Crateús. Pelos menos 333 mil pessoas de 30 municípios cearenses estão sendo beneficiadas com 66.734 mil cisternas de polietileno da Acqualimp, por meio do programa Água Para Todos. Jardim, Potengi, Tarrafas, Porteira, Acopiara, Alcântaras, Araripe, Capistrano, Canindé, Caucaia, Quixelô, Maranguape, Meruoca, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte e Catarina estão entre as cidades contemplados pela iniciativa do governo federal.
O programa é viabilizado pelo Ministério da Integração Nacional (MIN), através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário (SDA), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
A ação visa ampliar o acesso aos recursos hídricos e melhorar as condições de convivência da população com a seca, considerada como a pior dos últimos 50 anos. A meta é expandir os programas sociais enquanto se concretizam as previsões para a chegada das chuvas mais fortes da quadra invernosa desse ano, além da universalização da água no Estado do Ceará.
Contrários
Entidades que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida são contrárias à instalação de cisternas de polietileno, como é o caso da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Trabalhadores também preferem a cisterna de placa.
Para a ASA, que já construiu centenas de cisternas de placa no semiárido brasileiro, as cisternas de polietileno reeditam a indústria da seca por trazerem ao Nordeste soluções de fora para a problemática. Acredita que a solução está no próprio semiárido. E alega também questões econômicas e sociais.
"A tecnologia é importante. Somos contrários à forma do Programa no que concerne à convivência com o semiárido. Exportar não resolve o problema, pois a solução está no próprio semiárido. Já há no Nordeste uma ampla experiência com a cisterna de placa, que é construída em quatro dias, gera renda, participação e apropriação. Além disso, a cisterna de polietileno custa o dobro", ressalta Cristina Nascimento, coordenadora da ASA no Estado do Ceará.
A Articulação é uma rede formada por organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida. Desenvolveu o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, que abriga tecnologias sociais populares de captação e armazenamento de água para consumo humano e para a produção de alimentos.
O Programa Um Milhão de Cisternas é uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido da ASA. Até agora já foram construídas 512.552 cisternas rurais de placas (dados atualizados em 07 de janeiro de 2014) com o propósito de garantir acesso à água para beber e cozinhar às famílias de toda a região semiárida. As cisternas de placa já alcançaram mais de 2 milhões de pessoas.
A ASA defende a ideia de que o semiárido é rico em potencialidades e pode solucionar seus problemas. "Desde o princípio fomos contra a ação de implantar essas cisternas e fizemos a campanha Não a cisterna de plástico. A justificativa de rapidez que foi apresentada não nos convenceu e continuamos contra agora que conhecemos o produto, a estratégia e logística", avalia a coordenadora.
"Somos contrários por vários motivos. Um deles é que a cisterna de polietileno tem um custo alto, bem superior ao da cisterna de placa. A unidade custa R$ 5 mil, enquanto que a de placa sai por R$ 2,2 mil. Além disso, não possibilita processo de mobilização, capacitação e nem mão de obra na comunidade porque já vem pronta, a empresa apenas instala e pronto. Com a de placa, o dinheiro fica na comunidade porque todo o material é comprado ali, a comunidade é mobilizada por meio de cursos de gerenciamento e convivência com o semiárido e isso traz valor para o equipamento", aponta Cláudio Gonçalves, coordenador geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) na região de Crateús, uma das mais áridas.
Gonçalves destaca que em várias cidades, inclusive em Tauá, nessa região, há casos de cisternas que em pouco tempo sofreram danos devido a alta temperatura e calor. "Muitas deram problemas, talvez pelo nosso calor. Elas murcham. E já tivemos casos de comercialização da cisterna, algo que consideramos fruto da falta de valor porque o agricultor não foi capacitado e valorizado, como o que acontece com a cisterna de placa", frisa.
"Não somos a favor porque é mais cara, o valor dela dá para fazer duas de placa. E também porque o material não é adequado para o nosso clima quente, elas murcham. O agricultor que recebe uma ainda tem que construir um alpendre para que ela fique na sombra", observa Maria de Fátima Marques, presidente do Sindicato.
Produção
Para a fabricação das cisternas distribuídas pelo governo federal, a Acqualimp utiliza resina de polietileno adequada para suportar as altas temperaturas observadas na região. O material se funde apenas a uma temperatura de 147° C (Celsius), sendo que na região a temperatura oscila em torno de 50° C em períodos mais quentes.
Os equipamentos possuem vida útil de aproximadamente 35 anos. A empresa destaca que a tecnologia é consolidada internacionalmente e utilizada há mais de 20 anos em países com climas mais severos que os observados no Nordeste brasileiro
Segundo a empresa, a manutenção de uma cisterna de polietileno é de baixíssimo custo, necessitando de limpeza interna uma vez por ano, que pode ser feita normalmente pelo próprio beneficiado. A fabricante disponibiliza uma linha gratuita para atender aos beneficiados, que podem contatar a companhia.
Mais informações:
Fetraece: Crateús, telefone: (88) 3691.1960
STTR: (88) 3691.0208
Acqualimp: telefone: 0800-081-6060
STTR: (88) 3691.0208
Acqualimp: telefone: 0800-081-6060
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