Maria Eloiza, 49 anos, só concluiu ensino fundamental aos 20 anos de idade. Hoje ela compõe a equipe de ensino da Educação de Jovens e Adultos
Apiauiense Maria Eloiza da Silva Monteiro, 49 anos, teve todos os motivos para estar entre os 13 milhões de analfabetos que ainda existem no Brasil. Mas a mulher de corpo franzino e sorriso fácil não se entregou às dificuldades e lutou bravamente em busca de estudo. Enquanto boa parte dos jovens aos 20 anos já está na universidade, Eloiza concluía o ensino fundamental e somente aos 38 anos conseguiu diploma de curso superior e hoje é professora.
Natural da comunidade Pequizeiro, zona rural de Campo Maior, a 86 km de Teresina, ela foi abandonada pelo pai quando tinha apenas oito anos. Eloiza e outros cinco irmãos ficaram sob os cuidados da mãe, que foi obrigada a dividir os filhos com parentes próximos porque não tinha condições de criá-los.
Mesmo com as dificuldades, a menina Eloiza foi matriculada no grupo escolar que existia na comunidade, mas depois parou e teve que ir morar na capital. Em Teresina, ela morou com uma tia e conseguiu concluir a 4ª série do ensino fundamental somente aos 15 anos.
“Eu vim morar com essa tia minha e ainda consegui concluir o ensino fundamental menor, mas depois não deu mais certo e tive que voltar para Campo Maior”, disse. De volta à cidade natal, ela conta que passou a morar na casa da madrinha, onde cuidava das crianças e por isso não podia estudar durante o dia.
Foi aí que Eloiza se matriculou no extinto Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), vinculado ao antigo Departamento de Ensino Supletivo (Desu). Quatro anos depois ela conseguiria, enfim, terminar a 8ª série do ensino fundamental. “Guardo com orgulho o meu certificado, todo amarelinho. Consegui concluir o ensino fundamental em 1985, já com meus 20 anos”, relembra a professora.
Primeiro emprego
Com o certificado conquistado, Eloiza decidiu sair em busca de emprego e veio para Teresina. Ela conta que seu avô havia sido vaqueiro da família do então secretário de educação da época, e por isso o procurou para pedir serviço. “Eu me apresentei e disse a ele que tinha vindo pedir um emprego. Ele sorriu e falou que emprego ali só nas mãos dos políticos. Mas dias depois ele pediu para que eu trouxesse meus documentos e eu vim trazendo o meu certificado do supletivo. Foi aí que eu consegui um emprego de auxiliar de secretaria em 1986”, relatou.
Mesmo feliz com o emprego na Secretaria de Educação do Estado, Eloiza não parou de estudar e continuou em busca de qualificação. Um pouco mais tranquila financeiramente por causa do emprego, ela resolveu se matricular para estudar o ensino médio aos finais de semana em Campo Maior, também na modalidade supletivo.
Professora de jovens e adultos
“Eu trabalhava a semana inteira aqui na Seduc em Teresina e no fim de semana ia para Campo Maior estudar o ensino médio, pois lá podia ver minha mãe e meus irmãos. Foram quatro anos nessa rotina”, conta. Em 1990, Eloiza concluiu o ensino médio e foi mudada de função na secretaria, passando a ser professora em uma escola.
No ano de 1999, a piauiense realizou mais um sonho na sua escalada educacional. Foi aprovada no vestibular de pedagogia na Universidade Federal do Piauí, onde se formou em 2003, já com 38 anos. Neste mesmo ano, Eloiza foi convidada para compor a equipe de ensino da Unidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Seduc, cargo onde permanece até hoje contribuindo orgulhosamente com a modalidade de ensino em que estudou boa parte da vida.
“Existem muitas Eloizas por aí que não tiveram oportunidade. Na minha concepção, a política pública ainda precisa avançar na educação de jovens e adultos. Nessa equipe pude aprender muito e por ter passado por esse tipo de modalidade de ensino eu defendo que ela não é um ensino ruim”, falou.
Com formação superior, funcionária efetiva do estado e do município de Teresina, a piauiense que lutou contra a pobreza não esquece suas raízes e destaca o amor pela família. “Sempre vou a comunidade do Pequizeiro, me sinto ótima quando estou lá. Graças a Deus todos nós da família superamos as dificuldades. Hoje sou uma pessoa feliz por tudo que conquistei”, conta.
De acordo com a diretora interina da Unidade de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Conceição Marreiros, a modalidade está presente em 350 escolas da rede estadual e cerca de 60 mil alunos são atendidos atualmente. “Antigamente existia mais preconceito com relação a esse tipo de ensino, mas hoje não, as pessoas estão buscando onde tiver. A EJA é uma política de inclusão e um direito das pessoas”, concluiu.
