O policial não encontrou nada no sistema da polícia, mas ficou intrigado com o nome diferente e resolveu buscar também na internet.
F
Você acredita no acaso? O Fantástico mostra uma história surpreendente, que tem um final inesperado. Início da história: um policial resolve parar um caminhão que tinha acabado de fazer uma ultrapassagem proibida na estrada.
Região de Campina Grande, Paraíba. O trecho da BR-230 é conhecido pelas ultrapassagens perigosas. “Estávamos atrás do caminhão dele quando ele fez a ultrapassagem nessa ladeira e mais à frente nós o abordamos”, lembra o policial rodoviário federal Gustavo Grisi.
Trabalhando na boleia do caminhão há 30 anos, Sidor Albrecht estava com pressa naquela quinta-feira, 04 de dezembro. O frete entre Marabá e Campina Grande estava quase terminando. Foram três dias de viagem, quase 1,8 mil quilômetros. E ele fez uma ultrapassagem proibida na faixa dupla. “Falei para o guarda: ‘Estou errado, pode multar, não tem problema não’”, afirma.
A multa foi aplicada na hora: R$ 957. E quando a notificação acontece assim, na estrada, os policiais precisam se comunicar por rádio com a base para fazer uma checagem dos documentos - tanto do motorista, quanto do veículo. Foi aí que as surpresas começaram.
O policial não encontrou nada no sistema da polícia, mas ficou intrigado com o nome diferente e resolveu buscar também na internet. “Quando eu fiz a consulta, surgiram alguns resultados. Mas somente um chamou a minha atenção, que foi aquela mensagem que dizia: ‘Estou à procura do meu pai’”, conta o policial rodoviário Daniel Pereira.
Era uma mensagem publicada dois anos antes em um fórum de pessoas desaparecidas. “Quando eu vi a mensagem dela, também lembrei da minha história. Nos últimos 20 anos eu também estive à procura do meu pai, então eu sei o que aquela moça estava passando. Eu encontrei o meu pai esse ano”, diz Daniel.
A autora da mensagem é de Fortaleza. Vitória Albrecht, uma jovem de 17 anos, que foi mãe aos 15. Estava grávida quando escreveu e sentia falta do pai que não conhecia. “Já tinha até me esquecido que eu tinha botado. Pensava que era mentira quando ligaram”, conta.
A mensagem sensibilizou o policial. “O que a Vitória fez foi como escrever um bilhete, colocar em uma garrafa e lançar no mar. E a gente teve a sorte de encontrar essa garrafa”, conta Daniel.
Seu Sidor, que já tinha assinado a multa e sido liberado, foi chamado de volta. Pelo rádio, ouviu a mensagem lida pela policial da base Soraya: “Gente, eu sou a Vitória, tenho 15 anos. Moro em Fortaleza, procuro o meu pai Sidor Albrecht. Ele é caminhoneiro, há anos eu venho tentando encontrá-lo”, dizia a voz no rádio.
Era a notícia da filha que ele não viu crescer porque ficou 15 anos sem contato.
No fim da década de 90, Sidor terminou o primeiro casamento, no estado do Mato Grosso. Nas viagens pelo Brasil, o caminhoneiro se envolveu com a mãe biológica de Vitória em Fortaleza. Ela nasceu, mas a relação não foi para frente. Sidor se casou de novo no Mato Grosso.
A mãe de Vitória deixou a bebê no Ceará com sua irmã, Socorro, e foi trabalhar em Santa Catarina. Maria Socorro Alexandre assumiu a criação de Vitória. “A mãe da Vitória de verdade sou eu. Eu criei ela”, se emociona.
Nessa 'troca de mães', o pai - que estava longe - foi perdendo contato com a filha. “Eu parei de viajar para o Nordeste. A última vez que eu vi ela foi quando ela tinha dois anos. Depois eu mudei de emprego, a empresa não viajava para cá e daí eu fui perdendo o contato”, lembra Sidor.
Dona Socorro e a família mudaram de casa, a comunicação ficou ainda mais difícil. “Ele ligava em um telefone comunitário aqui na outra rua e não chegava aqui o recado”, ressalta Socorro.
Mas na mensagem da internet, Vitória colocou seus números de telefone. Depois de 15 anos, Sidor finalmente conseguiu ligar para a filha.
Sidor: A primeira instância que eu liguei, eu nem consegui falar.
Vitória: A pessoa não falou, ficou só escutando. Eu falei: ‘Vá para a casa do’ lá, eu peguei e desliguei.
Sidor: Eu liguei de novo, e ela: ‘Quem está falando?’. Eu disse: ‘Quem é a pessoa que você quer conhecer muito?’.
Vitória: Veio na mente: meu pai!
Sidor: Ela chorou muito, e eu também chorei junto com ela.
Vitória: Acho que ele já me ligou umas 300 vezes nesses dias. Ele não para. É de hora em hora.
Vitória: A pessoa não falou, ficou só escutando. Eu falei: ‘Vá para a casa do’ lá, eu peguei e desliguei.
Sidor: Eu liguei de novo, e ela: ‘Quem está falando?’. Eu disse: ‘Quem é a pessoa que você quer conhecer muito?’.
Vitória: Veio na mente: meu pai!
Sidor: Ela chorou muito, e eu também chorei junto com ela.
Vitória: Acho que ele já me ligou umas 300 vezes nesses dias. Ele não para. É de hora em hora.
Mas até aqui, o reencontro só tinha sido por telefone. Depois da primeira ligação, Sidor descarregou o caminhão em Campina Grande e foi para João Pessoa conseguir um novo frete: dessa vez para Fortaleza. “Para conhecer a minha filha”, conta Sidor. “Hoje eu estou muito feliz porque vou rever minha filha”, comemora.
Apenas um dia de estrada e ele chegou à cidade da filha, Vitória. Sidor fez uma caminhada bem rápida até a casa da filha, em um bairro da periferia de Fortaleza. A ansiedade foi muito grande. “Não vejo a hora de poder encontrar ela e dar um abraço”, conta.
Momentos antes do reencontro, Sidor não consegue segurar a emoção. Logo o avô conhece o netinho. “Agora o vô tem um netinho também”, brinca.
Sidor é grato a Dona Socorro, a mãe que não é biológica, mas criou Vitória com todo amor. “Você cuidou bem da minha filha”, diz Sidor.
“Daqui para frente quero que ele me dê bastante amor, que ele nunca mais separe de mim. Passou muito tempo longe. Só isso”, diz Vitória.
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2556864432713944326#editor/src=header
Nenhum comentário:
Postar um comentário