Para os agricultores, o diferencial do cultivo sustentável é o valor agregado ao produto que cresce 50% em relação ao da agricultura comercial
Segundo a engenheira agrônoma do Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), Maria Valderina, que também é responsável pela certificação orgânica do algodão, os empresários franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp procuraram a Esplar em 2004 com a ideia de fazer um produto diferente, com toda a cadeia ecológica. Eles foram levados para conhecer a produção no município de Tauá, compraram a primeira parte estocada e, a partir de então, a parceira se consolidou. Além da Adec, as Associações de Certificação Participativa Agroecológica, Asepa em Quixeramobim, e Asepi em Nova Russas, na região dos Inhamús, também produzem material orgânico para a produção do tênis. “Nos últimos dois anos, os estados de Paraíba e Piauí também participaram da produção de algodão, mas a seca inviabilizou o plantio.”
Exportado para o mercado europeu desde 2005, o produto só começou a ser comercializado no Brasil no último mês de setembro e tem uma linha com o nome Esplar em homenagem à organização não governamental cearense. A produção dos calçados é feita toda no Brasil: o algodão que vira a lona do calçado é do Ceará, a borracha da reserva Chico Mendes no estado do Acre e o couro, utilizado em alguns produtos, do Rio Grande do Sul. A fábrica que junta todos os produtos ecológicos é localizada em Novo Hamburgo, também no Rio Grande do Sul.
Para o presidente da Adec, Manoel Siqueira, conhecido como Lino, o objetivo do consórcio não é apenas uma produção no sentido econômico, mas de preservar o meio ambiente e valorizar a família. “É importante porque não é simplesmente econômico, levamos em consideração a soberania do homem e da mulher como cidadãos, além da preservação do solo e da água” explica. Tendo como base o agricultor, a associação fornece a semente de graça para que as famílias tratem e dão assistência técnica para que seja feita a conservação do cultivo solo.