenir escândalos dentro da própria
comunidade de discípulos. As alusões às quedas pela mão ou pelo olho são
simbólicas, com variado sentido. Podem indicar más ações e aspirações
de poder e prestígio. Os anúncios finais de condenação não condizem com a
índole misericordiosa e compassiva de Jesus, indicando tratar-se de
adaptações tardias das comunidades de origem do judaísmo, pois refletem o
deus do Primeiro Testamento que é o "Terror de Isaac" (Gn 31,42), que
castiga e condena. A queda dos pequenos muitas vezes é provocada pelos
ricos, que vivem luxuosamente, entregues à boa vida, condenando o justo e
o assassinando (segunda leitura).
Oração
Senhor Jesus, faze-me alegrar com o Reino que dá
seus frutos, na história humana, das formas mais imprevistas, para além
do controle humano.
3. EM NOME DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Um fenômeno de exorcismo causou
preocupação no grupo de discípulos de Jesus. A pessoa que expulsava
demônios, em nome de Jesus, não pertencia ao grupo dos doze. A reação
espontânea foi a de proibi-la, como se estivesse agindo de maneira
abusiva.
A atitude intolerante dos
discípulos escondia uma forte dose de sectarismo. Pareciam mais
preocupados em garantir sua fama e o sucesso do grupo, do que com a
expansão do Reino, que prescindia deles. O exorcismo, feito por um
desconhecido, fora considerado como uma forma de concorrência. Os
discípulos sentiam que estavam perdendo o controle da missão que lhes
fora confiada por Jesus. Talvez se julgassem detentores exclusivos desta
missão, não admitindo a participação de outros.
Jesus assumiu uma atitude de
extrema tolerância em relação ao exorcista anônimo e não aprovou a
proibição que lhe fora imposta. Se o indivíduo, de fato, foi capaz de
realizar um milagre, invocando o nome de Jesus, é porque, de alguma
forma, sabia-se em comunhão com ele. Seria impensável que, logo em
seguida, se pusesse a falar mal do Mestre e desmerecer sua obra.
Portanto, podia continuar livremente a fazer o bem em nome dele.
A orientação de Jesus evitou que a
comunidade dos discípulos se fechasse em si mesma, transformando-se numa
seita intolerante. Foi um orientação ecumênica.
Oração
Senhor Jesus, faze-me alegrar com o Reino que dá
seus frutos, na história humana, das formas mais imprevistas, para além
do controle humano.fonte:NPD Brasil/camocim belo mar blog