Hospital tem apenas seis leitos especiais e fila de espera é de seis meses.
Projeto para ampliação de vagas depende do Governo Federal, diz médica.
Pedro Sanchez tem 2 anos e desde outubro do ano passado sofre com leucemia aguda, doença que afeta as células sanguíneas e leva o paciente à morte, caso não realize um transplante de medula óssea. A chance de encontrar um doador compatível em casos como esse é pequena: um para cada 500 mil pessoas. Entretanto, os pais de Pedro se depararam com uma situação ainda mais preocupante, a falta de leitos para realizar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), onde Pedro realiza o tratamento, existem somente seis leitos para esse tipo de procedimento, sendo dois para pacientes infantis. A fila de espera é de seis meses.
“Em 22 de maio descobrimos um doador na Alemanha, que tem o mesmo tipo sanguíneo do Pedro. Acontece que não havia nenhuma data disponível para ele fazer o transplante e isso se tornou angustiante. O mais importante, que era o doador, ele conseguiu, mas disseram que teria que aguardar uma vaga”, conta a decoradora Nara Sanchez, mãe do garoto, que foi comunicada sobre uma possível data para realização da cirurgia em setembro. “É uma luz no fim do túnel.”
Nara é apenas uma das milhares de mães em todo o país que esperam ansiosas para verem os filhos curados, mas sofrem com a falta de estrutura dos hospitais públicos. A decoradora diz que procurou outros centros de referência, como o Hospital Doutor Amaral Carvalho, em Jaú (SP), o Hospital de Clínicas de Curitiba (PR) e o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), na capital paulista, mas sempre ouvia a mesma explicação: não havia leitos disponíveis para o filho.
Leitos caros
A coordenadora da unidade de transplante de medula óssea do HC-RP, Belinda Simões, afirma que o número insuficiente de leitos é justificado pelo alto investimento em infraestrutura, já que os quartos onde esses pacientes ficam internados após o transplante precisam ser cuidadosamente esterilizados e possuir camas e equipamentos apropriados ao tratamento.
A coordenadora da unidade de transplante de medula óssea do HC-RP, Belinda Simões, afirma que o número insuficiente de leitos é justificado pelo alto investimento em infraestrutura, já que os quartos onde esses pacientes ficam internados após o transplante precisam ser cuidadosamente esterilizados e possuir camas e equipamentos apropriados ao tratamento.
“Não é uma cama a mais. Os pacientes ficam um por quarto, o ar [condicionado] tem que ser todo filtrado, a equipe tem que ser a mesma que participa do transplante. É como aumentar leito de UTI, você não pode construir leito de UTI numa enfermaria comum. É uma coisa complexa e cara”, diz Belinda, destacando que cada paciente fica cerca de um mês internado após o procedimento.
A médica alega também que as filas para realização do transplante de medula óssea estão se tornando cada vez maiores devido ao avanço e integração do sistema de busca de doadores entre os países. “Quanto mais doador você acha, maior o número de pacientes que podem se beneficiar, mas, consequentemente, maior o número de leitos que você precisa.”
Expansão
Atualmente, o HC-RP realiza cerca de 70 transplantes de medula por ano, mas esse número deve aumentar, segundo Belinda, porque existe um projeto em fase de aprovação junto ao Governo Federal, para construção de 20 novos leitos para atender esses casos. Não existe, porém, um prazo para que essa nova ala comece a funcionar.
Atualmente, o HC-RP realiza cerca de 70 transplantes de medula por ano, mas esse número deve aumentar, segundo Belinda, porque existe um projeto em fase de aprovação junto ao Governo Federal, para construção de 20 novos leitos para atender esses casos. Não existe, porém, um prazo para que essa nova ala comece a funcionar.
Enquanto isso, o biólogo José Luis Capellaro continuará acompanhando o filho, de 5 anos, às sessões frequentes de quimioterapia. O garoto foi diagnosticado com leucemia aguda em fevereiro de 2012 e também aguarda por um leito para realizar o transplante de medula óssea. “A gente fica tenso em imaginar quando ele ficará curado. A doença não espera. A burocracia faz a gente esperar. Então a gente fica muito angustiado.”
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