O juiz Gustavo Pontes Mazzocchi, da 3ª Vara
Federal Criminal do Rio de Janeiro, acatou a denúncia do Ministério Público
Federal contra Emerson Sheik e Diguinho, do Corinthians e do Fluminense,
respectivamente. A decisão transforma os jogadores oficialmente em réus de um
processo em que são acusados de lavagem de dinheiro e contrabando. Com isso,
ambos podem perder alguns jogos da Copa Libertadores.
"Ainda precisamos conferir a denúncia. Não
recebemos. Mas o Emerson é um trabalhador registrado e não há razão para
impedimento de exercer a profissão. Não sei por que foi levantado isso
[possibilidade de não atuar em jogos no exterior]", informou ao UOL
Esporte o advogado de Emerson Sheik, Ricardo Cerqueira.
Emerson e Diguinho são acusados de terem
comprado automóveis importados de forma ilícita. Um longo relatório do MPF, que
partiu de uma investigação de uma tentativa de assassinato de um bicheiro,
concluiu que ambos participaram de um esquema que, entre outras coisas,
subfaturou impostos dos veículos.
A decisão de Mazzocchi de acatar a denúncia não
representa nenhuma espécie de condenação de Emerson e Diguinho. O problema é
que, na condição de réus em caráter oficial, ambos terão de pedir uma permissão
especial à Justiça para deixarem o país.
Caso a decisão não saia, eles podem até perder
jogos importantes da Copa Libertadores. O Fluminense de Diguinho, por exemplo,
encara o Boca Juniors fora, em La Bombonera.
O UOL Esporte teve acesso ao
documento do MPF. No texto, o órgão diz que Emerson não soube explicar por que
vendeu um carro ao ex-companheiro de Fluminense por R$ 315 mil, enquanto a nota
fiscal registrou a transação no valor de R$ 200 mil. A implicação de ambos no
crime de lavagem de dinheiro teria acontecido por conta de um veículo da marca
BMW.
Sheik comprou um BMW X6, cor branca, por R$ 200
mil (R$ 160 mil e mais R$ 40 mil em IPI) em 29 de outubro de 2010, da Rio Bello.
Quase dois meses depois, o atacante negociou seu veículo para a mesma Rio Bello
e pelo mesmo preço (mas sem o IPI).
No mesmo dia em que Sheik se desfez do veículo,
Diguinho efetuou a compra do BMW X6 pelo mesmo valor. Vinte dias depois, o
volante do Flu revendeu o veículo para a mesma Rio Bello. Horas depois, Diguinho
recomprou o automóvel da Rio Bello.
“O modus operandi evidencia lavagem de
dinheiro, pela criação artificial de uma cadeia de compra e venda que distancia
o destinatário do automóvel da importação ilegal”, relata o MP.
A Justiça vai ouvir a apresentação de defesa
dos advogados dos acusados em até dez dias. Se quiser, pode julgá-los inocentes
e encerrar o processo. Em caso contrário, a ação penal prosseguiria, com
testemunhas de ambos os lados e depoimentos das testemunhas.
Caso sejam condenados, Emerson e Diguinho podem
pegar até 14 anos de prisão. O advogado do atacante do Corinthians, no entanto,
nega qualquer tipo de problema. "Está havendo uma inversão. A concessionária é
quem deveria ser procurada, não o consumidor. Se a concessionária adquiriu o
veículo de maneira ilícita, ela tem que ser investigada. O Emerson agiu de
boa-fé. Ele foi o lesado", disse Ricardo Cerqueira, que defende Emerson no
processo.fonte caserna/camocim belo mar blog