No ar há quase 24 anos, Victor Hannover faz uma retrospectiva da carreira e, em uma conversa franca, conta sobre a luta que travou contra as drogas, a volta à TV e os planos para o futuro
Ele está diferente. Aos 40 anos, percebe que ganhou fôlego novo e está mais maduro profissionalmente. Sem firulas, fala sobre o motivo dessa mudança: a recuperação após oito anos de luta contra a dependência química.
Podem falar muitas coisas sobre Victor Hannover, mas seria injusto não reconhecer sua coragem de assumir um estilo bem peculiar como locutor e comentarista esportivo e, principalmente, de abrir para o público o seu problema com as drogas.
"Eu abri meu problema no meu blog (http://victorhannover1.blogspot.com.br/). Em uma das vezes em que estava no fundo do poço, cheguei a pedir socorro através dele. Depois, resolvi continuar a falar sobre isso como um alerta para que as pessoas vissem o mal que a droga pode causar na vida de uma pessoa", justifica Hannover.
Em tratamento desde outubro do ano passado, o locutor esportivo comemora a vitória de cada dia longe do álcool e da cocaína. Vivendo a terceira etapa do tratamento contra adicção, Hannover foi internado durante 40 dias no "Nosso Lar". Depois, enfrentou mais um mês de tratamento na casa de sua mãe e agora se prepara para voltar para sua própria casa.
"Presenciei cenas fortíssimas na clínica, com pessoas que tinham que ser amarradas para tomar os remédios. Era a segunda vez que eu me internava e sabia o quanto era difícil perder a liberdade e lutar contra isso. Mas era preciso. Se não tivesse ido naquele momento, morreria", comenta.
Recuperação
Desde que iniciou a luta pela sobriedade, Hannover encontrou em seu caminho muitas pessoas que quiseram ajudá-lo. Além do médico psiquiatra Anchieta Maciel, as psicólogas Elismar Santander e Andrea Autran, ao empresário Luis Eduardo Girão o convidou para trabalhar na Estação da Luz e o diretor de jornalismo da TV Diário, Roberto Moreira, que sempre o incentivou na busca da recuperação e manteve as portas da emissora abertas.
"Isso foi muito importante para mim. Saber que quando eu estivesse bem poderia ter meu emprego e uma ocupação para minha cabeça. Me ajudou bastante. Voltei até a estudar. Quando tinha 16 anos e comecei a trabalhar na rádio, viajando direto para cobertura de jogos, parei. E agora percebi que isso me fazia falta. Fui atrás. Quero agora entrar numa faculdade. É importante para mim, para a sociedade e para o meu trabalho", revela Victor com a humildade de quem sabe que tem voltar em sua história e recuperar o que ficou para trás.
Com novos propósitos de vida, seu dia a dia ganhou um novo ritmo. Trabalho, estudo, trabalho... E as noitadas ficaram para trás. O que voltou foi a criatividade e a vontade de trabalhar.
"Chegou um momento em que eu estava tão tomado pelo vício e debilitado pela droga que eu não conseguia fazer meu trabalho direito. Hoje eu reconheço isso. Vinha trabalhar por obrigação. Agora, eu venho com vontade de fazer o melhor, de me dedicar de verdade ao meu trabalho", confessa.
Reflexão
Da mesma forma que Hannover reconhece que poderia ter feito mais, ele também afirma que perdeu muitas oportunidades profissionais por causa do vício.
"Já estive na TV Verdes Mares, onde cobri a Copa do Mundo de 1998; estagiei um período na Globo. Mas, desde que eu cheguei na TV Diário, pude me renovar e ganhei outros desafios. Aqui (na TV Diário) fui repórter policial, de cidade, além do esporte. E posso te dizer: Sou feliz profissionalmente".
Antes de se despedir da conversa, ele faz questão de agradecer o carinho do público que vem recebendo nas redes sociais (Facebook, Twitter), no seu blog e por e-mail, além do apoio dos colegas de trabalho e da empresa.
O locutor esportivo faz até questão de dizer que foi esse apoio que - algumas vezes- o manteve firme diante dos momentos de recaída durante o tratamento.
"Fui abraçado pelas pessoas de uma forma que eu não tenho coragem de decepcionar. Tive apoio, carinho e uma segunda chance na vida. Eu não posso e não quero de forma alguma magoá-los", fala, convicto, um Victor que já virou exemplo de superação.
Karine ZaranzaRepórter /fonte:DN/camocim belo mar blo
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