Correspondente da TV Globo no Japão, Roberto Kovalick fala sobre sua rotina no país, onde cobriu até um terremoto, em 2011
Correspondente no Japão há três anos e meio, Kovalick exalta a experiência de vida adquirida com a função
Roberto Kovalick já comeu, de sobremesa, sorvete de chá verde com calda de feijão. E aprendeu a gostar. Frango cru ele também já provou, mas diz que é ruim demais. Usou loção para os pés durante um mês achando que era desodorante, e já apontou qualquer coisa no cardápio ao pedir comida em um restaurante, sem saber o que comeria ou quanto pagaria por aquilo.
Isso tudo é apenas parte das experiências do jornalista no Japão, onde, há cerca de três anos e meio, dá expediente como correspondente da TV Globo. De férias no Brasil no mês passado, ele falou sobre o quanto tem aprendido no país asiático e sobre algumas coberturas emblemáticas, como a do terremoto que atingiu o norte do Japão, em 2011, provocando um acidente nuclear.
O gaúcho começou a carreira na RBS, antes de vir para o Rio de Janeiro para trabalhar na TV Globo. Depois de 10 anos, mudou-se para Brasília, onde ficou por seis anos, até estrear como correspondente em Nova York. Enquanto ainda trabalhava nos Estados Unidos, foi passar as férias no Japão e ficou encantado com o país. Na época, chegou a comentar com colegas que adoraria ir morar no país, mas era praticamente impossível, já que o escritório da TV Globo na Ásia ficava na China.
"Eu nem tinha esperança, porque o Japão é uma cidade cara. Manter uma estrutura lá custaria dez vezes mais do que na China. Mas aí, três ou quatro meses depois, fui chamado para reunião e fiquei sabendo que a Globo estava desenvolvendo projeto para abrir escritório em Tóquio em parceria com a IPC TV, afiliada que já tinha estúdio, cinegrafista, equipamentos e tudo mais".
Desafios
Tragédia. Kovalick e equipe posam trabalhando no dia seguinte à tsunami que atingiu o norte do Japão em 2011
Roberto Kovalick já comeu, de sobremesa, sorvete de chá verde com calda de feijão. E aprendeu a gostar. Frango cru ele também já provou, mas diz que é ruim demais. Usou loção para os pés durante um mês achando que era desodorante, e já apontou qualquer coisa no cardápio ao pedir comida em um restaurante, sem saber o que comeria ou quanto pagaria por aquilo.
Isso tudo é apenas parte das experiências do jornalista no Japão, onde, há cerca de três anos e meio, dá expediente como correspondente da TV Globo. De férias no Brasil no mês passado, ele falou sobre o quanto tem aprendido no país asiático e sobre algumas coberturas emblemáticas, como a do terremoto que atingiu o norte do Japão, em 2011, provocando um acidente nuclear.
O gaúcho começou a carreira na RBS, antes de vir para o Rio de Janeiro para trabalhar na TV Globo. Depois de 10 anos, mudou-se para Brasília, onde ficou por seis anos, até estrear como correspondente em Nova York. Enquanto ainda trabalhava nos Estados Unidos, foi passar as férias no Japão e ficou encantado com o país. Na época, chegou a comentar com colegas que adoraria ir morar no país, mas era praticamente impossível, já que o escritório da TV Globo na Ásia ficava na China.
"Eu nem tinha esperança, porque o Japão é uma cidade cara. Manter uma estrutura lá custaria dez vezes mais do que na China. Mas aí, três ou quatro meses depois, fui chamado para reunião e fiquei sabendo que a Globo estava desenvolvendo projeto para abrir escritório em Tóquio em parceria com a IPC TV, afiliada que já tinha estúdio, cinegrafista, equipamentos e tudo mais".
Desafios
Tragédia. Kovalick e equipe posam trabalhando no dia seguinte à tsunami que atingiu o norte do Japão em 2011
A primeira barreira para a adaptação, segundo o jornalista, é mesmo a língua. Ele explica que, no início, é preciso lidar com a realidade de ser analfabeto, já que quase tudo é escrito com o alfabeto japonês. Em supermercados e restaurantes, já se meteu em algumas roubadas. Hoje, consegue manter conversas básicas e ler, em japonês, o nome do seu bairro e da cidade de Tóquio.
"No escritório a gente fala português, o que acaba dificultando meu aprendizado. Para o básico, eu me viro. Mas, às vezes, quando a pessoa não fala nada de inglês, complica. Aí, pego o telefone, ligo para alguém da IPC, às vezes nos horários mais terríveis, e peço: ´Fala aqui com o motorista de táxi, por favor?´. E a pessoa faz a tradução por telefone", conta.
