Eles acreditam que, com o produto no mercado, haja maior valorização da cana-de-açúcar na região do Cariri
Barbalha Um estudo de secagem poderá resultar em mais um produto alimentício. Surgido a partir de análises da desidratação de alimentos, o projeto "Produção de caldo de cana em pó, por desidratação em camadas de espuma" está sendo desenvolvido por estudantes barbalhenses. A cidade é conhecida como sendo "a terra dos verdes canaviais", devido à grande produção da cana-de-açúcar.
Atualmente, novas análises laboratoriais estão sendo feitas para descobrir qual é a formulação ideal destinada ao consumo do produto FOTOS: YAÇANÃ NEPONUCENA
Atualmente, três alunos, Ayrton Santos Costa, Júlio Cézar Soares da Silva e Cássia da Rocha Borgonha, e dois professores do curso Técnico em Agricultura, do Centro Vocacional Técnico de Barbalha (CVTec) estão envolvidos no processo de formulação do novo produto derivado da planta. O estudo ainda está em sua fase inicial, em que os pesquisadores formulam a concentração ideal para a dissolução do pó, de forma que este, quando pronto, atenda ao paladar dos consumidores.
A fabricação do caldo de cana-de-açúcar em pó é simples. Os gomos "in natura" são moídos no momento em que o processo de produção do pó é iniciado. Com o caldo da planta é feito uma ingestão de ar, utilizando uma comum abafadora de bolos. Misturado a uma quantidade de emulsificante, os dois elementos são processados durante três minutos. Com a espuma pronta, o alimento é levado até uma estufa de secagem, regulada à 50 graus Celsius.
A cada 30 minutos são realizadas as pesagens, para a verificação da perda de água. Inicialmente, os pesquisadores observaram que em quatro horas o pó é estabilizado. Mas, atualmente, estão sendo feitas novas análises laboratoriais para descobrir qual é a formulação ideal destinada ao consumo do pó de cana- de-açúcar. Além disso, também serão testados as formas de conservação do produto, para que ele não perca a cor, o odor e o sabor original do fruto.
Tecnologias
Todos os envolvidos no projeto pretendem aprimorar as tecnologias de secagem de alimentos, utilizando essa experiência como ensaio para as demais. Um dos objetivos dos pesquisadores, além de obter o produto, é que ele seja amplamente aceito pelos consumidores.
Por isso, a equipe irá realizar um teste sensorial para oferecer amostras do caldo de cana em pó para os clientes de estabelecimentos comerciais, funcionários de instituições de ensino e frequentadores de praças.
A proposta é que a população avalie as características do alimento. Após a prova do sabor, serão avaliadas as necessidades de produção para atender o comércio local. Caso haja aceitação, o produto será introduzido no mercado e estará disponível para venda.
Até agora, a cana-de-açúcar em pó está sendo produzida em pequenas quantidades, já que ainda não foi totalmente aprimorada. Entretanto, a expectativa dos pesquisadores é que, até o próximo mês de dezembro, a fórmula ideal já esteja disponível para a produção em grande escala. Até lá, o produto deverá ser patenteado.
Para o coordenador da pesquisa, Ademar Maia Filho, o estudo renderá bons resultados. "O caldo de cana in natura tem grande quantidade de consumidores, apesar de ser difícil de encontrá-lo e, muitas vezes, sem a qualidade de higiene necessária. A gente acredita que o caldo de cana em pó será bem aceito pela sociedade", avalia. Ele ainda lembra que, no produto, os valores nutricionais da cana serão atendidos.
Comercialização
Com o caldo de cana em pó sendo vendido no comércio, os pesquisadores esperam que na região do Cariri haja uma maior valorização das plantações de cana de açúcar e dos de derivados do fruto. A nova forma de consumo apresenta vantagens.
A principal delas é a garantia de disponibilidade de produto por todos os períodos do ano, além das vantagens nutricionais do alimento e da higiene no processo de obtenção do pó. Para atender à demanda do mercado local, nacional e estrangeiro, o plano dos pesquisadores para o futuro é montar uma fábrica de caldo de cana em pó.
O caldo de cana é um alimento de valor calórico e energético bastante elevado. Pode ser consumido diariamente em pequenas quantidades. De acordo com os pesquisadores, atualmente, o maior incentivo para o projeto seria a obtenção de financiamentos, pois todos os estudos são realizados de forma independente, sem nenhuma parceria com instituições que destinem verbas para a ação.
Como contribuição para a sociedade, a meta já planejada por eles é desenvolver outras composições com frutos, que possam adicionar mais sabor e diferenciar o caldo de cana.
