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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

ESPECIALISTAS CRITICAM "JEITINHO" DE ESCOLAS CEARENSES PARA IMPULSIONAR ÍNDICE NO ENEM.

As três escolas cearenses no top 10 nacional usaram alunos que fizeram parte do Ensino Médio em outros colégios. A garimpagem burla ranking. Dentre as dez instituições de ensino com as melhores médias no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014, a metade possui baixo índice de permanência. Isso mostra que o aluno que prestou a prova não fez todo o Ensino Médio no colégio. É uma estratégia para impulsionar o índice que foi usada por Farias Brito Central, Christus Pré-Universitário e Ari de Sá Major Facundo, posicionados no top 10 do ensino nacional.

O ranking foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta quarta-feira (7). O índice gerou polêmica entre escolas particulares, já que muitas instituições com as melhores médias no Enem apresentam estudantes com período de permanência inferior a 20%.

Para o professor integrante do Comitê Ceará da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Idevaldo Bodião, não é novidade que grandes escolas do país convidem bons alunos de escolas menores ou de escolas públicas para cursarem o terceiro ano em uma de suas sedes. “O desenho é fácil: você convida um grupo desses alunos e faz uma turma especial com eles. Mesmo com, quem sabe, um prejuízo financeiro, essa escola vai ter a propaganda do final do ano garantida”, aponta.

Para Idevaldo, o índice divulgado é um alerta para pais e alunos que pretendem escolher uma instituição de ensino para se prepararem para o vestibular. “Acho importante o governo divulgar esse tipo de dado, assim, pais e alunos passam a compreender que as médias cruas não evidenciam a realidade completa. Você deve ir além, ver outros indicadores, antes de tomar uma decisão”, enfatiza.
O Enem 2014 por escola acabou por revelar o quadro preocupante da indústria do resultado que se instalou no país por completo. Deixando um questionamento importante, estamos preparando nossos jovens para a vida ou para uma prova específica? Para Bodião, o quadro exige atenção.

“Qual o grande complicador de tudo isso? Exames como a Prova Brasil, a Provinha Brasil, o Encceja e o próprio Enem passam a definir o CURRÍCULO das escolas. A secretaria de educação do Estado de São Paulo, por exemplo, eliminou, em 2013, as matérias de ciência, história e geografia da grade curricular. E para quê? Para que os alunos se dedicassem a matemática e português, matérias que são avaliadas”, aponta.

“Isso é perverso, não podemos transformar a nossa matriz pedagógica num processo de “treinamento”. Para mim, a escola tem o objetivo de preparar para o desenvolvimento pleno e para a participação cidadã desses jovens”, finaliza.

Fonte: Tribuna do Ceará/VIA,jornal da parnaíba

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