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sábado, 15 de agosto de 2015

SOBRE A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE SAÚDE CAMOCIM-CE.

Hoje participei da VI Conferência Municipal de Saúde, que aconteceu pela manhã, na Associação Comercial de Camocim. Lamentei um pouco o fato de não poder ser delegada dessa vez, já que não fui informada (e talvez não pudesse estar presente de qualquer jeito) sobre as pré-conferências daqui, mas enfim, foi ótimo! Pude ver debates, aplicações na prática de conceitos que já estudei em um ano de Medicina. 

Cabe ressaltar que foi nas conferências de Saúde, especialmente na VIII Nacional de 1986, que começou a se construir o SUS como o conhecemos hoje, então o espaço de conferências deve ser muito valorizado! Isso vai além da Dilma, do Lula, do FHC, do Aécio, de qualquer político que a gente veja na TV: foi construção popular, fruto de mobilização social.

Estavam presentes alguns representantes de secretarias municipais, vereadores, representantes do Conselho Municipal e Estadual de Saúde, a representante da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e a Prefeita Mônica. Alguns desses fizeram parte da mesa da solenidade de abertura da conferência, e fiz questão de anotar expressões-chave (e inúmeras outras coisas, quem me conhece sabe que eu rabisco muito). Ah, devo registrar também a presença de vários estudantes da EEEP. Eu imagino que eles devam ser do Curso Técnico em Enfermagem, mas ficaria pessoalmente feliz se outros cursos e outras escolas de ensino médio, como o Liceu, fossem convidados. A Banda Lira de Camocim e o Grupo de Teatro Lua Cheia, do CAPS, realizaram apresentações legais  também.

O que conheço sobre o SUS (que defendo, apesar de suas falhas) eu devo à minha Faculdade. Nunca estive muito presente em Unidades Básicas de Saúde (os postos), nem em hospitais em Camocim. E a realidade que eu conheço (com alguma propriedade) é a de Parnaíba, onde eu estudo. Então, não tenho muito como falar sobre como as coisas funcionam (ou se não funcionam) por aqui.

Achei interessante quando as autoridades presentes se referiram ao acolhimento para além do que aparentemente as equipes das UBSs podem oferecer, em termos de equipamentos, estrutura física e trabalhadores. Acolher, receber bem, oferecer escuta qualificada às necessidades dos Usuários das Redes de Atenção à Saúde, dar resolutividade às demandas apresentadas. É assim que tem que ser.
É verdade que o Município investe em Saúde um valor superior ao previsto na CF/88 e na LOF?! Sério?! Sério gente, eu entendo pouco desse assunto - haha. Onde que eu posso ver isso? Sendo verdade, vou me orgulhar muito de poder me formar e vir trabalhar na minha cidade, que terá uma boa estrutura nos seus serviços ofertados.

Por outro lado, algumas das pessoas presentes se referiram àquele momento como um MEGA evento. Ok, é importante, e tal, mas como estudante da área, e principalmente como cidadã,  acho que se a divulgação desse espaço de construção de propostas fosse feita com maior antecedência e amplitude, os camocinenses poderiam ser muito melhor representados, o evento realmente seria um MEGA evento, e assim, poderíamos realmente cuidar de todas as pessoas. Cuidado é uma palavra-chave!

A Palestra Magna realizada pela Dra Ione, trouxe alguns termos que eu posso destacar. A interdisciplinaridade, equipes multiprofissionais, articulação entre saberes e práticas diversos, superação de iniquidades, a presença de um olhar psicossocial sobre as necessidades das populações de diferentes territórios, a importância de a população entender e fazer cumprir seu papel de agente transformador da realidade. Foi citada a importância da Atenção Primária em Saúde como coordenadora das redes de saúde, com potencial de resolver 90% dos problemas que chegam a ela. Também falaram de linha de cuidado, tecnologias leves, leves-duras, duras, referência e contrarreferência, tripla carga de doenças (a Ione só esqueceu de dizer que algumas doenças transmissíveis manifestam-se cronicamente, mas ok, detalhinho só) e foi ressaltado que é muito difícil falar sobre higiene para pessoas que convivem sem saneamento, bem como falar de alimentação saudável pra quem nem sabe o que vai comer. Triste realidade. Os princípios e diretrizes do SUS também foram expostos e eu fiquei contente por ter conseguido acompanhar toda a discussão.

Depois disso, foram realizados trabalhos em grupo para definir as propostas para o município construir sua política (plano? programa? não lembro) de Saúde e encaminhar também para Fortaleza, para a construção do Documento Estadual das Conferências de Saúde. Posteriormente, houve a eleição dos delegados e ao fim houve a apresentação das propostas elaboradas por cada GT. Eram 08.

Foi um momento em que eu pude aplicar diversos conhecimentos que adquiri. Aprendo muito com isso. Só lamento imensamente que tanta gente desconheça a realização desses momentos tão importantes no nosso estado democrático de direito. O povo reclama que não pode participar. Pode. O povo se queixa que não tem espaço. Tem. O povo diz que política é tudo besteira. Não é. O que eu lamento também é que os canais de comunicação do Conselho não alcancem tanto a população, ou quase não alcancem mesmo, é realmente uma pena. Deviam fazer uma parceria com os blogs da cidade, esses conselhos tanto de saúde, como de educação, tutelar, etc. É mais fácil dar um jeitinho de comunicar melhor a existência e funcionamento desses espaços do que esperar que parcela significativa da população vá atrás disso. Temos rádio, blogs, youtube. Fica a dica.

Anannandy Cunha - acadêmica do curso de Médicina da UFPI Parnaíba (PI)

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