Com obstrução renal por cálculo, operação já tinha sido adiada três vezes.
Hospital diz que pegou equipamento emprestado para fazer procedimento.
Após protestar na porta da Santa Casa de Misericórdia, em Goiânia, o funcionário público Paulo Francisco Carneiro, de 56 anos, foi operado nesta quinta-feira (13). A cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi realizada depois de ter sido cancelada três vezes, o que revoltou o paciente, diagnosticado com obstrução renal por cálculo.
Ainda no quarto da unidade de saúde, ele falou sobre o protesto que realizou, na quarta-feira (12), ao ser informado, já na sala de cirurgia, de que não seria operado. "Fiquei chateado porque os próprios médicos lá dentro me deram a carta para que eu fosse ao Ministério Público. Eu levei um susto porque vinha de dias e dias de dores e dores. Hoje fui bem tratado", afirmou.
No dia da confusão, Paulo havia percorrido 350 km de Nova Iguaçu de Goiás até a capital para fazer a cirurgia. "Eu já estava pelado e o médico falou que não, que eu não podia fazer, não [a cirurgia]".
Segundo a unidade de saúde, a operação foi cancelada porque o médico responsável decidiu usar um aparelho que não estava disponível no local. O procedimento só pôde ser realizado nesta quinta-feira porque a Santa Casa pegou o equipamento necessário para a cirurgia emprestado de um outro hospital. A direção informou que vai abrir uma sindicância para apurar o caso.
No próprio receituário, o cirurgião explicou que a enfermeira-chefe do centro cirúrgico não o informou que o aparelho não poderia ser utilizado. No documento, o urologista finaliza dizendo: “Portanto, estou impossibilitado de resolver a doença desse paciente que se trata de uma urgência”.
Revolta
Várias pessoas que estavam no hospital se solidarizaram com o drama do aposentado. Indignadas, elas também cobravam soluções para Paulo.
Várias pessoas que estavam no hospital se solidarizaram com o drama do aposentado. Indignadas, elas também cobravam soluções para Paulo.
"É um descaso. Esse homem estava em uma mesa de cirurgia e depois simplesmente dizem: 'Não, não foi autorizado, vá ao Ministério Público'. Então a situação dele não conta? Então o que conta? O que significa o ser humano? O que significa a saúde?", questionou uma das pessoas que acompanharam o protesto do paciente.
"[Ele] É ser humano igual a nós e eu tenho certeza de que ele já trabalhou, já pagou todos os impostos que tinha de pagar na vida, para ter esse direito que ele está precisando agora, e não tem ninguém para apoiá-lo", disse uma lojista, revoltada.
Sensibilizada, ela chegou a acionar o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). O objetivo era que a ambulância pudesse levar Paulo até a sede do Ministério Público de Goiás, onde cobraria seu direito de fazer a cirurgia. Porém, os socorristas afirmaram que não poderiam fazer o transporte do homem. Apenas no fim da tarde de quarta-feira, ele foi convencido a retornar para o interior do hospital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário