Maria Augusta Silva dos Anjos, que recebeu o coração de Eloá. "O transplante me salvou"
Às 23 horas, do dia 18 de outubro de 2008, a voz da apresentadora do
telejornal anunciou para a família Silva dos Anjos que Eloá Pimentel, 15
anos, tinha morrido.
A garota não sobreviveu após ser atingida por tiros disparados pelo
ex-namorado Lindemberg Alves. Durante 4 dias, ele manteve o revólver
apontado para a jovem, em um dos cárceres privados mais longos da
história de São Paulo.
Sessenta minutos depois da notícia ecoar no apartamento da zona sul
paulistana, a música gospel “Eu tenho um chamado” vibrou do celular de
Maria Augusta Silva dos Anjos.
“Tinha acompanhado pela TV e pela internet todo o sequestro da Eloá.
Orei muito por aquela menina. Chorei quando soube que ela morreu. Estava
exausta, triste e, apesar de não desgrudar do telefone, deixei o
aparelho em cima da mesa e fui tomar um banho para relaxar”, lembra
Maria Augusta.
As razões para o cansaço – e para tanto apego ao celular – eram as mesmas. Maria Augusta sofria de um problema grave no coração
desde o nascimento. A doença deixava o fôlego curto, gerava desmaios
constantes e dava a ela uma expectativa de vida reduzida. Tinha 39 anos
na época e já estava na fila de espera para um transplante havia 2 anos e 4 meses.
“Eu ficava em sobressalto, grudada no telefone, na torcida para que o
médico ligasse com a boa notícia de que meu doador tinha aparecido.”
O assassinato de Eloá – que hoje é julgado pelo segundo dia no Fórum de Santo André (ABC Paulista)
– coincidiu com o início de uma vida que Maria Augusta nunca tinha
saboreado: sem medicamentos e com privações até para beber água.
“Mas a informação de que o coração daquela garota, tão bonita e tão
jovem, seria doado para mim deu um misto de sensações confusas”, lembra
em retrospectiva Maria Augusta, após três anos e quatro meses do
transplante.
“Eu estava muito feliz, mas ao mesmo tempo não conseguia esquecer a
dor daquela mãe que perdeu a filha para a violência. Tinha poucas
chances de sobreviver, talvez aquela fosse a única. Parti para o
hospital Beneficência Portuguesa e, no caminho, rezei por aquela família
e por mim.”fonte guia camocim/cacmocim belo mar blog
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