Com pai analfabeto, estudante busca crescimento profissional e pessoal.
Construção civil foi a área que mais contratou nos últimos 10 anos.
A construção civil é um mercado que continua em expansão em Goiás, apesar de haver uma desaceleração do número de novas obras. Segundo levantamento do Instituto Mauro Borges, a área emprega mais de 95 mil pessoas no estado, quantia 184% maior do que há dez anos, por isso, é o ramo que mais contratou percentualmente neste período. Em busca de mudança de vida e de satisfação profissional, cada vez mais pessoas querem se inserir nesse mercado, tanto jovens estudantes quanto aqueles que já possuem uma graduação. Isso reflete no aumento da concorrência para ingressar em faculdades da área, como na Universidade Federal de Goiás, em que mais de 70 pessoas disputaram uma vaga no curso de engenharia civil no vestibular deste ano.
A ascensão profissional é possível e pode ser comprovada por exemplos de quem começou como servente de pedreiro e se tornou engenheiro. Este é o caso de Rui Ferreira da Silva Júnior, de 32 anos: “Mudou tudo na minha vida. Foi uma caminhada e um crescimento contínuo. Tudo o que apreendi em todas as funções que exerci eu posso colocar em prática”.
Por causa do pai, que é mestre de obras, Rui visita canteiros de obra desde pequeno. No entanto, ele não pensava em trabalhar na área até voltar da Inglaterra em 2005, após quatro anos morando no exterior. “Voltei para o Brasil com a intenção de regularizar meu visto e voltar para lá. Mas conversei com meus pais e resolvi ficar. Primeiro, fiz o supletivo para terminar o terceiro ano. Gostava de arquitetura, mas acabei optando pela engenharia porque tem mais exatas”, conta.
Assim que contou ao pai que queria prestar vestibular para engenharia, Rui, então com 26 anos, conseguiu o emprego como servente em uma obra. “Ele me disse que, se eu ia fazer engenharia, tinha que trabalhar em obra. Foi quando comecei a carregar saco de cimento. Sabia que não tinha me profissionalizado, então, encarava a profissão de servente como qualquer outra”, afirma.
Rui concluiu a graduação em 2012. No final do ano passado, após trabalhar 6 anos em canteiro de obras, ele pediu demissão para seguir na área que mais se identifica: projeto estrutural. “É bem complicado, mas foi minha decisão. Agora não tenho mais carteira assinada e nem recebo mensalmente, passei a ser um profissional liberal. Vai ser um período conturbado, estou em processo de adaptação, mas é o que eu gosto”, ressaltou.
O engenheiro também não parou de estudar. Atualmente, ele cursa uma pós-graduação de estruturas em geral. “Vi o quanto é importante o estudo. Nunca é demais, é um processo. A gente sempre está crescendo”, diz.
Satisfação profissional
Quem também não se cansa de estudar é Cleomar Rosário Vieira, de 34 anos, que cursa engenharia civil. Filho de pai analfabeto e de mãe que não terminou a 3ª série do ensino fundamental, ele sempre soube da importância de adquirir conhecimento. “De onde eu vim, não tinha muita expectativa. Nenhum dos meus dois irmãos terminaram o ensino fundamental. A única chance de mudar era por mim mesmo. Desde criança quis estudar, pois sabia que para me satisfazer como pessoa, ter visão de mundo, precisava de conhecimento”.
Quem também não se cansa de estudar é Cleomar Rosário Vieira, de 34 anos, que cursa engenharia civil. Filho de pai analfabeto e de mãe que não terminou a 3ª série do ensino fundamental, ele sempre soube da importância de adquirir conhecimento. “De onde eu vim, não tinha muita expectativa. Nenhum dos meus dois irmãos terminaram o ensino fundamental. A única chance de mudar era por mim mesmo. Desde criança quis estudar, pois sabia que para me satisfazer como pessoa, ter visão de mundo, precisava de conhecimento”.
Cleomar sempre precisou conciliar o estudo com o trabalho. Aos 20 anos, ele teve o primeiro contato com a engenharia civil, pois começou a trabalhar como almoxarife, profissional responsável pela distribuição de equipamentos, da entrada e saída de ferramentas e materiais. Desde então, ele quis cursar engenharia civil. No entanto, não podia porque o curso era integral. Assim, ele cursou saneamento ambiental no Instituto Federal Goiano.
Para estagiar e trabalhar na área que se formou, Cleomar deixou a construção civil por dois anos. Mas em 2006 acabou retornando. Atualmente, ele trabalha como analista de qualidade de obra.
Buscando um trabalho que se identificasse, o técnico decidiu, em 2010, voltar para a faculdade e cursar engenharia civil durante a noite. Para isso, Cleomar, que é casado e pai de uma menina de 1 ano, tem que se desdobrar.
“A rotina é puxada. Acordo antes das 6h e volto para casa só depois da aula, por volta das 22h, e ainda vou brincar com a minha filha, que gruda em mim. Vou dormir só meia-noite. Faço no ritmo possível”, conta.
Desde que entrou na construção civil, por causa do acúmulo de conhecimento, o salário de Cleomar aumentou 245%. Com a conclusão do curso, a expectativa é de que aumente 600% em relação aos R$ 900 que ganhava quando começou como almoxarife.
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