15/03/2012 - 22h59
Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires – O governo argentino anunciou hoje (15) uma nova ofensiva
contra o Reino Unido na disputa pela soberania das Ilhas Malvinas. O
chanceler Hector Timerman disse que a Argentina vai iniciar ações no
tribunais federais do país e na Justiça Internacional contra as cinco
empresas que exploram petróleo nas águas do pequeno arquipélago do
Atlântico Sul, que fica a 500 quilômetros das costas argentinas.
Ele acusou as empresar de realizarem “atividade ilegais” porque estão
explorando petróleo em um território em disputa, cuja posse está em
discussão nas Nações Unidas. “As empresas petrolíferas têm licenças
ilegítimas, concedidas pelo governo britânico, e estão realizando
atividades ilegais e atuando em área ilegal no Atlântico Sul”, disse
Timerman.
O chanceler prometeu também tomar medidas contra todos os envolvidos na
operação – desde as empresas que prestam apoio logístico até os bancos
que financiam a exploração de petróleo na região. O governo argentino
também exige que os consultores internacionais informem seus clientes
dos riscos que correm se investirem em companhias acusadas de agirem
contra a lei.
O governo britânico reagiu, por meio de um comunicado, dizendo que
defende os interesses dos quase 3 mil moradores do arquipélago, que se
sentem cidadãos britânicos e têm o direito de explorar as riquezas
naturais de seus mares. Segundo o Reino Unido, as petrolíferas estão
promovendo atividades comerciais legitimas.
Timerman argumentou que o Reino Unido está desrespeitando as resoluções
das Nações Unidas, que pedem aos dois países uma negociação diplomática
para resolver a disputa pelas ilhas, que data do século 19. Os
argentinos reclamam que foram expulsos do arquipélago que, até pela
proximidade geográfica, lhes pertence. Os britânicos apelam para outro
princípio da legislação internacional: a autodeterminação dos povos.
Segundo eles, cabe aos quase 3 mil moradores das ilhas a decisão se
querem continuar sendo britânicos ou preferem ser argentinos.
A disputa resultou em um conflito armado em 1982. No dia 2 de abril
daquele ano, a Argentina tentou recuperar as ilhas pela força. Foi
derrotada pelas tropas britânicas, mas continua reivindicando a posse
das ilhas em todos os fóruns diplomáticos. Este ano, obteve o apoio dos
países vizinhos (entre eles o Brasil) para impedir a entrada de qualquer
barco com a bandeira das Malvinas nos portos da região.
“A disputa deixou de ser bilateral para virar regional”, disse em entrevista à Agência Brasil
o analista político Jorge Castro. Segundo ele, a nova ofensiva tem um
proposito político. “Timerman prometeu tornar pública todas as ações que
o governo tomar. É uma forma de transmitir à opinião pública mundial
que a Argentina continua reivindicando a soberania das ilhas”.
O anúncio foi feito 18 dias antes do aniversário de 30 anos da Guerra
das Malvinas. Desde 1982, as ilhas receberam investimentos do Reino
Unido e enriqueceram, dando concessões de pesca e de exploração de
petróleo. Segundo Castro, o Produto Interno Bruto (PIB) per capta
das Malvinas chegou este ano a US$ 65 mil (até por causa da apreciação
da libra esterlina em relação ao dólar). É o quarto maior do mundo,
depois de Catar, Liechtenstein e Luxemburgo.
Edição: Aécio Amado/camocim belo mar blog