Renato Aragão, não fossem seus problemas cardíacos e a participação anual no Criança Esperança, estaria no mais completo ostracismo. Seria o aposentado mais bem pago do Brasil. Mas, vítima da Síndrome de Chico Anysio, vai agonizar em praça pública até ser velado e consagrado pela Globo naquelas homenagens fervorosas que só servem para aplacar a culpa da emissora que adora estocar talentos na geladeira.
E olha que o Didi sabe muito de ingratidão e abandono. Seu colega Dedé que o diga. Mas uma arrogância não justifica a outra. A máquina de moer gente deve ter um botão de pause. Alguém no Olimpo poderia apertá-lo, por gentileza?
Esse museu de ídolos vivos poderia, ao menos, receber visitação, e não ficar fechado para manutenção eterna. Chico Anysio, um gênio, foi-se embora muito magoado, pois certamente poderia ter produzido um humor melhor do que o da chamada nova geração — se é que podemos chamar de piadas as frases estúpidas que tomaram conta das praças nossas.
É muito perverso abandonar um ente querido, ainda mais às portas de completar 80 anos. O da poltrona costuma esquecer seus ídolos num click de controle remoto. Mas se solidariza na doença, como podemos constatar. Fica a dica para os poderosos que trancam seu patrimônio humano no almoxarifado. São uns trapalhões. Sem a menor graça.
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