No momento, grande parte da produção de cana-de-açúcar das plantações de Barbalha é destinada à alimentação animal, e a produção da rapadura, batida e cachaça, em pequena quantidade. Na cidade, há também uma mini usina, onde será instalada uma escola sucroalcooleira.
Entretanto, a unidade construída pelo Governo do Estado há aproximadamente três anos, ainda não foi inaugurada. Hoje, nenhuma usina está em pleno funcionamento. Para a produção de derivados da cana, existem apenas engenhos.
Mais informações:
Centro Vocacional Técnico (CVTec) Avenida José Bernardino, s/n
Bairro Buriti
Barbalha (CE)
Telefone: (88) 3532.2311
Instituições buscam qualificar estudantes
Mesmo com a implantação de novas instituições de ensino que oferecem formação técnica, atualmente, no Ceará, a carência por profissionais qualificados ainda é grande, principalmente, no setor industrial
Juazeiro do Norte Como forma de estímulo à pesquisa e à formação em nível técnico e tecnológico, os professores que atuam em instituições de ensino estão incentivando os estudantes a ingressar nestes cursos, que, devido à demanda por mão-de-obra qualificada, encurtam os caminhos para o ingresso no mercado de trabalho.
Ao todo, na região do Cariri, são oferecidos mais de dez cursos técnicos em instituições que prestam serviços públicos. As áreas prediletas pelos alunos são eletrotécnica, meio ambiente e eletroeletrônica.
No Ceará, existe uma procura crescente por formação técnica. A grande demanda acontece por causa do nível empregabilidade e da expansão das indústrias. Além da implantação de programas governamentais, como as obras da Transnordestina e transposição das águas do Rio São Francisco, que necessitam de operários. Com a ampliação do Ensino Superior no Brasil, que deu um salto significativo nos últimos anos, novas escolas técnicas estão sendo implantadas no interior do Estado.
Após a instalação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que começou a funcionar em 1998, o Centec foi a primeira instituição a oferecer formação técnica, no Estado. No início das atividades eram disponibilizados apenas cursos tecnológicos.
Capacitação
Porém, devido à ausência de mão-de-obra qualificada para atuar nas indústrias, setor de alimentos, irrigação e saneamento ambiental, o Governo do Estado do Ceará instalou outras unidades em Sobral, Limoeiro do Norte, Juazeiro do Norte e Quixeramobim.
Por meio de estudos de mercado, as carências por profissionais qualificados foram diagnosticadas. Apenas no Centro de Ensino Tecnológico (Centec) do Cariri, 340 estudantes estão sendo capacitados tecnicamente para atuarem nas áreas de eletrônica, eletrotécnica, meio ambiente, agricultura, mecânica e cozinha. No mercado de trabalho regional, já foram inseridos cerca de 700 profissionais. Para o diretor regional da Faculdade de Tecnologia (Fatec), Raimundo de Sá Barreto Grangeiro, a maior contribuição dos cursos técnicos é a inclusão social.
"A gente vê que os cursos técnicos e tecnológicos mudaram a vida, a posição social e econômica das pessoas que passaram por eles. Essa é a principal colaboração para a sociedade", revela. De acordo com ele, os próprios alunos estão auxiliando no desenvolvimento de suas regiões e mudando o perfil socioeconômico do Estado.
Diferencial
Diferentemente dos bacharelados, que geralmente tem permanência média de quatro e cinco anos, o diferencial dos cursos técnicos está na grade de curricular, em que os estudantes têm 50% das atividades de aulas teóricas e outros 50% de práticas.
O período de duração das formações tecnológicas é, em média, de três anos e meio. Já os técnicos têm duração é de dois anos e seis meses. Na instituição, é comum haver solicitações de empresas e indústrias por profissionais técnicos.
Contratos
Ao finalizarem os cursos, cerca de 70% dos estudantes são imediatamente contratados para atuarem em suas áreas. Ainda na faculdade, 90% dos estagiários permanecem nos locais onde realizaram o aprendizado prático e são contratados pelas empresas.
Mesmo com a implantação de novas instituições de ensino que oferecem formação técnica, atualmente, segundo dados do Centec, no Ceará, a carência por profissionais com esse tipo de qualificação é grande, principalmente, no setor industrial, que ainda concentra mão-de-obra de outras regiões do País.
Entretanto, a importação dos prestadores de serviços, que tem custo elevado para os empresários, vem diminuindo. Hoje, a maior parte das vagas de empregos é ocupada por pessoas do Estado do Ceará.
Mais informações:
Centro de Ensino Tecnológico (Centec), Rua Amélia Xavier, S/N
Bairro Triângulo
Juazeiro do Norte (CE)
Telefone: (88) 3566.4051.
fonte:DN Regional/camocim belo mar blog