Nesta segunda-feira (6), dia em que a greve de policiais militares na
Bahia completa sete dias, deputados estaduais que estão impedidos de
trabalhar por conta da ocupação da Assembleia Legislativa divulgaram
nota pública repudiando "atos de vandalismo" ocorridos após a instalação
do movimento de parte da categoria.
Na nota, os deputados afirmam que "lamentam que atos isolados de
vandalismo, de total distanciamento dos princípios da legalidade,
levando ao pânico e sentimento de insegurança para os baianos, tenham
substituído o processo de negociação e diálogo necessários ao
entendimento, por ações que não podem e não devem representar a gloriosa
história da Polícia Militar da Bahia".
O documento é assinado pelos deputados Zé Neto (PT), Yulo Oiticica
(PT), Gildásio Penedo (PSD), Álvaro Gomes (PC do B), Cacá Leão (PP),
Sidelvan Nóbrega (PRB), Euclides Fernandes (PDT), Deraldo Damasceno
(PSL), Pastor Sargento Isidório (PSB) e Eures Ribeiro (PV).
Os políticos afirmam ainda que apoiam as decisões tomadas pelo
governador Jaques Wagner a respeito das definições que possam pôr fim ao
movimento grevista.
Princípio de confusão
Homens das Forças Armadas que estão fazendo o cordão de isolamento na Assembleia Legislativa da Bahia
foram impedidos de colocar tapumes de ferro para isolar os manifestantes que estão do lado de fora do prédio.
A ação aconteceu por volta das 16h50 desta segunda-feira, quando um
caminhão carregado com os tapumes chegou na área onde estão parte dos
manifestantes. Após perceberem a investida do Exército, os manifestantes
partiram de encontro ao caminhão e impediram que os tapumes fossem
descarregados no local. Os manifestantes também fizeram com que o
motorista que conduzia o caminhão saísse do veículo.
Confronto
Pelo menos duas pessoas ficaram feridas em um novo confronto entre a
polícia e o grupo de manifestantes que se concentra na Assembleia
Legislativa da Bahia em apoio aos policiais militares em greve desde
terça-feira (31).
"Filma eles, filma eles, pra mostrar como estão despreparados. Como
eles vão para a rua desse jeito?!”, questionou um dos feridos ao falar
com a imprensa no local.
O outro ferido foi um cinegrafista de uma emissora de TV, que ao inalar
o gás de efeito moral, teve sangramento no nariz. Não se sabe ao certo
quem começou o conflito, mas o que se pode perceber foi a movimentação
em que manifestantes atiravam objetos contra os policiais, que reagiu
com bombas de efeito moral e balas de borracha.
Desde o início do dia, cerca de 600 homens do Exército, além de 40 agentes do Comando de Operações Táticas (COT)
isolam
a área na tentativa de garantir a livre circulação e o funcionamento do
Centro Administrativo da Bahia (CAB). O isolamento da área também visa
facilitar o cumprimento pela
Polícia Federal de 11 mandados de prisão contra integrantes do movimento grevista.
Mais cedo, a presença dos manifestantes no local gerou conflito com os
homens que fazem o policiamento na região. Tiros de borracha chegaram a
ser disparados contra o grupo, que avançou na direção dos soldados.
Os manifestantes passaram a se posicionar em frente ao jardim da Assembleia e a cantar em protesto contra o policiamento.
Segundo o coronel tenente-coronel Cunha, responsável pela área de
Comunicação do Exército, o cerco é para permitir também que funcionários
da Assembleia possam entrar no local e garantir a segurança de uma
equipe que negocia com os grevistas a pacífica desocupação do prédio.
Estão na região da Assembleia conversando com os manifestantes o
secretário da Segurança do estado, Maurício Barbosa, o comandante-geral
da PM, coronel Alfredo Castro, e o general G.Dias, comandante das forças
de segurança na Bahia.
Parte dos policiais militares da Bahia está em greve desde a noite de
terça-feira (31). Desde o início da paralisação, o número de homicídios
em Salvador e região metropolitana aumentou 129% em comparação ao mesmo
período da semana anterior. Das 21h de terça (31) até as 4h49 desta
segunda, foram registrados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia
(SSP-BA) 89 homicídios.
No domingo foram registrados oito casos de assassinatos. Seis desses
crimes foram cometidos em bairros de Salvador: três em Valéria, um em
Marechal Rondon, um em Itinga e um em Pau da Lima. Os outros dois
ocorreram em cidades vizinhas à capital, Madre de Deus e Candeias.
Confronto entre manifestantes e homens do Exército na manhã desta segunda-feira (6) (Foto: Reprodução/TV Globo)
O Comando da 6ª Região Militar, que representa o Exército Brasileiro na
Bahia, disponibilizou um número telefônico para receber denúncias e
outras informações por parte da população. O contato é (71) 3320-1972.
Dirigente da associação de PMS é presoUm soldado
da PM e dirigente da Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus
Familiares do Estado Bahia (Aspra) foi preso na madrugada de domingo
(5), segundo o governo do estado, e encaminhado à sede da Polícia do
Exército, na Avenida Paralela, em Salvador.
O PM é lotado na Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental
(COPPA). Segundo o governo, ele é suspeito de formação de quadrilha e
roubo de patrimônio público, referente à retenção das viaturas.
A prisão dele é a primeira cumprida dos 12 mandados de prisão expedidos
pela Justiça da Bahia contra integrantes do movimento grevista.
Carros de polícia recuperadosA Polícia Militar recuperou, na tarde de sábado (4), 16 carros oficiais
que estavam em poder dos grevistas, na Assembleia Legislativa, em
Salvador. Os mandados de reintegração de posse foram expedidos na manhã
de sábado.
Negociação
O Governo do Estado da Bahia ofereceu na noite de domingo (5) reajuste
de 6,5% a partir do dia 1º de janeiro aos PMs em greve, segundo o
secretário de comunicação Robson Almeida. Ele disse ainda que a proposta
não oferece anistia aos policiais que tiveram prisão preventiva
decretada. O governo informou também que está aberto a negociações com
os PMs, desde que eles suspendam a greve. O líder do policiais militares
em greve na Bahia, Marcos Prisco, disse nesta segunda-feira (6) que a
categoria rejeitou a proposta do governo. "Essa proposta é linear e vale
para todos os servidores públicos. Ela já foi feita e recusada há duas
semanas", afirmou.
Autuação federal
O
ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou sábado que já fez o pedido de
reserva de vagas em presídios de segurança máxima para encaminhar,
caso seja necessário, os policiais militares que tenham cometido algum
tipo de crime durante a mobilização grevista.
Pronunciamento do governador
O
governador da Bahia, Jaques Wagner, tentou tranquilizar a população do estado
em cerca de três minutos de pronunciamento oficial, transmitido pelas
emissoras de rádio e TV por volta das 20h15 de sexta-feira (3). Ele
reafirmou a “intranquilidade” vivida desde o início da greve, que tem
resultado no fechamento antecipado do comércio, violência na rotina do
trânsito e contra a população. “Estamos tomando providências para conter
ações de um grupo de polícia usando métodos condenáveis e difundindo o
medo na população, causando desordem”, afirmou.fonte G1,BA:postado por camocim belo mar blog