As áreas foram ocupadas por cerca de 200 pessoas que, segundo a Procuradoria do município, são moradores mas também pessoas de fora da cidade. O local deveria abrigar escolas, praças e até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
Jijoca. A Vila de Jericoacoara, neste município, é alvo de uma invasão em massa de terrenos públicos destinados a obras estaduais e Área de Proteção Ambiental. De acordo com os dados da Prefeitura Municipal de Jijoca, foram contabilizadas mais de 200 pessoas nos terrenos invadidos. De acordo com a procuradora do município, Solange Santos, os terrenos não pertencem a Jijoca, não podendo o município remover as pessoas que ali se encontram. "Os terrenos ocupados hoje são de propriedade do Governo do Estado, onde deverá ser construída uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e avança para as dunas, entrando em Área de Proteção Ambiental, cuja tutela é federal", explica.
Segundo ela, o problema já vinha acontecendo há algum tempo, inclusive em áreas do município, onde as desapropriações iniciaram. Porém, na sexta-feira, a ocupação foi em massa e cercou os locais reivindicados pelos populares. "Na terça-feira passada, havíamos feito a primeira desapropriação de uma casa construída indevidamente. Mas no final de semana, momento em que os órgãos públicos se encontram em sua maioria fechados, os populares realizaram essa invasão em massa e cercaram os terrenos".
De acordo com a procuradora, os invasores se dividem em nativos e não nativos da vila. Os órgãos públicos foram alertados, segundo Solange, sobre os prejuízos que tal invasão pode causar. "Existem pessoas ali de municípios vizinhos. A Prefeitura fez sua parte e oficiou aos órgãos estaduais e federais responsáveis, como Ministério Publico, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace)", explicou a procuradora.
O Conselho Comunitário de Jericoacoara é a favor da retirada dos invasores das terras. De acordo com o presidente do Conselho, Elenildo Silva, no local tem tanto pessoas nativas da vila, que realmente não possuem terrenos, como também pessoas com grande poder aquisitivo. "O problema não vem de hoje. Começou pequeno e, nesse fim de semana, a população, inclusive nativos, se revoltou porque as pessoas de fora vinham e construíam em Jeri como invasores e a própria população não pode", explicou ele.
Essa justificativa é falha no ponto de vista do presidente. "Eu nasci e cresci aqui e não tenho essa pretensão de querer terras de graça. Onde eles ficaram está atrapalhando o desenvolvimento da vila e a vinda de equipamentos que realmente necessitamos, como a UPA", destaca.
De acordo com o deputado João Jaime, que esteve em Jericoacoara neste fim de semana e flagrou a invasão nos lotes de terras, os populares aproveitaram a falta de fiscalização dos órgãos competentes e passaram a ocupar terrenos definidos no plano diretor do município de Jijoca para construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), escolas, avenidas, estacionamentos, equipamentos de lazer e usina de reciclagem de lixo. Durante a ordem do dia da sessão plenária de ontem, o deputado solicitou a retirada de pessoas que invadiram terrenos da união e do Estado na vila de Jericoacoara.
"São pessoas que vieram de fora e não fazem parte da comunidade. Eles invadiram na sexta-feira terrenos onde vão ser construídas praças, escolas e até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)", pontuou.