Fonte: JL/G1PI
Natural da comunidade Pequizeiro, zona rural de Campo Maior, a 86 km de Teresina, ela foi abandonada pelo pai quando tinha apenas oito anos. Eloiza e outros cinco irmãos ficaram sob os cuidados da mãe, que foi obrigada a dividir os filhos com parentes próximos porque não tinha condições de criá-los.
Mesmo com as dificuldades, a menina Eloiza foi matriculada no grupo escolar que existia na comunidade, mas depois parou e teve que ir morar na capital. Em Teresina, ela morou com uma tia e conseguiu concluir a 4ª série do ensino fundamental somente aos 15 anos.
“Eu vim morar com essa tia minha e ainda consegui concluir o ensino fundamental menor, mas depois não deu mais certo e tive que voltar para Campo Maior”, disse. De volta à cidade natal, ela conta que passou a morar na casa da madrinha, onde cuidava das crianças e por isso não podia estudar durante o dia.
Foi aí que Eloiza se matriculou no extinto Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), vinculado ao antigo Departamento de Ensino Supletivo (Desu). Quatro anos depois ela conseguiria, enfim, terminar a 8ª série do ensino fundamental. “Guardo com orgulho o meu certificado, todo amarelinho. Consegui concluir o ensino fundamental em 1985, já com meus 20 anos”, relembra a professora.
Primeiro emprego
Com o certificado conquistado, Eloiza decidiu sair em busca de emprego e veio para Teresina. Ela conta que seu avô havia sido vaqueiro da família do então secretário de educação da época, e por isso o procurou para pedir serviço. “Eu me apresentei e disse a ele que tinha vindo pedir um emprego. Ele sorriu e falou que emprego ali só nas mãos dos políticos. Mas dias depois ele pediu para que eu trouxesse meus documentos e eu vim trazendo o meu certificado do supletivo. Foi aí que eu consegui um emprego de auxiliar de secretaria em 1986”, relatou.
Com o certificado conquistado, Eloiza decidiu sair em busca de emprego e veio para Teresina. Ela conta que seu avô havia sido vaqueiro da família do então secretário de educação da época, e por isso o procurou para pedir serviço. “Eu me apresentei e disse a ele que tinha vindo pedir um emprego. Ele sorriu e falou que emprego ali só nas mãos dos políticos. Mas dias depois ele pediu para que eu trouxesse meus documentos e eu vim trazendo o meu certificado do supletivo. Foi aí que eu consegui um emprego de auxiliar de secretaria em 1986”, relatou.
Mesmo feliz com o emprego na Secretaria de Educação do Estado, Eloiza não parou de estudar e continuou em busca de qualificação. Um pouco mais tranquila financeiramente por causa do emprego, ela resolveu se matricular para estudar o ensino médio aos finais de semana em Campo Maior, também na modalidade supletivo.
Professora de jovens e adultos
“Eu trabalhava a semana inteira aqui na Seduc em Teresina e no fim de semana ia para Campo Maior estudar o ensino médio, pois lá podia ver minha mãe e meus irmãos. Foram quatro anos nessa rotina”, conta. Em 1990, Eloiza concluiu o ensino médio e foi mudada de função na secretaria, passando a ser professora em uma escola.
“Eu trabalhava a semana inteira aqui na Seduc em Teresina e no fim de semana ia para Campo Maior estudar o ensino médio, pois lá podia ver minha mãe e meus irmãos. Foram quatro anos nessa rotina”, conta. Em 1990, Eloiza concluiu o ensino médio e foi mudada de função na secretaria, passando a ser professora em uma escola.
No ano de 1999, a piauiense realizou mais um sonho na sua escalada educacional. Foi aprovada no vestibular de pedagogia na Universidade Federal do Piauí, onde se formou em 2003, já com 38 anos. Neste mesmo ano, Eloiza foi convidada para compor a equipe de ensino da Unidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Seduc, cargo onde permanece até hoje contribuindo orgulhosamente com a modalidade de ensino em que estudou boa parte da vida.
“Existem muitas Eloizas por aí que não tiveram oportunidade. Na minha concepção, a política pública ainda precisa avançar na educação de jovens e adultos. Nessa equipe pude aprender muito e por ter passado por esse tipo de modalidade de ensino eu defendo que ela não é um ensino ruim”, falou.
Com formação superior, funcionária efetiva do estado e do município de Teresina, a piauiense que lutou contra a pobreza não esquece suas raízes e destaca o amor pela família. “Sempre vou a comunidade do Pequizeiro, me sinto ótima quando estou lá. Graças a Deus todos nós da família superamos as dificuldades. Hoje sou uma pessoa feliz por tudo que conquistei”, conta.
De acordo com a diretora interina da Unidade de Educação de Jovens e Adultos da Seduc, Conceição Marreiros, a modalidade está presente em 350 escolas da rede estadual e cerca de 60 mil alunos são atendidos atualmente. “Antigamente existia mais preconceito com relação a esse tipo de ensino, mas hoje não, as pessoas estão buscando onde tiver. A EJA é uma política de inclusão e um direito das pessoas”, concluiu.
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