Pontos positivos
Se a língua complica a vida do estrangeiro morando em Tóquio, o alto nível de organização da sociedade japonesa facilita. Kovalick e sua mulher adotaram uma frase que explica um pouco essa situação: "Se está difícil, você está fazendo errado".
Tudo é feito para funcionar direito, do transporte público à pontualidade em todo e qualquer compromisso. A segurança e a honestidade são outras características positivas apontadas pelo correspondente. Ele diz que, quando alguém deixa cair qualquer coisa na rua, seja uma caneta, um celular ou um relógio caríssimo, os passantes pegam o objeto do chão - para não correr o risco de quebrar - e colocam no muro mais próximo. Assim, quem perdeu só precisa refazer o caminho olhando as paredes.
Visão crítica
Mas é claro que embora esteja feliz do outro lado do mundo, o jornalista mantém sua visão crítica. "Claro que há coisas ruins. Uma delas é que a mulher é um cidadão de segunda classe no Japão. Além disso, essa expectativa de ter uma sociedade perfeita gera pressão social. E o japonês come baleia. Enfim, há muitas coisas que são inaceitáveis culturalmente para nós, mas acho mais proveitoso focar no que podemos aprender", diz.
Tensão
De fato, o terremoto e o acidente nuclear na usina atômica de Fukushima, no ano passado, foram responsáveis por ensinar muito ao jornalista, que passou, ele mesmo, por maus bocados. Kovalick fazia uma reportagem numa pequena cidade próxima a Kyoto, no sul do Japão, quando o terremoto aconteceu. O problema é que sua mulher estava em Tóquio, onde o impacto foi muito maior. As diversas horas que passou sem conseguir se comunicar com ela, ele diz, foram as mais difíceis.
"Fiquei muito sensibilizado durante todo o tempo. É muito difícil cobrir algo quando sua família está envolvida. Se fosse só a minha segurança, tudo bem. Mas quando sua esposa é uma potencial vítima, é muita coisa para lidar. Ela ainda ficou mais uma semana em Tóquio, mas quando o perigo nuclear ficou muito grande, foi para Cingapura ficar com alguns amigos. E eu já tinha seguido para Sendai, no norte, a cidade mais próxima do terremoto", conta..fonte:o globo/camocim belo mar blo
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"No escritório a gente fala português, o que acaba dificultando meu aprendizado. Para o básico, eu me viro. Mas, às vezes, quando a pessoa não fala nada de inglês, complica. Aí, pego o telefone, ligo para alguém da IPC, às vezes nos horários mais terríveis, e peço: ´Fala aqui com o motorista de táxi, por favor?´. E a pessoa faz a tradução por telefone", conta.
Pontos positivos
Se a língua complica a vida do estrangeiro morando em Tóquio, o alto nível de organização da sociedade japonesa facilita. Kovalick e sua mulher adotaram uma frase que explica um pouco essa situação: "Se está difícil, você está fazendo errado".
Tudo é feito para funcionar direito, do transporte público à pontualidade em todo e qualquer compromisso. A segurança e a honestidade são outras características positivas apontadas pelo correspondente. Ele diz que, quando alguém deixa cair qualquer coisa na rua, seja uma caneta, um celular ou um relógio caríssimo, os passantes pegam o objeto do chão - para não correr o risco de quebrar - e colocam no muro mais próximo. Assim, quem perdeu só precisa refazer o caminho olhando as paredes.
Visão crítica
Mas é claro que embora esteja feliz do outro lado do mundo, o jornalista mantém sua visão crítica. "Claro que há coisas ruins. Uma delas é que a mulher é um cidadão de segunda classe no Japão. Além disso, essa expectativa de ter uma sociedade perfeita gera pressão social. E o japonês come baleia. Enfim, há muitas coisas que são inaceitáveis culturalmente para nós, mas acho mais proveitoso focar no que podemos aprender", diz.
Tensão
De fato, o terremoto e o acidente nuclear na usina atômica de Fukushima, no ano passado, foram responsáveis por ensinar muito ao jornalista, que passou, ele mesmo, por maus bocados. Kovalick fazia uma reportagem numa pequena cidade próxima a Kyoto, no sul do Japão, quando o terremoto aconteceu. O problema é que sua mulher estava em Tóquio, onde o impacto foi muito maior. As diversas horas que passou sem conseguir se comunicar com ela, ele diz, foram as mais difíceis.
"Fiquei muito sensibilizado durante todo o tempo. É muito difícil cobrir algo quando sua família está envolvida. Se fosse só a minha segurança, tudo bem. Mas quando sua esposa é uma potencial vítima, é muita coisa para lidar. Ela ainda ficou mais uma semana em Tóquio, mas quando o perigo nuclear ficou muito grande, foi para Cingapura ficar com alguns amigos. E eu já tinha seguido para Sendai, no norte, a cidade mais próxima do terremoto", conta..fonte:o globo/camocim belo mar blo
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